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Projeto METIS promove encontro de meninas focado em Cibersegurança

por Paulo Fernandes Maciel

Cibersegurança: meninas terão primeiro encontro do projeto que promove inclusão feminina no setor

Apesar da crescente demanda por profissionais e da grande empregabilidade em cibersegurança, apenas 25% dos postos de trabalho no setor são ocupados por mulheres. Com o objetivo de aumentar a participação feminina na área, o projeto METIS, incentiva meninas e mulheres a explorar e avançar na segurança cibernética.

“Estamos mostrando a essas meninas o caminho para chegar à cibersegurança e também incentivamos a disseminação aos familiares do conhecimento sobre como se proteger”, explica a coordenadora do projeto, Michele Nogueira, doutora em Ciência da Computação pela Universidade de Sorbonne e professora da UFMG.

35 participantes do projeto METIS, alunas de escolas públicas, poderão vivenciar atividades de segurança cibernética, mediante jogos lúdicos, oficinas e visitas aos laboratórios no Departamento de Ciência da Computação no do campus Pampulha da UFMG

O primeiro encontro das 35 participantes do projeto, todas alunas do Ensino Médio e dos últimos anos do Ensino Fundamental de escolas públicas de Belo Horizonte e Região Metropolitana.

O evento acontecerá no sábado, 05 de julho, das 8h 30min às 12h, no prédio do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

No evento elas poderão conhecer melhor o que é a cibersegurança através de um jogo lúdico, no estilo do UNO, criado pelas universitárias participantes do projeto. “A atividade será feita em grupos. O jogo tem cartas que trazem cinco ataques cibernéticos diferentes e cinco tipos de defesas que podem ser usadas. Além de cartas com quiz, de perguntas sobre ataques cibernéticos e cibersegurança”, conta Michele Nogueira.

projeto METIS

Oficina Raspberry PI

Haverá também a “Oficina Raspberry PI e Cibersegurança”, onde as 35 meninas conhecerão os equipamentos usados nos laboratórios, como os raspberry PI, que são computadores do tamanho de um cartão de crédito, mas com capacidade de executar tarefas de um computador convencional.

“Na oficina, elas poderão acompanhar como acontece um ciberataque pishing (roubo de senha) em uma simulação no laboratório. Essa atividade também busca conscientizar sobre os diferentes tipos de ataques”, informa a professora.

O encerramento do encontro será com a visita das participantes ao Departamento de Ciência da Computação (DCC) e seus laboratórios na UFMG. “Esse é apenas o primeiro encontro de outros que acontecerão ao longo dos três anos de duração do Projeto METIS.

Mais do que apenas motivar, o projeto se compromete a oferecer apoio contínuo para meninas, ajudando-as a progredir em suas carreiras desde o Ensino Básico até a transição para o mercado de trabalho”, esclarece Michele Nogueira.

O Projeto METIS

O Projeto METIS, que está recebendo apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq);

Tem como principais objetos:

A conscientização das meninas sobre a possibilidade de atuação em cibersegurança desde ensino fundamental até superior;

O desenvolvimento de habilidades dessas meninas;

A formação de rede de mentorias e de parcerias estratégicas para elas;

Promoção da inclusão social por uma profissão altamente demandada e com remuneração diferenciada;

Além de influenciar na criação de políticas públicas que promovam incentivos para as meninas atuarem na área. O projeto também conta como parceiros a Sociedade Brasileira de Computação (SBC), através do programa Meninas Digitais, empresas de tecnologia e dos governos das cidades envolvidas.

“Métis é a Deusa grega da proteção.

As mulheres têm preocupação intrínseca com proteção; por isso, trazem perspectivas diferenciadas e necessárias para construção de soluções de cibersegurança. O projeto visa mudar promover a inclusão e o protagonismo feminino na cibersegurança. Nosso objetivo é mudar a realidade que nós, cientistas em STEM (sigla do inglês para se referir às áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática), enfrentamos hoje, quando estamos em reuniões com colegas, e somos minoria sempre, às vezes uma mulher, outras duas entre tantos homens”, relata Michele.

O Projeto METIS pretende Furar a bolha da presença predominantemente masculina no setor

Ela aprendeu a lidar com essa situação e, com o tempo, foi adquirindo mais segurança para se posicionar em situações em que o fato de ser mulher gerou desconforto. “Eu entendo que seja desconforto para muitas meninas e muitas mulheres, até mesmo pela forma de atuação de alguns homens e também de mulheres, infelizmente.

Muitas vezes nem eles mesmos percebem o que estão fazendo. Alguns interrompem o que estamos falando e não nos deixam terminar a frase. Outras vezes, falamos algo importante, os demais não valorizam, e mais adiante um homem fala o mesmo, com as mesmas palavras e todos valorizam.

É cultural e temos que trabalhar em cima disso de forma ampla. Eu sempre tive uma personalidade forte, mas em algumas situações eu me resguardava, me diminuía onde eu deveria, na verdade, falar. Eu fui aprendendo a fazer isso ao longo do convívio com eles e elas, me posicionando”, reflete Michele.

A cientista da computação lembra que já no período de graduação era minoria na sala de aula. Mas, ela sempre se destacou pelo seu desempenho e acredita que por isso se sentia integrada à turma. “Apesar da maioria ser masculina, sempre tive uma relação muito boa com os meninos da minha turma e fiquei muito integrada com eles. Mas pode ser também porque como sempre me destacava muito nas disciplinas, eles acabavam me aceitando. Talvez me aceitavam por esse aspecto e não exatamente por ser mulher ou não”, analisa ela.

O projeto METIS busca não apenas aumentar o número de mulheres na área, mas também criar uma mudança estrutural no setor, contribuindo para a formação de um ambiente mais inclusivo e diverso. “Assim, o projeto não só fortalece a cibersegurança, mas também promove um impacto positivo na sociedade, mostrando que a inclusão é um caminho essencial para a inovação e o progresso”, concluiu a professora.

Sobre a Pesquisadora Michele Nogueira

Michele Nogueira é cientista da computação atuando nas áreas de redes de computadores, segurança de redes e privacidade dos dados. Tem doutorado em Ciência da Computação pela Sorbonne Université – UPMC/LIP6, Paris, França (2009) e realizou Pós-doutorado na Universidade Carnegie Mellon (CMU), Pittsburgh, EUA, com bolsa de Estágio Pós-Doutoral no Exterior CAPES, Programas Estratégicos – DRI. Foi membro titular do Conselho Nacional de Proteção dos Dados Pessoais e da Privacidade (CNPD) da Autoridade Nacional de Proteção dos Dados Pessoais (ANPD).

É membro sênior da Association for Computing Machinery (ACM) e do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) em reconhecimento à sua liderança e contribuições técnicas e profissionais.

É professora associada do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e é membro permanente do programa de Pós-graduação em Ciência da Computação.
Dedica-se a pesquisas voltadas à cibersegurança e à resiliência de redes e comunicação com aplicações em vários setores da sociedade.

Serviço:


1º Encontro do projeto METIS (participação apenas sob convite)


Data: 05/07/2025
Horário: De 8h 30 min às 12h
Local: UFMG – DCC – Sala 277
Programação:
08h30- 09h00- Recepção e networking
09h00 – 09h30 – Boas vindas, apresentação geral do projeto e da importância de cibersegurança
09h30-10h30 – Dinâmica de integração com jogos (atividade em grupos)
10h30-11h00 – Coffee Break
11h00-11h45 – Oficina raspberry PI e cibersegurança
11h45-12h00- Visita ao departamento e aos laboratórios

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