Fundacentro participa de ações para inclusão de pessoas com deficiência
Na Semana em que se celebra o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência – 21 de setembro, que foi instituído por iniciativa de movimentos sociais, em 1982, e oficializado pela Lei Nº 11.133, de 14 de julho de 2005, o Espaço da Cidadania lançou a cartilha “Inclusão é Atitude! Qual é a tua?”, que contou com a participação da Fundacentro na elaboração.
Atividades incluem colaboração em cartilha, visita ao Memorial da Inclusão e curso para profissionais de Segurança e Saúde no Trabalho – SST e Recursos Humanos – RH
O lançamento ocorreu em 18 de setembro, no Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, durante o Encontro sobre atitude e boas práticas para inclusão de trabalhadores com deficiência.
“A cartilha será adotada a partir de hoje pelo Ministério Público do Trabalho – MPT.
É um material que os procuradores podem usar para mostrar às empresas e sindicatos que a inclusão é possível.”
Afirma Carlos Clemente, coordenador do Espaço da Cidadania e da cartilha ao lado de Sumiko Shimono.
Seminário Inclusão dá Trabalho
O material também foi levado ao “Seminário Inclusão dá Trabalho?”
, promovido em 19 de setembro, pelo Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de Taboão da Serra/SP, e ao Seminário “A inclusão social das pessoas com deficiência no mercado de trabalho – Inclusão é Atitude” nos dias 20 e 21, realizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba.
Profissionais envolvidos
A cartilha foi organizada por 41 profissionais de diversas instituições, entre elas, a educadora Eliane Vainer Loeff, da Fundacentro.
O material é fruto de 11 reuniões e teve uma primeira apresentação no Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
O objetivo é refletir sobre a convivência no ambiente de trabalho entre pessoas com e sem deficiência, já que é no dia a dia dos trabalhadores que a inclusão acontece de fato.
Por isso, é importante criar a acessibilidade atitudinal.
A cartilha
“Importantíssimos os olhares dessas 41 pessoas, de instituições públicas e privadas, de pessoas com deficiência.
As falas de todas estão lá.
Além disso, há muitas coisas que são mitos e outras que são fatos.
A cartilha desmistifica isso e esclareceu muito a parte de acessibilidade, que não é apenas rampa, banheiro adaptado e piso tátil.
É muito mais. Acessibilidade também diz respeito à atitude, para fazer a pessoa com deficiência se sentir útil no mercado de trabalho e em igualdade com os demais colegas”, avalia Eliane Vainer.
45 milhões de PcDs
Segundo os dados apresentados na Cartilha, mais de 45 milhões de brasileiros possuem alguma deficiência, dos quais 30 milhões estão em idade de trabalho.
Cerca de 19 milhões possuem alguma ocupação.
No entanto, dos 46 milhões de empregos formais de 2016, apenas 419 mil eram ocupados por pessoas com deficiência.
“Atualmente as contratações e as oportunidades nas empresas não são iguais para os trabalhadores com deficiência.
Muitas vezes as pessoas com deficiência são contratadas para vagas onde não exercem as funções para as quais estão qualificadas.
Elas não têm acesso a treinamentos e planos de carreira”, alerta a cartilha.
Isso mostra que não basta contratar.
“A inclusão do trabalhador com deficiência só será atingida se atendermos às condições para um trabalho decente e isso só será possível se em nosso dia a dia soubermos nos relacionar, sem discriminar, sem constranger e sem afastar esse trabalhador do nosso convívio!”, aponta o texto.
Memorial da Inclusão
Outra forma de aprofundar os conhecimentos sobre a história de luta das pessoas com deficiência, suas capacidades e as dificuldades que encontram pelo caminho é visitar o Memorial da Inclusão, no Memorial da América Latina, em São Paulo/SP.
Contribuindo para esse processo, a Fundacentro anualmente leva os participantes do Curso de Inclusão das Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho: Prevenção, Segurança e Saúde no Trabalho para conhecer este espaço.
“É muito enriquecedor, depois de um curso em que receberam subsídios sobre legislação e políticas públicas, os participantes irem com todo esse embasamento conhecer o Memorial da Inclusão”, explica Eliane Vainer.
Alimentado por militantes
O Memorial da Inclusão traz aproximadamente 600 documentos, que apresentam uma leitura da luta do movimento social da pessoa com deficiência.
Militantes da área sugeriram e forneceram materiais de seus acervos pessoais para compor esta narrativa. Uma das falas expostas nas paredes do local resume bem o que o espaço pretende:
“Não existe nem história e nem memórias puras.
Elas são o resultado de escolhas, de seleção, voluntária ou involuntária: do historiador, da sociedade e do sujeito.
O documento/monumento, oficial ou pessoal (um manuscrito, uma foto, um objeto, entre outros), o testemunho, o ouvir dizer, as lembranças vividas ou as vagas lembranças, tudo é material da história.”
A memória e a história
Desse mosaico, de vivências, experiências e sensações, o espaço foi montado: “A memória e a história são dinâmicas, não se encerram em conjuntos específicos de datas, personalidades e documentos.
Um documento traz o outro, uma lembrança traz outra, a memória voluntária estimula a memória involuntária.
O Memorial da Inclusão pretende respeitar este dinamismo natural, e, assim, a Exposição apresentada é o começo, um começo…”.
Esse começo pode ser o princípio de transformações.
“A deficiência é tão invisibilizada que em pequenas atitudes reforçamos essa invisibilidade.
Nosso objetivo é quebrar a barreira atitudinal.
As barreiras arquitetônicas e do ambiente você consegue, mas quebrar as atitudes das pessoas é muito mais difícil.”
Afirma a educadora do Memorial da Inclusão, Bruna Pitteri.
Juntamente com a educadora Heloisa Leite, Pitteri buscou mostrar que devemos considerar outras características das pessoas além da deficiência.
As educadoras apresentaram os espaços do Memorial, como a Sala dos Sentidos, em que os participantes puderam criar uma memória sensorial e reelaborar sua relação com as deficiências.
Como se deu
Elas também contaram como se deu a construção do movimento de luta pela inclusão das pessoas com deficiência no mundo e no Brasil, o que também é narrado pela exposição.
É uma discussão que começa após a Segunda Guerra Mundial, quando soldados mutilados são estimulados a praticar esportes.
Em 1948 ocorrem os primeiros jogos para pessoas com deficiência, em paralelo às Olímpiadas de Londres.
No Brasil, em 1958, surge o Clube dos Paraplégicos de São Paulo e Clube do Otimismo no Rio de Janeiro.
Na década de 1970, o Brasil começa a participar dos Jogos Pan-Americanos (1971) e das Paraolimpíadas (1972).
O movimento social da pessoa com deficiência cresce nesse período tanto no país quanto no mundo. Em 1975, a Organização das Nações Unidas – ONU proclama a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, e, em 1981, ocorre o Ano Internacional das Pessoas com Deficiência.
Sobre o curso
O XI Curso de Inclusão das Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho: Prevenção, Segurança e Saúde no Trabalho foi realizado entre 5 de junho e 3 de julho deste ano em São Paulo/SP.
A atividade do último dia foi a visita ao Memorial da Inclusão.
A coordenação técnica do curso é feita pelas servidoras da Fundacentro Eliane Vainer Loeff, da Coordenação de Educação, e por Myrian Matsuo, da unidade da instituição no Rio de Janeiro. Também contou com o apoio de Adriana Belasco, Gerikson Nunes, Marcela Sarto e Tamara Martins.
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