O Facebook anunciou nessa quarta-feira que vai comprar o serviço de mensagens instantâneas WhatsApp por US$ 16 bilhões. O valor é o maior já pago pelo Facebook em aquisições e representa um novo recorde em negociações envolvendo startups de base tecnológica. Serão US$ 4 bilhões em dinheiro e US$ 12 bilhões em ações da empresa. A notícia foi divulgada a partir de um documento entregue pela empresa de Mark Zuckerberg à Securites and Exchange Comission (SEC), comissão responsável por fiscalizar as atividades das companhias abertas dos Estados Unidos.
A rede social vai pagar ainda um adicional de US$ 3 bilhões, em ações que serão distribuídas como doação aos empregados e fundadores do aplicativo de mensagens ao longo dos próximos quatro anos. Incluindo as ações doadas aos funcionários, a negociação representa o equivalente a US$ 345 milhões para cada um dos atuais 55 empregados da empresa.
O Whatsapp tem mais de 450 milhões de usuários mensais, com 70% deles ativos diariamente. É como se o Facebook estivesse disposto a pagar cerca de US$ 40 por usuário.
O aumento do uso de aplicativos de mensagem preocupa as operadoras de telefonia no mundo, que ameaçam as receitas com o serviço de SMS. Segundo estudo da empresa de pesquisa Strategy Analytics, divulgado em janeiro, a receita com mensagens das operadoras globais caiu pela primeira vez no ano passado, atingindo US$ 104 bilhões, baixa de 4% na comparação com 2012. A previsão é de uma queda de 20% até 2017.
“O WhatsApp está a caminho de conectar 1 bilhão de pessoas. Serviços com esse alcance são, todos, incrivelmente valiosos”, disse o fundador e diretor-executivo do Facebook, Mark Zuckeberg. “Conheço Jan há muito tempo e estou muito animado em me juntar a ele e a sua equipe para tornar o mundo mais aberto e conectado”, acrescentou, em referência a Jan Koum, o diretor-executivo do WhatsApp, que agora se junta ao Facebook como executivo e vai integrar o conselho diretor da rede social.
As duas empresas estariam negociando há dois anos, mas o fechamento da transação teria ocorrido no último fim de semana.
O Facebook prometeu manter a marca e o serviço WhatsApp, e se comprometeu a pagar uma multa de US$ 1 bilhão em dinheiro, mais US$ 1 bilhão em ações, caso o acordo não seja cumprido. As ações do Facebook caíam 5%, para US$ 64,70 no after market, após ter fechado perto dos US$ 68,06 dólares na Nasdaq, ontem.
História
Jan Koum e Brian Acton, dois ex-executivos do Yahoo, fundaram o WhatsApp em 2009. Acton ficou responsável pelos servidores, enquanto Koum se ocupou do produto, garantindo que aparência e funcionalidade fossem as mesmas em diferentes smartphones e sistemas operacionais.
Koum e Acton disseram querer tornar as mensagens acessíveis a todos, independente do telefone que usassem, onde vivessem ou de quanto dinheiro tivessem para gastar. Além disso, a dupla se recusou a vender permitir anúncios no aplicativo, com a justificativa de que isso distrairia os usuários das conversas no WhatsApp.
Dois anos depois da fundação, o WhatsApp recebeu cerca de US$ 10 milhões em aporte e, rapidamente, se tornou lucrativo. Enquanto isso, o Facebook se esforçava para ganhar eficiência em mensagens. Zuckerberg tentou adquirir o SnapChat no ano passado, com uma oferta de US$ 3 bilhões, mas a empresa recusou a proposta. Enquanto o Facebook Messenger, a plataforma de mensagens da empresa, é popular entre os usuários da rede social, tentativas recentes de criar o próprio serviço de mensagens diretas fracassaram.