Conforme dados divulgados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) no relatório preliminar com dados sobre a venda de cimento no Brasil, em dezembro, as vendas totalizaram 4,5 milhões de toneladas, representando um crescimento de 0,3% em comparação ao mesmo período de 2022. Entretanto, ao analisar o desempenho anual, o setor registrou uma retração de 1,7%, equivalente a 1,1 milhão de toneladas a menos em relação ao ano anterior, marcando a segunda queda consecutiva após o recuo de 2,8% em 2022.
A análise, publicada pelo SNIC, aponta para diversos fatores que contribuíram para esse cenário. A taxa de juros elevada ao longo de 2023, mesmo após o ciclo de queda iniciado em agosto, manteve o mercado imobiliário sob pressão. Segundo o relatório, a alta taxa de juros impactou os custos de produção, desencorajou investimentos em infraestrutura e incentivou a migração para produtos financeiros. É possível observar no documento divulgado que o setor imobiliário, principal impulsionador do consumo de cimento, apresentou uma queda significativa nos lançamentos, contribuindo para a redução na demanda por cimento.
A publicação ainda informa que além das condições econômicas, as condições climáticas extremas, com temperaturas e chuvas acima da média e seca em algumas regiões do país, comprometeram os cronogramas das obras e afetaram a comercialização do cimento. O estudo aponta que os esforços para reverter esse cenário envolvem a retomada do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo governo em 2023, com previsão de desembolso de R$1,4 trilhão entre 2023 e 2026. O relatório afirma que, no entanto, até o momento, o programa não atingiu a velocidade necessária e já sofreu cortes no orçamento de 2024.
José Antônio Valente, diretor da empresa de franquias na construção civil Franquias Trans Obra, afirma que o relatório preliminar divulgado pelo SNIC, oferece uma visão abrangente dos desafios enfrentados pelo setor em 2023, destacando uma queda de 1,7% nas vendas em comparação ao ano anterior. O documento identifica fatores multifacetados que contribuíram para esse declínio, entre os quais se destaca a persistência das taxas de juros elevadas ao longo do ano. “É possível notar que o estudo fala sobre uma queda notável nos lançamentos do setor imobiliário, o que contribuiu significativamente para a redução na demanda”.
Ainda sobre o relatório, que pode ser visualizado na íntegra através do link informado no início da matéria, nota-se uma informação sobre os desafios que a indústria do cimento busca não apenas soluções econômicas, mas também compromissos ambientais. O estudo informa que durante o 8º Congresso Brasileiro do Cimento (CBCi), a indústria lançou as bases do Roadmap Net Zero, visando acelerar a transição para uma economia neutra em carbono até 2050. Além disso, o relatório mostra que a iniciativa, que inclui a redução de emissões de CO2 e o compromisso com o coprocessamento, destaca a responsabilidade do setor em contribuir para metas ambientais mais amplas, em meio às discussões sobre metas setoriais de descarbonização e a implementação de um mercado de carbono no Brasil. O desafio, no entanto, requer não apenas esforços da indústria, mas a cooperação de diversos stakeholders, desde agentes da construção até entidades governamentais e acadêmicas, conforme observado no relatório.
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