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Celular na direção não combina nem no viva voz

por Paulo Fernandes Maciel
Mão digitando algo em celular na direção em trãNSITO

O Uso de celular na direção é a terceira causa de mortes no trânsito no Brasil

A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) revelou que o uso de celular na direção é a terceira maior causa de mortes no trânsito no Brasil.

Ficando atrás apenas do excesso de velocidade e do consumo de álcool pelos motoristas.

São cerca de 150 óbitos por dia no país e quase 54 mil por ano provocados pela utilização indevida do aparelho na hora de dirigir.

Mão digitando algo em celular na direção quando em trânsito

Celular e direção são uma combinação perigosa.

A entidade promoveu um estudo para avaliar a interferência causada pelo ato de falar ao telefone celular, com o dispositivo em viva voz.

E nela constatou que fatores humanos como a distração e a falta de concentração;

Ambas ocasionadas pelo uso do celular, podem motivar o aumento de sinistros.

Na ocasião, com a ajuda de um simulador de direção, foram verificados o desempenho de oito voluntários:

Sendo quatro homens e quaro mulheres, com idades entre 23 e 52 anos.

A pesquisa observou que os tempos de percurso e reação, além do número de infrações e acidentes de trânsito se elevaram.

Isto quando os voluntários falavam ao celular mesmo no mecanismo viva voz, durante a direção simulada.

 

Aumento de tempo de reação no percurso

Em condições normais, os motoristas levariam uma média que varia de 3 minutos e 1 segundo a 3 minutos e 48 segundos para percorrer determinado percurso.

Para realizar o mesmo trajeto, falando ao celular com o viva voz;

Demorariam entre 3 minutos e 14 segundos a 4 minutos e 17 segundos.

Os tempos de reação apresentados pelos voluntários variaram de 60 a 66 segundos;

Em condições normais e de 62 a 74 segundos quando foram testados usando o aparelho.

O número médio de infrações de trânsito cometidas pelos motoristas testados em condições normais foi de 2,5 e passou para 4,75 quando falavam ao celular.

Já o número de acidentes provocados aumentou de 0,5 para 1,5 em razão da distração provocada pelo aparelho.

 

Foram avaliadas ações mecânicas

A Abramet calculou também, usando dados internacionais, que gastamos entre 8 e 9 segundos para atender a uma chamada telefônica.

E entre ouvir a chamada, localizar o celular, pegar, desbloquear e atender.

Se o motorista estiver a 80 km/h, por exemplo, ele vai percorrer quase duas quadras desatento em relação ao trânsito.

No caso de mensagens de texto, a Abramet calculou que levamos de 20 a 23 segundos para responder uma mensagem básica.

Se o condutor estiver a 60 km/h, vai percorrer quase quatro quadras dividindo a atenção entre o trânsito e o celular.

Dificilmente não vai encontrar um obstáculo pela frente.

 

Conscientização

A Perkons buscou informações com o médico especialista em trânsito Aly Said Yassine.

Que explicou quais são os fatores que interferem no comportamento dos motoristas quando eles usam o celular na direção, mesmo com o dispositivo em viva voz.

O primeiro deles é o conteúdo das conversas.

“O que prejudica os condutores não é o fato de estarem com apenas uma mão no volante.

O pior é dividir a atenção entre a via e o conteúdo da mensagem.

Imagine a concentração de uma mãe na direção, se está falando com alguém da escola do filho, avisando que ele está com febre, por exemplo.”

É o que observa o especialista.

 

O Tempo de percurso e resposta de reação frente a obstáculos sofrem alterações quando o motorista usa o celular

O segundo fator é o tempo de resposta do motorista, frente a um obstáculo, que é mais lento.

“Com a atenção desviada para o celular, o tempo de frenagem, para desviar de um pedestre ou para respeitar o semáforo é mais devagar.

Para se ter uma ideia da gravidade da situação, a desatenção causada pelo ato de falar ao celular é maior em comparação à falta de concentração que acomete um motorista sob o efeito do álcool.”

Informa Aly Yassine.

 

Visão do entorno

A visão periférica é o outro fator que sofre prejuízo quando o condutor conjuga a direção e a conversa no celular.

“Em condições normais, o motorista consegue perceber o que acontece nas laterais:

Como a aproximação de um ciclista, mas quando desvia sua atenção para o telefone, não consegue perceber o que acontece no entorno.”

Comenta o médico.

Ele acrescenta que dirigir embriagado ou falar ao celular é uma catástrofe anunciada.

“Como tudo na vida, tem hora para tudo.

Não vamos de sunga no banco e nem de terno na praia.

Com a tecnologia é a mesma coisa: é preciso saber utilizá-la.

Precisamos diminuir o excesso de velocidade, a incidência de motoristas que bebem e dirigem e aqueles que usam o celular no trânsito para conseguir diminuir as mortes causadas por acidentes nas vias públicas.”

Salienta Aly Yassine.

 

Legislação frouxa e defasada

Para Eduardo Biavati, mestre em sociologia e consultor em educação para segurança no trânsito;

O grande problema no Brasil, é o retrocesso na legislação e nas medidas de trânsito.

Essas que deveriam ser mais severas no que diz respeito ao uso de celulares e ao excesso de velocidade;

Itens que são os grandes causadores dos acidentes de trânsito no país.

No entanto, na opinião dele, o que se vê, por parte dos órgãos públicos, é a preocupação com medidas pouco efetivas.

Tais como multar pedestres que atravessam fora da faixa e ciclistas que adotem comportamento arriscado nas ruas.

A legislação entra em vigor abril do próximo ano, conforme a Resolução 706/2017.

 

O foco deve ser o infrator

“Não conseguimos nem fiscalizar o uso de celulares na direção e agora pretende-se fiscalizar pedestres e ciclistas?

O grande problema é que estamos olhando para as vítimas e não para os motoristas.

Esses é que são os causadores de mortes no trânsito quando colocam a vida das pessoas em risco ao falar no celular quando dirigem;

Ou excedem o limite de velocidade, principalmente nas rodovias.”

Finaliza.

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