A produção de veículos notadamente a de automóveis, aos poucos, vem se recuperando de uma crise econômica instalada desde antes da pandemia da Covid-19. É o que mostram os números divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No último mês de julho, a produção registrou aumento de 7,5% sobre o mês anterior e de 33,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a entidade, é a maior alta desde novembro de 2020.
Aumento significativo de 7,5% na produção de veículos
No levantamento da Anfavea, a produção de julho totalizou 218.950 veículos e, no acumulado do ano, já está em 1,3 milhão de unidades, o que alcança o mesmo patamar dos primeiros sete meses do ano passado. Em relação às vendas, o mês de julho só perde para maio de 2022 e foi o segundo melhor período do ano. Foram 181.994 unidades negociadas no mês passado, sendo, em média, licenciadas 8,7 mil unidades do dia. Esse dado coloca o mês como o que mais acumulou vendas em dias úteis durante o ano.
O ânimo do mercado de automóveis pode se estender para outros setores, como o de venda e abastecimento de baterias para veículos automotores, um dos mais importantes, com mercado global que deverá atingir US$ 59 bilhões até 2026, segundo estimativa da consultoria Mordor Intelligence. Nesse campo, um dos mais promissores é o setor de baterias para veículos elétricos, que deve atingir um volume de produção de 30 milhões até 2027, de acordo com a consultoria britânica Juniper Research.
De olho na logística
Nesse cenário otimista, os fabricantes devem estar atentos às suas operações logísticas para não perder mercado. Uma das opções é investir em centros de distribuição, uma vez que revendedores estão diminuindo estoques e comprando de acordo com a demanda, como explica o administrador de empresas Bruno Ribeiro Correia.
“Em tempos atuais, está cada vez mais raro encontrar varejistas que optam por ter estoques com volumes grandes, contando cada vez mais com o seu distribuidor para fornecer o produto de forma mais ágil possível. Essa prática é denominada ‘estoque just in time‘, quando o varejista adquire o produto somente quando este está em níveis superbaixos em seu próprio estoque, ou, até mesmo quando o produto já está vendido, prática muito comum em centros automotivos, por exemplo”, diz.
Estoques administráveis
Na experiência de Correia, para a construção de um centro de distribuição, uma das primeiras ponderações que o investidor deve fazer é em relação ao local escolhido. E essa decisão precisa estar embasada em fatores como potencial de mercado, custos envolvidos com estocagem, mão de obra e logística. “Para chegarmos ao volume de vendas que um mercado pode proporcionar, faz-se necessário considerar e cruzar indicadores do setor”, informa.
Senso de nixo
Entre esses indicadores estão o montante de veículos em circulação em uma determinada localidade, multiplicado pela estimativa de baterias necessárias para abastecer essa frota.
“Entende-se que uma bateria tem uma vida útil em torno de 24 meses. Uma cidade com o porte de Curitiba, por exemplo, obtém de um montante de mais de 1 milhão e 600 mil veículos, segundo o IBGE. Portanto, é possível estabelecer que a cidade de Curitiba consome um volume maior do que 66 mil baterias por mês, o que dá 1 milhão e 600 mil veículos em 24 meses”, explica ele, que tem experiência de oito anos no ramo de suprimentos automobilísticos.
Custos de operação e de mão de obra também devem ser considerados na produção de veículos
Outra conta que precisa ser feita por fabricantes de baterias automotivas que planejam abrir um centro de distribuição, segundo Bruno Correia, é relacionada aos custos de produção. De acordo com ele, um desses custos é o valor de aluguel, que vai depender do tamanho do empreendimento, localização e facilidade de acesso. Além disso, é preciso considerar também o custo de mão de obra que, em geral, depende de regras estabelecidas em lei.
“O material humano (colaboradores) é, sem dúvida, um ponto bastante relevante, em que caberá o levantamento, junto aos sindicatos do setor, de regras estabelecidas em lei, uma vez que o produto bateria automotiva tem como matérias-primas muitos resíduos pesados e corrosivos, podendo incidir, por exemplo, no fator insalubridade em uma folha de pagamento dos funcionários”, ressalta.
Estocagem inteligente
Como o profissional explicou mais acima, também é preciso considerar os clientes que optam por não fazer estoque e preferem recorrer a centros de distribuição mais próximos. “Esta prática levou a projeção dos galpões Last Mile (Última Milha), que são aqueles localizados ao redor de um grande centro populacional. Portanto, faz-se necessário considerar estar próximo ao cliente ao buscar um local para se instalar. No caso de distribuição em âmbito estadual e/ou por mesorregiões, é preciso considerar as cidades do objetivo com os indicadores já citados”, conclui.
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