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Mulheres fazem história no agronegócio mato-grossense

por Paulo Fernandes Maciel
mulher no agro

A mulher no Agro quebra o paradigma de que só os afazeres domésticos e a criação dos filhos foram, por muito tempo, os principais papeis desempenhados pelas mulheres.

mulher no Agro

Hoje, além dessas atribuições, muitas delas têm assumido novas funções no mercado de trabalho, inclusive se tornando líderes em grandes empresas e negócios.

No agronegócio não é diferente.

A presença feminina no setor vem ganhando força nos últimos anos.

Para se ter uma ideia da importância da mulher no Agro, segundo dados do último Censo (2010);

Do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As mulheres do campo são responsáveis por quase metade da renda familiar (42,4%), valor superior ao das que vivem nas cidades (40,7%).

Além disso, uma pesquisa da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag);

Divulgada no ano passado, apontou que mais de 70% das mulheres que atuam no setor estão no comando dos negócios.

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É o caso da produtora rural Giovana Terezinha Velke, que lidera o Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis.

Sua família, natural do Rio Grande do Sul, veio para Mato Grosso em 1979.

Formada em administração de empresas e pós-graduada em Gestão do Agronegócio, Giovana é responsável pela;

Gestão financeira da propriedade da família que produz soja, milho, milho pipoca, girassol, pipoca e crotalária.

Giovana conta que seu maior desafio para ingressar nos negócios da família começou dentro de casa. “Como acontece tradicionalmente no Rio Grande do Sul, meu pai sempre acreditou que o negócio da família tem que ser administrado pelo filho homem, o que não seria diferente em nossa casa.

Mas somos uma exceção, meu pai teve três filhas.

Portanto, com a chegada da informatização, meu pai não estava conseguindo conciliar o campo com a parte administrativa e financeira da propriedade.

Foi quando eu comecei a ajudá-lo e hoje sou responsável por toda parte financeira da fazenda.”

Relatou Giovana.

No sindicato rural, sua chegada foi acontecendo aos poucos.

Ela começou a acompanhar o pai em reuniões e eventos do sindicato de Campo Novo do Parecis com o objetivo de se qualificar e entender mais do agro.

“Lembro-me que não tinha o conhecimento que tenho hoje sobre o agronegócio.

Não entendia de planejamento, comercialização e mercado.

E as coisas foram acontecendo aos poucos, fui assumindo as responsabilidades do meu pai, enquanto que ele ficou com a parte de plantar e colher e eu com todo o restante.

Naturalmente, as coisas foram acontecendo, primeiro foi a oportunidade de ser delegada da Aprosoja e, logo mais tarde, em 2015, assumi a cadeira de presidente do sindicato.” disse.

Giovana conta que embora nunca tenha sido vítima de discriminação por gênero, reconhece que ser mulher e estar à frente de um cargo de liderança ainda é exceção no meio rural.

“Nunca sofri preconceito, muito pelo contrário, sempre tive o respeito e o apoio dos produtores rurais de Campo Novo.

De certa forma fui indicada por eles para liderar o sindicato.

Mas sei que o preconceito existe, porém acredito que quando a gente tem objetivos isso nunca vai ser uma barreira”, contou Giovana.

A presidente sindical também é responsável pela organização de uma das maiores feiras de agronegócio do Brasil:

A Parecis SuperAgro, o que para Giovana é um dos maiores desafios do sindicato.

Das 10 edições da feira já realizadas, Giovana participou de cinco acompanhando toda a organização. Neste ano, a 11ª edição será entre os dias 9 e 12 de abril, em Campo Novo do Parecis.

Outra mulher de sucesso no Agro é a pecuarista e presidente do Sindicato Rural de Araputanga, Maria das Dores Souza.

Ela é a prova de que o amor pelo campo não vem necessariamente de berço.

Natural de Jussara-GO, veio para o município de Araputanga em 1999, aos 29 anos.

Ao se instalar definitivamente na cidade, casou-se com um pecuarista e, desde então, sua trajetória mudou da água para o vinho, ou seja, da cidade para o campo.

“Foi amor à primeira vista”, diz ela. Pelo marido? “Não. Pela pecuária”.

Maria conta que o amor chegou desde o primeiro contato com a atividade.

“Mudei de mala e cuia para a fazenda, onde passei a me dedicar inteiramente”, contou.

A pecuarista coloca a mão na massa sem medo. Em sua rotina realiza atividades, desde administrar a fazenda, como os serviços que exigem a força do braço.

Entre eles está a alimentação dos animais, limpeza dos coxos e bebedouros, preparação dos alimentos, manejo e outros.

Para ela, seu trabalho é um meio importante para a renda familiar.

“Me sinto feliz em trabalhar na fazenda.

Me considero uma pessoa abençoada por lidar com as atividades da fazenda e estar sempre aprendendo”, descreveu com orgulho.

Uma fase difícil foi quando ficou viúva e as pessoas diziam que ela ia acabar com tudo e que não conseguiria administrar a fazenda sozinha.

“Período triste, pois perdi meu companheiro e triste porque as pessoas me julgavam incapaz.

Como acabar com algo que me realiza e faz meus dias melhores?

Levantei a cabeça, sacudi a poeira e dediquei à pecuária com todas as minhas forças”, relatou.

Hoje, aos 48 anos, Maria das Dores é a representante oficial da mulher no agro, classe produtora de Araputanga, na maioria pecuaristas.

Assumiu a presidência do sindicato rural do município no final do ano passado.

“Me encontro em um momento privilegiado.

À frente do Sindicato Rural de Araputanga, me dedico às causas do setor.

Aqui tenho a oportunidade de integrar os produtores de todas as cadeias, realizar cursos e treinamentos pelo Sistema Famato.

Além disso, eu e a diretoria trabalhamos em projetos e alternativas para o homem do campo e para estimular a atividade agropecuária”, descreveu.

Assim como todas as presidentes de sindicatos rurais, a conquista por espaço no agronegócio mato-grossense foi com muito trabalho, respeito e credibilidade.

“Eu acredito na força do trabalho e na perseverança.

Somos nós mesmas que abrimos as oportunidades.

Se trata de enfrentar os obstáculos da discriminação de gênero, medo e insegurança”, conclui Maria das Dores.

Conheça o nome das mulheres que já presidiram os Sindicatos Rurais de Mato Grosso e as que continuam liderando essas entidades:

 

Algumas referências de mulher no Agro

Diamantino – Alair Alves Schimidt (1977/1984)
Nova Mutum – Leane Simone Altmann (1999/2003)
Matupá – Cecília Stafuzza (2008/2014)
São José do Xingu – Delúbia Borges Tulha (2012/2015)
Gaúcha do Norte – Neuza Cecília Wessner (2013/2016 e 2016/2019)
Chapada dos Guimarães – Deusimar Muiz Lima (2014/2017)
Campo Novo do Parecis – Giovana Terezinha Velke (2015/2018)
Castanheira – Greicy Cordeiro da Silva 2015/2018 (presidente em exercício) e 2018/2021 (presidente)
Cocalinho – Anita Ferreira (2016/2019)
Araputanga – Maria das Dores de Souza (2017/2020)

 

Fonte: Famato

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