Soa o apito, uma bola com sensor começa a rolar no campo e, no teto do estádio, 12 câmeras capturam os movimentos da bola e calculam a posição exata de cada jogador. É o sistema de impedimento semiautomático, novidade a ser apresentada na Copa do Mundo do Qatar, que será disputada em novembro e dezembro deste ano. O fato do país-sede ocupar a quarta posição entre os países mais ricos no mundo não é elemento determinante: o uso de inovações tecnológicas dentro do futebol é um recurso crescente.
A aplicação de ciência de dados no esporte pode ir muito além do monitoramento das ações técnicas dos atletas dentro do campo de jogo. O uso de dados de inteligência artificial, análise preditiva e estatísticas é capaz de delinear estratégias táticas, gestão da equipe e até mesmo a escolha do perfil de jogador a ser contratado.
“Embora muitos associem os dados aos ‘scouts’ técnicos, como chutes no gol e posse de bola, todas as áreas de preparação física e fisiologia dependem de avaliações de desempenho e marcadores biológicos”, afirma Filipe Maia, cofundador da Lean Solutions.
Especialista em análise de dados, Maia ressalta que a combinação entre dados e esporte não é algo novo e sim “uma tendência que vem desde a revolução tecnológica do esporte na década de 70”. Hoje, as informações contribuem não só para ajudar os treinadores, mas também para os próprios jogadores melhorarem a performance esportiva.
“É interessante observar o aumento no número de jogadores desconhecidos que chegam para as equipes principais. Muito disso é reflexo da ampla utilização da base de dados disponíveis para acompanhamento e avaliação de atletas”, acredita Maia.
7X1 da tecnologia
O confronto histórico entre Alemanha e Brasil na semifinal da Copa do Mundo de 2014 é um dos casos mais emblemáticos. Usando o software Match Insights, a seleção alemã obteve uma análise completa sobre a própria atuação em campo (como a velocidade dos passes) assim como das possíveis fragilidades da seleção brasileira. Desta forma, pôde se preparar com mais eficiência – e vencer por goleada a partida.
“O resultado nós sabemos, mas a preparação de toda a equipe teve acompanhamento de profissionais em todos os âmbitos para transformar as informações que eram obtidas em insights relevantes”, aponta o cofundador da Lean Solutions.
No Brasil, as chances de se precaver eram diminutas frente a posição que o país ainda ocupa no setor. “Hoje, você vê clubes desenvolvendo centros de inteligência como algo inovador. Contudo, essa prática é padrão no futebol europeu desde os anos 90”, diz o especialista. “Quando pensamos na integração dos dados de todos os profissionais [da área] e no desenvolvimento de padrões matemáticos, ainda estamos começando”, completa.
Performance da seleção será monitorada
A Fifa (Federação Internacional de Futebol) anunciou em setembro o lançamento de um aplicativo com dados dos jogadores que disputarão a Copa do Mundo 2022. Com o Fifa Player App, os atletas poderão obter informações sobre o desempenho em campo. Os dados coletados incluem informações sobre momentos em que o jogador faz o movimento correto para receber a bola, métricas de distâncias percorridas e velocidades.
Os dados serão sincronizados com as imagens da partida, para que os jogadores possam ver em detalhes todos os momentos-chave de sua atuação a partir de diferentes ângulos de câmera.
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