Você já parou para pensar que tipo de informações põe na internet? Nome, endereço, telefone, senhas de cartões ou e-mail, fotos, vídeos, arquivos de textos e tantos outros dados muitas vezes são publicados de maneira inocente e espontânea. Conteúdo, muitas vezes, cobiçado por fraudadores.
O relatório de fraude da RSA Anti-Fraud Command Center (AFCC), divisão de segurança da EMC2 Corporation, constatou que o Brasil está na lista dos cinco países – ocupando a quarta colocação – que mais tiveram corporações vítimas de fraudes digitais no mundo. Segundo a RSA, 4% dos ataques de phishing (fraude eletrônica) no mundo foram destinados a empresas daqui, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (28%), do Reino Unido (13%) e da Índia (7%). Esses dados revelam uma tendência nada positiva: o crescimento do roubo de identidade, muitas vezes facilitado pelo comportamento de alto risco dos usuários da internet.
Segundo o professor do Centro de Informática (CIn) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Ruy Guerra, uma vez que os dados estão na internet não há mais como apagá-los. “Existe a possibilidade de ocultar a informação, mas não de deletar. Por isso, a única forma de evitar a exposição é não fornecer as informações”, alerta. “Os mais experts também conseguem navegar por esses arquivos ocultos na chamada deep web, que tem um conteúdo superior, e que os mecanismos de busca padrão não conseguem acessar em uma simples pesquisa. Por isso, oriento as pessoas a, de vez em quando, fazerem uma varredura para descobrir se tem algum lugar armazenando os seus dados”, completa Guerra.
O designer Ighor Gonzaga, de 25 anos, apesar de ser muito cuidadoso na hora de disponibilizar seus dados na internet, já passou pela experiência de ter invadida sua conta de e-mail. “Fui acessar o Gmail e ele me notificou de um acesso vindo de um computador da China”, lembra. “ Foi surpresa para mim, porque nunca abro mensagens de banco e também não coloco minhas informações aleatoriamente na rede”, conta.
Para o professor especialista em ciências criminais da Faculdade Maurício de Nassau Wagner Arandas, antes de divulgar qualquer dado é importante se certificar de que aquela informação é mesmo necessária. “A gente mesmo expõe esses dados. Foursquare, Facebook, Twitter, contas de e-mail e fotografias são arquivos íntimos e, muitas vezes, não se faz ideia do que se está lançando ali na rede.”
Segundo Arandas, o Brasil ainda está caminhando no que se refere a uma legislação específica para crimes cibernéticos, portanto, acionar a Justiça deve ser o último recurso a ser procurado. É muito melhor adotar atitudes preventivas. “Tudo no meio virtual é muito rápido e a legislação não consegue acompanhar. Além disso, o maior problema não é o sistema, são os usuários. Quanto mais a gente acessa, mais nos expomos. Mas, se tomarmos todos os cuidados necessários, há como minimizar muito os riscos de uma informação ser mal utilizada”, alerta o especialista. “No Brasil, a Lei 12.737/2012 (a Lei Carolina Dieckmann) há proteção para a intimidade. Ela, inclusive, é baseada no antigo projeto de Lei Azeredo, que tramita no Congresso desde 1999. Ainda há muito a ser discutido sobre o assunto”, completa.
DICAS
» Sempre desconfiar de coisas fáceis ou boas demais
» Criar grupos restritos em redes sociais
» Criar links
» Ficar atentos às atualizações dos sistemas
» Nunca usar a mesma senha para todos os serviços
» Evitar salvar senhas em navegadores
» Sempre usar senhas em roteadores wi-fi
» Preferir o teclado virtual quando precisar digitar senhas
» Evitar abrir e-mails de instituições, principalmente bancárias
» Ter cuidado com sites de compartilhamento e com o que vai baixar