O ano virou e as expectativas de retomada da economia não são animadoras, segundo estimativas divulgadas ainda em 2021. Em dezembro, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revisou a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que seria de 1,8% em relação a 2020, para 1,1%. Já o Banco Central, também em dezembro passado, divulgou suas estimativas para inflação e taxas de juros, que também colocam em alerta quem esperava um ano melhor após o avanço da vacinação contra a Covid-19.
Para médias e pequenas empresas, que sempre precisam estar atentas às oscilações da economia, especialmente após eventos inesperados como a pandemia do novo coronavírus, iniciada em 2020, a cautela com investimentos e gastos não programados deve ser a palavra de ordem para este novo ciclo. É o que aconselha o contador e consultor de novos negócios Claudio Ribeiro Santos. Segundo ele, já no planejamento estratégico do ano as empresas devem estar cientes até onde podem arriscar em tempos de instabilidade econômica, especialmente após as ameaças de novas variantes do vírus que causa a doença que paralisou o mundo em 2020.
“É preciso enxergar, por exemplo, o que a Covid-19 já mudou ou irá mudar na percepção dos seus clientes e futuros ou potenciais clientes e buscar entender que pode ser executado, já no planejamento, caso haja uma nova onda de pandemia”, explica. “É saber detectar ameaças e oportunidades, e assim encontrar saídas viáveis”, acrescenta.
De acordo com Santos, começar o ano sem finalizar o planejamento estratégico é um erro inaceitável, especialmente pelas empresas que querem se manter competitivas. Para além disso, ao planejar, é preciso estar bem informado sobre as conjunturas dos mercados externo e interno. “O planejamento estratégico da empresa pode ser entendido como uma partida de futebol ou xadrez, em que, para conseguir entregar tudo que foi definido para o negócio, é preciso visualizar os obstáculos que serão enfrentados, identificar cada movimento e estratégias até chegar a seu objetivo final”, aconselha.
Para 2022, empresas devem considerar quatro fatores antes de investir, segundo estudo
O estudo “Perspectivas Econômicas para 2022”, realizado pela Fundação Dom Cabral, em parceria com a Atlas Contabilidade, apontou fatores que vão influenciar a trajetória econômica das organizações de médio porte neste ano. Publicado em dezembro de 2021, o estudo foi baseado na análise de dados econômico-financeiros de 97 empresas nos últimos dois anos.
A análise mostrou que, apesar do momento de incerteza provocado pela pandemia da Covid-19, as médias empresas tiveram um bom desempenho, ainda que com queda de faturamento em função do distanciamento social necessário para o controle da doença.
Para 2022, segundo os estudos, são quatro os fatores mais importantes para a tomada de decisão das empresas de médio porte. O primeiro é atenção ao cenário internacional, com atenção à subida do preço da energia, especialmente do petróleo e seus derivados; o gargalo logístico em função da dispersão de contêineres; a desaceleração do crescimento da China e a queda dos preços dos minérios de ferro, que devem ter forte influência na economia brasileira.
O segundo fator é a inflação que, segundo os analistas, deve ser o grande tema do ano não só no Brasil mas em todo o mundo. O fenômeno de alta inflacionária é fruto, segundo o estudo, de um movimento global gerado por uma combinação de variáveis, como as geadas que alteraram o preço de alimentos ou a falta de chuvas, que impactou o custo de energia no Brasil.
O terceiro fator se refere às taxas de juros mais altas no Brasil, com previsão de dois dígitos em 2022, o que impactará o consumo e os custos de financiamentos das empresas. Por isso, o ciclo financeiro das empresas exigirá cuidados e será fundamental para um saldo positivo no caixa das organizações.
Já o quarto e último fator ao qual as empresas devem estar atentas é a capacidade do governo em manter o equilíbrio fiscal, especialmente no que diz respeito ao teto de gastos e aos custos dos novos programas governamentais de transferência de renda. Caso o governo mostre confiança ao mercado de que vai respeitar o limite dos gastos, as perspectivas serão melhores, segundo os autores do estudo.