No Brasil, onde, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 6% da população possui algum tipo de deficiência, apenas 0,89% dos sites atualmente no ar podem ser considerados acessíveis a todo cidadão. Esse número é resultado da terceira edição da pesquisa Acessibilidade da Web Brasileira, desenvolvida pela BigDataCorp. Apesar de representar uma melhora em relação aos resultados de 2020, que identificaram um percentual de 0,74% de sites acessíveis, o número ainda é menor que 1%.
A pesquisa verifica se os sites estão adaptados para garantir a acessibilidade do conteúdo. O estudo mostrou, por exemplo, que 77,28% dos sites não tinham links adaptados para serem lidos por leitores de tela, que são usados por deficientes visuais. Em 2020, esse percentual era de 93,65%.
Algumas adaptações simples para a acessibilidade, como a inclusão de uma descrição de texto para cada imagem do site, ainda não estão presentes na maioria dos sites testados na pesquisa. O estudo mostrou que 71,98% dos sites apresentaram problemas nesse quesito, representando uma pequena melhora em relação a 2020 (83,86%).
Marcos Alencar, Consultor de Acessibilidade da Sinal Link, empresa de consultoria em acessibilidade, aponta a falta de informação como um dos motivos para esse baixo nível de acessibilidade observado nos sites brasileiros. “As empresas que já têm um site em pleno funcionamento, indexado nas ferramentas de pesquisa e gerando negócios, postergam as adequações por acreditarem que o design do site será descaracterizado pelos ajustes de acessibilidade ou que para atender os requisitos de acessibilidade digital é necessário um gasto financeiro muito alto”, comenta.
Melhora relativa no cenário da acessibilidade digital
Um dos itens da pesquisa apresentou, inclusive, uma piora nos resultados em 2021. Um total de 70,84% dos sites apresentaram problemas na adaptação de formulários on-line, enquanto em 2020 esse número era de 55,19%.
Outro motivo que pode explicar a baixa acessibilidade da internet brasileira, segundo Alencar, é o desconhecimento específico sobre a forma como as pessoas com deficiência usam a internet. “Os sites precisam atender a necessidades específicas, por exemplo, o uso de leitores de tela para usuários com deficiência visual e navegação por teclado para pessoas com mobilidade reduzida.”
Apesar de os números continuarem baixos, considerando os 12 milhões de brasileiros com deficiência, o estudo concluiu que houve melhora relativa no cenário da acessibilidade digital nesta terceira edição. A pesquisa incluiu todos os tipos de sites: empresas, blogs, sites de notícias, entre outros conteúdos. Dos sites do governo, por exemplo, 10,54% se mostraram acessíveis em todos os testes, sendo que em 2020 esse número era de apenas 3,29%.
A expectativa para o próximo ano, segundo a BigDataCorp, é de que o panorama da acessibilidade dos sites continue melhorando, pois empresas que aderiram à presença on-line devido à pandemia precisam fazer essas adequações para se manterem competitivas. “A acessibilidade não deve ser pensada somente como um requisito obrigatório, mas uma parte dos processos diários. Quando a equipe da sua organização entende como fazer a acessibilidade em todas as dimensões, então poderemos dizer que temos uma empresa inclusiva e acessível”, aponta Alencar.
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