Em 4 de janeiro, a Samsung Electronics realizou uma coletiva de imprensa na qual anunciou o tema de sua próxima apresentação na CES: “Trazendo tranquilidade ao nosso mundo conectado”. No dia seguinte, a Samsung Newsroom reuniu-se com Federico Casalegno, vice-presidente executivo de design, chefe do Samsung Design Innovation Center, Mark Benson, chefe da Samsung SmartThings U.S. e Inhee Chung, vice-presidente do Corporate Sustainability Center, para saber mais sobre a abordagem da Samsung em 2023.
Continue lendo para saber mais sobre como a filosofia da Samsung de priorizar experiências conectadas mais integradas está impulsionando a inovação por trás de seus produtos mais recentes.
Na coletiva de imprensa, a Samsung anunciou que o tema da CES 2023 é “Trazendo calma ao nosso mundo conectado”. Conte-nos um pouco mais sobre o significado e a intenção implícitos no tema?
[Federico Casalegno] O tema realmente engloba a ideia de trazer mais organização para o crescente ecossistema de dispositivos interconectados de hoje. Existem mais de 14 bilhões de dispositivos conectados no mercado e, para exemplificar, os lares comuns dos Estados Unidos têm cerca de 22 dispositivos conectados nos dias atuais. Esses dispositivos estão na cozinha, na sala de estar e em todos os lugares intermediários, e acabam agregando muito valor às pessoas. No entanto, cerca de um terço dos usuários que usam dispositivos conectados afirmaram que os produtos para uma casa inteligente tornam a vida muito mais complexa.
É um dado surpreendente, por isso investigamos um pouco mais a fundo. Recentemente, conduzimos uma pesquisa com consumidores nos Estados Unidos e eles continuaram mencionando interrupções e distrações como os principais pontos problemáticos. Na verdade, 79% dos entrevistados disseram que as interrupções de familiares ou de dispositivos quando estão trabalhando em casa são os maiores inconvenientes que vivenciam.
Por isso, queremos facilitar o trabalho conjunto desses dispositivos, proporcionando uma experiência perfeita que elimine distrações e interrupções. Independentemente de ser uma tarefa em casa, no carro ou no escritório, se for possível conectar esses dispositivos, eles têm o potencial de serem mais eficazes e úteis para a sua vida cotidiana do que se não estivessem conectados.
Por um lado, trata-se de remover as dificuldades para do usuário, permitindo que os dispositivos dos usuários se conectem de maneira simples, facilitando e agilizando a realização de tarefas, sejam elas simples ou complexas. Observemos o emparelhamento dos fones de ouvido, por exemplo: está muito melhor do que antes, mas acreditamos que podemos torná-lo ainda mais simples e intuitivo.
A configuração de dispositivos é outra parte fundamental da equação. Os usuários disseram que não querem perder um tempo valioso tentando descobrir como configurar e fazer seus dispositivos funcionarem entre si e citaram as frustrações com o controle do dispositivo como outro ponto a ser melhorado. Por exemplo, enquanto assistem à TV, 53% dos entrevistados disseram que é difícil controlar a transição do conteúdo ao passar de uma tela para outra, como de uma TV para um tablet.
O objetivo final de nossa abordagem é ver a tecnologia funcionando em segundo plano, sem distrações ou interrupções, a fim de maximizar os benefícios que a tecnologia pode oferecer. Como usuários, queremos que você simplesmente aproveite as experiências de seu dispositivo sem o esforço de interagir ou gerenciar a tecnologia que está funcionando.
“A Samsung está buscando uma era hiperconectada para oferecer praticidade à vida sem distrações ou interrupções”
É difícil projetar algo que se adapte ao comportamento do usuário em vez de algo ao qual ele aprende a se ajustar? Quais são os princípios que os norteiam?
