A venda de ingressos online vem se consolidando como uma importante ferramenta para impulsionar o mercado de eventos no Brasil. Uma pesquisa realizada em 2022 pela Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE), em parceria com o Sebrae, revelou que 47,1% das empresas de eventos utilizam de vendas virtuais de ingressos, o que representa uma movimentação anual de R$ 601 milhões nas transações por plataformas digitais.
Tendo em vista o significativo dado, a matéria ouviu alguns integrantes do mercado de formaturas para compreender se essa tendência também foi sentida no setor. Vale lembrar que o mercado de formaturas possui uma parcela importante no ramo dos eventos, movimentando aproximadamente R$ 7 bilhões por ano e é formado por mais de 1,5 mil empresas, conforme a Associação Brasileira das Empresas de Formatura (Abeform).
Empresas especializadas no ramo de venda de ingressos digitais para formaturas, como a Uniticket, afirmam que a procura por seus serviços tem aumentado consideravelmente nos últimos anos.
Conforme o analista de inovação da empresa, Wendel Silva, este aumento se justifica principalmente pelos benefícios que a venda online traz para produtores e formandos. Uma das grandes vantagens, segundo ele, está na transparência na auditoria da contagem de público presente e na economia gerada por esse processo.
“Já presenciamos situações em que as empresas de formatura precisavam realizar um procedimento manual de validação do convite com carimbos e assinaturas. No fim da noite, a contagem era feita manualmente e entregue ao buffet para informar que X pessoas compareceram à festa e a partir disso realizar o pagamento proporcional pelo serviço. Com a validação digital isso mudou. Ao fim do evento, a empresa de formatura tem o número exato de quantas pessoas validaram seus convites e pode passar de forma assertiva a informação para o buffet, gerando uma economia de custo em vários sentidos”, explica Wendel Silva.
Ainda conforme o analista, para os formandos, uma das principais vantagens da venda de ingressos online está na economia de tempo. “Os formandos não precisam se deslocar até as empresas de formatura mais. Hoje eles conseguem acessar tudo online de onde estiverem. Além do tempo economizado, poupa-se esforço também”, destaca Wendel Silva.
Além disso, o especialista destaca que os benefícios da venda de ingressos online podem refletir diretamente na receita dos produtores dos eventos. “Aspectos como a conveniência para o formando, facilidade de compra e instantaneidade do processo e somado às diversas formas de pagamento, proporcionam às empresas de formatura um incremento substancial de receita. Observamos que em alguns casos o crescimento chegou a mais de 30%. Isso, alinhado à redução dos custos operacionais de venda, distribuição e gestão é sinônimo de lucratividade”, conclui o analista.
Efeitos pós-pandemia
De acordo com o sócio-diretor da Viva Belo Horizonte – uma das maiores empresas de formatura do país -, Kelver Reis, antes de 2020 as vendas online no mercado de formaturas não eram tão recorrentes.
“Isso não era comum antes da pandemia e logo após este período tudo fluiu de uma forma muito natural. Como as pessoas já tinham o hábito de ir para eventos com bilheteria e venda online, com QR code para acessar, acabou ficando muito simples e o público das formaturas se adaptou muito rápido. Isso vale mesmo para as formaturas que tradicionalmente possuíam o hábito de utilizar o convite físico, bonito, impresso e chancelado. Esse tipo de convite individual já não é mais uma demanda comum”, pontua Kelver Reis.
Sobre impactos financeiros, o empresário destaca a melhoria com a implementação dos ingressos online. “As vendas online passaram a impactar positivamente na receita. Por exemplo, para os formandos que vendem ingressos hoje o processo é muito simplificado. Basta enviar um link. Não há necessidade de ir à empresa de formatura buscar o convite e repassar a um terceiro. Logo você não deixa esfriar o interesse do consumidor e isso é muito importante”, destaca o sócio-diretor da Viva Belo Horizonte.
Questionado sobre possíveis malefícios das vendas online, o executivo não contabilizou nenhum, mas revelou preocupação com os próximos anos. “Talvez a nível de futuro as pessoas comecem a tentar hackear mais, ou fazer cópias de QR Code e tentem burlar o sistema. Mas hoje isso não é um problema”, conclui Kelver Reis.
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