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[zona de conflito] Estudantes na Turquia usam redes sociais para driblarem a censura

por Agência Canal Veiculação

Usuários de internet móvel na Turquia estão driblando a censura do governo por meio de softwares que codificam e escondem suas conexões com o exterior, na medida em que os protestos contra o regime intensificam-se no país. Também estão sendo usados aplicativos como Twitter e Ustream, que podem exibir vídeos ao vivo, e Zello, que funciona como um walkietalkie, para gravar ao vivo eventos e fugir da vigilância. A Turquia tem cerca de 73 milhões de habitantes (metade com conexão à internet).

No final de semana, mais de 120 mil pessoas no país baixaram o aplicativo móvel gratuito Hotspot Shield, que fornece uma conexão do tipo “rede privada virtual” (VPN), que não pode ser grampeada e que oferece link com outros países. A empresa Anchorfree, que fabrica o software, disse que o download do produto – já popular na Turquia como meio de fugir da censura do governo – saltou mais de três mil vezes ao longo dos últimos dias. “O realmente interessante é que dezenas de milhares de pessoas estão fazendo o download de Hotspot Shield e outros aplicativos de comunicação na expectativa de uma nova censura”, disse David Gorodyansky, fundador e executivo-chefe da AnchorFree. “Isso mostra como a tecnologia de aplicativos móveis e a internet estão ajudando a impedir tentativas de limitar os direitos democráticos e a liberdade”.

Escalada de violência e censura

O governo turco vem sendo criticado há meses por censurar conteúdo do Twitter e do Facebook. Grupos curdos dentro e fora da Turquia já haviam reclamado que tuítes com a hashtag #twitterkurds foram censurados para que protestos no país alegando maus-tratos não aparecessem nas redes sociais. No último fim de semana, o acesso a estes sites chegou a ser cortado, segundo matéria do TechCrunch.

No entanto, a Turkcell, a maior das três empresas de telefonia celular no país, que cobre metade da Turquia e 60% dos usuários de celulares, negou que as conexões tenham sido bloqueadas. Autoridades do governo também negam a censura. Recentemente, o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, chamou o Twitter de “ameaça”, acrescentando que “os melhores exemplos de mentiras podem ser encontrados lá”.

O governo turco implementou um sistema centralizado no qual todo o tráfego de internet percorre sistemas da Turk Telecom, o que significa que o conteúdo pode ser bloqueado ou sites podem ser tirados do ar. Há, ainda, um órgão governamental que pode proibir conteúdo da internet sem um mandado ou fiscalização judicial.

De acordo com a Renesys, empresa de monitoramento de conectividade da internet, não há evidência de que a conectividade turca para o exterior esteja sendo bloqueada, como aconteceu com a Síria e com o Egito recentemente. “Examinamos o alcance de redes sociais na Turquia e não achamos nada de atípico. Analisamos o histórico de 72 horas do acesso da Turquia a esses sites e não encontramos mudança no comportamento”, observou o diretor de tecnologia, Jim Cowie. Ele acrescentou, no entanto, que é impossível saber se há bloqueio local de conexões.

 

 

Veiculação Colaborativa, agenciada OverBR – Tradução: Larriza Thurler, edição de Leticia Nunes.

Informações de Charles Arthur [“Turkish protesters using encryption software to evade censors”, The Guardian, 4/6/13]

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