[Casalegno] Vivemos em um mundo onde a tecnologia aumenta o desempenho do sistema e os processos baseados em tarefas. A questão crucial para os designers nesse mundo é como projetar produtos, serviços e sistemas para seres humanos, em vez de projetar comportamentos humanos para otimização de máquinas.
Para conseguir isso, os designers devem primeiro entender as pessoas para as quais estão projetando, descobrindo quais são suas necessidades, identificando soluções de design para elas e entendendo verdadeiramente como elas interagem com outras pessoas, produtos e muito mais. As empresas não podem se conectar com as pessoas simplesmente fazendo produtos: elas devem ajudar e facilitar as ações e experiências de seres humanos reais. Isso é fundamental para nosso objetivo de trazer uma tecnologia mais tranquila para todos os aspectos da vida das pessoas. Por exemplo, se você iniciar uma chamada por vídeo no notebook quando seus filhos estiverem assistindo TV no outro cômodo, o volume da TV pode diminuir automaticamente para não atrapalhar a sua ligação. Esse tipo de cena cotidiana aparentemente simples é o que temos em mente quando desenvolvemos nossas soluções.
Nosso objetivo final é criar experiências que atualmente as pessoas nem sabem que precisam, mas capazes de fazer uma grande diferença quando realizadas – quase como mágica. Há inúmeros domínios que podemos explorar para desenvolver uma tecnologia que surpreenda os usuários e os encante com níveis inimagináveis de funcionalidade.
[Mark Benson] Esse espírito de inovação que prioriza o consumidor é o centro do que fazemos na SmartThings. Com a plataforma SmartThings³, não queremos que os usuários sintam que precisam mudar o próprio comportamento para desfrutar de experiências domésticas inteligentes que os façam se sentir seguros, bem como para tornar a vida um pouco mais fácil e agregar um pouco de diversão.
Nosso objetivo é que o SmartThings esteja tão sintonizado com os comportamentos do usuário que seja capaz de administrar de forma independente sua casa, suas conexões com a família ou qualquer outra coisa que você precise. É por isso que ficamos tão empolgados quando apresentamos coisas como o SmartThings Station² ou intensificamos nossa colaboração com o padrão Matter, pois juntos eles compõem nossa missão de tornar o SmartThings o principal facilitador de nossa visão de um mundo melhor conectado, que seja verdadeiramente centrado no usuário.
“Nosso objetivo é que o SmartThings conecte e administre sua casa de forma independente”
Quando se fala em tendências de consumo, vêm à mente aquelas que estão alterando os comportamentos e preferências dos usuários, como a pandemia de COVID-19. Que outras tendências surgiram recentemente que você considera relevantes?
[Casalegno] Certamente existem algumas tendências importantes que têm impactado os consumidores. Em primeiro lugar, estamos vendo cada vez mais pessoas de várias gerações vivendo juntas. Praticamente um em cada cinco americanos agora vive em lares multigeracionais, e esse aumento foi mais rápido entre as gerações mais jovens – 25% das pessoas de 25 a 34 anos vivem em lares multigeracionais. Isso é significativo porque, antigamente, a casa de um jovem adulto atendia especificamente às preferências e necessidades individuais desses usuários – eles compravam a TV, geladeira ou aspirador de pó que melhor se adaptavam ao seu próprio estilo de vida. No entanto, esses produtos, juntamente com os serviços que eles fornecem, agora precisam atender indivíduos que podem variar muito em termos de idade, interesses e até mesmo propensão para usar a tecnologia. Assim, as soluções de hoje devem ser capazes de atender às necessidades personalizadas de várias pessoas com uma gama diversificada de necessidades.
