Um indivíduo chega em casa cansado do trabalho e resolve abrir a geladeira, que possui sensores que leem os dados dos alimentos disponíveis para ver se não tem nada faltando. Em seguida, ele percebe que não tem leite na geladeira. Mas ao invés de sair para comprar, ele emite um pedido para o mercado mais próximo da residência, solicitando a reposição do item para um horário específico. É possível, em um primeiro momento, achar que isso está distante da realidade. Mas não. Casas automatizadas já existem em razão da Internet das Coisas (IoT).
A IoT, embora esteja distante da realidade de muitos, já está sendo implementada em diversas localidades do mundo. Aos poucos, ela vem simplificando tarefas rotineiras e permitindo que um indivíduo realize diversas atividades ao mesmo tempo, resultando, assim, em economia de tempo e redução de esforço para os cidadãos.
A aplicação de IoT consiste primariamente na sensorização de objetos, com o objetivo de captura e transmissão de dados para um conjunto de aplicações e usuários conectados em rede. Mas para usufruir de todos benefícios que a tecnologia oferece, é preciso não só sensorizar objetos e coletar dados, como também obter aplicações práticas para os dados coletados, permitindo análises e tomada de ações com base nos dados obtidos.
Porém, a aplicação de IoT é complexa. E isso acontece, pois a tecnologia está diretamente relacionada a um grande volume de dados coletados e sua necessidade de processamento. Por intermédio da aplicação combinada de IoT com soluções de Inteligência Artificial (algoritmos e Machine Learning), é possível identificar padrões e emitir alertas para intervenção humana ou ações preditivas. Isso pode acontecer, por exemplo, ao emitir um pedido de compras para um mercado local via internet.
Mesmo com plena disponibilidade de IoT e aplicativos acessíveis via celular para controlar uma série de aspectos nas residências, escritórios de diferentes corporações apresentam pouca ou nenhuma sensorização. Mas, felizmente, profissionais da área de facilities têm se preocupado cada vez mais com o tema, considerando potenciais contribuições com ações de bem-estar para funcionários de companhias globais.
No Reino Unido, uma a cada cinco casas já conta com dispositivos conectados com internet. Um exemplo são os smart meters, que realizam a leitura de consumo de energia em tempo real, auxiliando companhias de energia elétrica com previsão de demanda. A mesma estatística não se repete para escritórios de empresas, denotando um grande gap de adaptabilidade de organizações no consumo de tecnologias disponíveis e criando oportunidades relevantes de mercado para fornecedores de sensores e aplicações de TI.
As indústrias de capital intensivo, como O&G, mineração e siderurgia, investem de forma mais massiva na sensorização e coleta de dados como instrumento de aumento da segurança operacional, com base em seu monitoramento em tempo real. O investimento em processos core nessas indústrias é justificado, em razão do grande potencial de acidentes, perdas e impactos em resultados operacionais.
Algumas plantas industriais já possuem sistemas sensorizados conectados a soluções de big data e data analytics. Estes, por sua vez, permitem o monitoramento de integridade de equipamentos em tempo real, reduzindo riscos de acidentes e de paradas não programadas. A aplicação de IoT em ambientes industriais é referenciada como Industrial Internet of Things (IIoT), ou Internet Industrial das Coisas, em tradução literal.
A implantação de IIoT permite a elaboração de planos de manutenção de forma preditiva, suportando também todo o planejamento de suprimentos das empresas e contribuindo com o ajuste de volume de itens em estoque. Além disso, também é possível trabalhar com dispositivos (wearables) de realidade aumentada, auxiliando na execução de tarefas diárias em campo com supervisão e orientação à distância.
Os reconhecidos casos de implantação dos Digital Twins, ou gêmeos digitais, são exemplos práticos de aplicação de IoT, compreendendo sensorização, computação em nuvem, big data e machine learning, de forma convergente. Eles têm como objetivo facilitar análises detalhadas e monitoramento de sistemas físicos, suportando o processo de gestão de ativos.
Empresas gigantes de Energia investem na sensorização de sistemas e em análises de dados coletados em tempo real para prever problemas de manutenção. A implantação de Digital Twins em refinarias e campos de petróleo podem trazer economias da ordem de milhões de dólares em horizontes de até cinco anos.
Diversas indústrias e empresas mundialmente conhecidas aplicam IoT em seus projetos, muitas vezes com foco em melhoria da experiência do usuário. A Disney, por exemplo, monitora diversas variáveis sobre comportamento e consumo de seus clientes em todos os parques e resorts por intermédio das Magic bands, além de permitir serviços adicionais como abertura de portas de quarto, pagamento por aproximação e identificação pessoal.
Porém, embora a tecnologia IoT esteja disponível e em uso, ela ainda está longe de ser explorada em toda a sua plenitude e potencial de geração de soluções. O volume de aplicação do IoT que vemos hoje em empresas e projetos de negócios ainda é pouco expressivo.
De acordo com os dados da consultoria americana, Frost & Sullivan, até 2022, os investimentos em IoT no Brasil devem ultrapassar US$ 3,29 bilhões, contribuindo com a difusão e uso da Internet das Coisas em diversas regiões do país. A democratização de novas tecnologias e suas aplicações de formas variadas demandam tempo, investimento e criatividade. Mas, certamente, trarão inúmeras possibilidades de diferenciação para as empresas.
Autores: Bernardo Caldeira e Andre Andako, consultores Bip Brasil
A Bip é uma consultoria internacional, presente no Brasil desde 2007. Fundada em 2003, na Itália, possui mais de 2700 profissionais, com projetos em mais de 40 países e 12 escritórios em países da Europa, América e Oriente Médio. Especializada no redesenho e transformação de grandes organizações para enfrentar desafios atuais e futuros.
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