Em segundo lugar, estamos observando cada vez mais casas tornarem-se “multifuncionais” como resultado de uma mudança em direção à vida híbrida. Mesmo antes da pandemia, vínhamos observando que as pessoas faziam cada vez mais atividades em casa, e hoje em dia é quase a regra – 87% das pessoas ainda estão dispostas a trabalhar em casa se tiverem a oportunidade. Essas pessoas não estão apenas trabalhando em casa, elas também consomem conteúdo lá, graças à popularidade do streaming e dos lançamentos de filmes no aplicativo, em oposição ao lançamento tradicional no cinema. De fato, 71% das pessoas disseram que preferem assistir algo em casa em vez de ir ao cinema. Além disso, dois terços dos americanos preferem se exercitar em casa em vez de voltar para a academia e, para isso, usam a sala de estar e TVs como academia e personal trainer.
Em terceiro lugar, e mais importante, a conscientização sobre a sustentabilidade é uma tendência perene. De acordo com uma pesquisa recente realizada no Reino Unido em outubro passado, os potenciais compradores de casas pagarão mais por casas com eficiência energética e fontes de energia renováveis incorporadas.
Embora haja um impulso em direção à sustentabilidade, também há uma contenção. Atualmente, em muitas partes do mundo, as principais preocupações dizem respeito aos custos de energia. Isso significa que temos que encontrar maneiras de facilitar a conservação de energia. Na CES 2023, apresentamos como, por meio de nossos produtos e de nosso serviço SmartThings Energy, estamos fornecendo aos usuários maneiras reais e práticas de economizar no uso e despesas de energia.
O tema da sustentabilidade surgiu muito na coletiva de imprensa da CES 2023 deste ano e também é fundamental tanto para os consumidores quanto para a Samsung e seus processos de produtos. Como a visão de sustentabilidade da empresa se traduz em impacto real para os consumidores?
[Inhee Chung] A sustentabilidade não é apenas uma tendência, mas também um imperativo comercial. Como observou Casalegno, a sustentabilidade é extremamente importante e é essencial que todos os negócios e produtos sejam construídos com base na sustentabilidade.
Recentemente, compartilhamos como estamos respondendo a essa questão essencial e, em especial, sobre sustentabilidade no dia a dia. De certa forma, o que estamos fazendo é tornar a sustentabilidade uma característica de nossos produtos. Não é uma reflexão tardia ou um complemento – trata-se da chave para a concepção dos produtos e é tão importante quanto uma nova função de câmera ou o novo painel frontal aprimorado de uma TV. A forma como um produto pode ajudar as pessoas a serem mais sustentáveis na vida cotidiana é fundamental para nossa forma de pensar sobre design e desenvolvimento de produtos.
“A Samsung está incorporando a sustentabilidade cotidiana por meio de seus produtos”
O que realmente importa na abordagem de sustentabilidade da Samsung é a ideia de unir forças com nossos consumidores nessa jornada para agir em prol do clima. O SmartThings Energy, que incentiva os usuários a tomar decisões mais inteligentes sobre o próprio consumo de energia, é um ótimo exemplo de como estamos capacitando os usuários a serem mais sustentáveis todos os dias, com nossos eletrodomésticos que consomem energia de forma eficiente.
Além disso, estamos focados em incorporar materiais reciclados em todos os nossos produtos. Na verdade, alguns de nossos dispositivos mais populares, como TVs e smartphones, também são os mais sustentáveis. Utilizamos plástico reciclado de redes de pesca descartadas na maioria dos nossos produtos Galaxy lançados em 2022 e, no futuro, incluiremos mais plásticos reciclados provenientes de redes de pesca em nossos produtos.
A maneira como estamos reaproveitando as redes de pesca descartadas – que contribuem significativamente para a poluição dos oceanos com plástico – e as aplicando aos nossos dispositivos mais recentes é incrível. Depois de coletar redes de pesca ao longo da costa do Oceano Índico, nós as processamos e as transformamos em resinas de poliamida de alto desempenho, que podem ser usadas em produtos eletrônicos. É realmente um material de ficção científica.
Por fim, apesar de construirmos nossos produtos para durar – alguns de nossos eletrodomésticos mais recentes têm garantia de 20 anos1 –, também levamos em conta como podemos ajudar os consumidores a reciclar com responsabilidade quando o ciclo de vida do produto realmente chegar ao fim. Uma das formas de fazer isso é por meio do upcycling, a ideia de dar um novo propósito ao produto. Por exemplo, o Galaxy Upcycling at Home dá nova vida aos smartphones Galaxy mais antigos, convertendo-os em uma variedade de dispositivos da IoT (sigla em inglês para Intenet das Coisas) com uma simples atualização de software. Eles podem então se tornar uma babá eletrônica, uma solução para cuidados com animais de estimação e muitas outras coisas.
Essas são apenas algumas das coisas que estamos fazendo hoje para que nossos consumidores possam ser mais sustentáveis na vida cotidiana.
As parcerias definitivamente pareceram ser outro grande tema na coletiva de imprensa deste ano. Por que elas são tão importantes?
[Chung] Questões relacionadas à sustentabilidade são complexas e têm nuances que muitas vezes exigem parcerias criativas e intersetoriais e soluções para resolvê-las. No caso de lidar com a poluição marinha por microplásticos, trabalhar com uma empresa de roupas com consciência ecológica como a Patagonia nos ajudou a identificar uma solução mais impactante, com base na experiência individual de ambas as partes.
Além disso, nosso filtro especial para máquina de lavar roupas mencionado na coletiva de imprensa, junto com o ciclo Menos Microfibra, é capaz de reduzir em até 54% as emissões de microplástico durante um ciclo de lavagem. Essas soluções são bastante simples, porém muito impactantes, e é desse tipo de trabalho que não apenas me orgulho, mas também acredito que seja a chave para se fazer uma diferença significativa.
Essas parcerias são essenciais para fazer uma diferença mensurável por meio de ações sustentáveis. Também acreditamos que podemos investir mais em parcerias da cadeia de valor e atualmente temos planos para estabelecer um sistema até 2030, no qual os minerais extraídos de todos os resíduos de baterias coletados possam ser reutilizados.
Embora a Samsung esteja entre as maiores empresas de tecnologia do mundo e esteja muito ciente do papel que deve desempenhar, não conseguiremos resolver isso sozinhos. Precisamos de nossos consumidores, parcerias e apoio do setor.
“Um futuro sustentável a partir de parcerias e soluções criativas intersetoriais”
[Benson] Transmitir tranquilidade em um mundo conectado de 14 bilhões de dispositivos é um grande empreendimento, por isso formamos alianças com outras empresas, até mesmo com nossos concorrentes, para garantir que esse sonho seja realizado.
Veja a SmartThings Station, por exemplo, que eu pessoalmente adoro. Combinamos novos recursos em um dispositivo simples que as pessoas usam todos os dias e acredito que isso resulte em uma experiência excepcional para nossos usuários. Digamos que eu encaixe meu telefone durante a noite na minha SmartThings Station; como está de noite, esse simples ato de encaixar o telefone ali pode dar início a uma série de ações que preparam minha casa para a noite – abaixar as persianas, desligar as luzes e trancar as portas. Com uma ação simples e comum, pode-se dar início a uma rotina em casa que torna a vida mais fácil. No entanto, nada disso é possível com um só produto de uma única empresa, e fizemos parceria com centenas de fabricantes de dispositivos para criar essas experiências. É por isso que Matter é tão importante.
“É impossível criar um sistema com um só produto de uma única empresa; é por isso que as parcerias são tão importantes”
O SmartThings foi construído para ser aberto e projetado para a interoperabilidade, mas para que a interoperabilidade seja realidade, as maiores empresas precisam estar comprometidas com ela, e é isso que torna o Matter tão empolgante. Com o Matter e a Home Connectivity Alliance (HCA), começamos percebemos a verdadeira interoperabilidade. O resultado é proporcionar uma experiência melhor conectada com menos distrações e experiências aprimoradas para os consumidores. É a base perfeita para a casa inteligente.
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