Você sabia que apesar dos usuários Android baixarem mais aplicativos, são os desenvolvedores para iOS que estão lucrando mais? De toda a quantia gasta em apps durante o primeiro semestre de 2013, 74% dela veio de usuários do sistema da Apple, segundo estudo publicado recentemente.
Com isso, qual desenvolvedor não pensa em ganhar dinheiro desenvolvendo apps para iOS? Mas, afinal, como se tornar membro do iOS Developer Program e publicar sua marca na App Store? Para saber mais sobre isto e outros detalhes importantes que cercam a criação de apps iOS, a Wide entrevistou Luiz Querino, autor do livro “Criando Aplicativos para iPhone e iPad”. Confira.
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WIDE Você trabalha com desenvolvimento de aplicações web e para dispositivos móveis desde 1999. De onde surgiu essa vontade de desenvolver aplicativos?
LUIZ QUERINO Sempre gostei de programar, começando aos dez anos e chegando até a idade adulta, quando obtive graduação e mestrado em Ciência da Computação. Quando os computadores de mão começaram a se popularizar, na segunda metade dos anos 90 – pelos saudosos “Palms” da empresa homônima, a Palm, passei a pesquisar o assunto. Mas o grande “divisor de águas” foi, sem dúvida, o aparecimento do iPhone, em 2007. Era algo realmente inovador, diferente de tudo que tínhamos visto até aquele momento. Quando tive a chance de usar um pela primeira vez, em 2008, não teve mais como negar: aquele aparelho – e os outros smartphones que surgiram depois dele ? causaria uma nova revolução na computação pessoal.
WIDE Como uma pessoa pode se tornar membro do iOS Developer Program e publicar sua marca na App Store?
LUIZ QUERINO Hoje, qualquer usuário de um Mac pode se inscrever gratuitamente na Apple, baixar o Xcode pela Mac App Store – o Xcode é o programa que usamos para desenvolver aplicativos tanto para iPhone e iPad quanto para Mac ? e “brincar” um pouco, criando aplicativos e testando no emulador. Quem quiser publicar na App Store, ou testar seu aplicativo em um iPhone ou iPad “real”, deve se inscrever no iOS Developer Program e pagar uma taxa de 99 dólares anual. Depois de pagar a taxa, o usuário receberá um certificado digital que utilizará para assinar seus aplicativos, possibilitando assim que o mesmo seja testado em um aparelho físico ou disponibilizado ao público pela App Store. Na loja, ele pode ser distribuído gratuitamente ou vendido, por valores iniciando em 0,99 centavos de dólar. Vale lembrar que, uma vez inscrito no programa, o desenvolvedor pode publicar vários aplicativos, tanto para iPhone quanto iPad, recebendo 70% do valor total das vendas. Dessa forma, poderá receber “de volta” em pouco tempo o valor investido na inscrição do programa.
WIDE Atualmente, em sua opinião, quais as maiores dificuldades impostas pelo sistema iOS encontradas pelos desenvolvedores na criação de aplicativos?
LUIZ QUERINO Existem duas considerações nesse aspecto: a necessidade de possuir um Mac com o sistema operacional Mac OS X instalado, para poder executar a ferramenta de desenvolvimento – o Xcode -, e saber programar na linguagem Objective-C. O Xcode não possui versões para outros sistemas operacionais do mercado, como Linux e Windows. Por isso, o desenvolvedor precisa ter acesso a um Mac para executá-lo. Já a linguagem usada na criação dos programas para iOS, Objective-C, é ainda pouco conhecida dos programadores brasileiros. Não conheço, por exemplo, uma faculdade que ensine Objective-C dentro da sua grade curricular – o que é uma pena, pois é uma excelente linguagem, que incute bons hábitos no programador. Mas isso está mudando; o índice TIOBE, que analisa a popularidade mundial das linguagens de programação, coloca, em agosto de 2013, Objective-C como a quarta linguagem dentro do ranking, atrás apenas de Java, C e C++. Para se ter uma ideia, de acordo com o mesmo índice, há cinco anos, a linguagem ocupava a quadragésima primeira posição.
WIDE E na visão do desenvolvedor, o que falta para o iOS ficar ainda melhor?
LUIZ QUERINO Muitos recursos que não existiam nas versões anteriores acabaram sendo incluídos pela Apple, que está sempre atenta aos comentários da comunidade de desenvolvedores. A possibilidade de atualizar a versão do iOS pela rede sem fio e sincronizar os aparelhos com o computador dessa mesma forma, por exemplo, são exemplos de recursos sugeridos pelos usuários e posteriormente acrescentados pela Apple no sistema. Como desenvolvedor, posso dizer também que muitas facilidades foram introduzidas ao longo dos anos que aumentaram significativamente a produtividade na programação iOS como, por exemplo, o gerenciamento automático da alocação de memória. Futuramente, gostaria que ele complementasse os recursos que já possui para conexão com o Facebook e o Twitter.
WIDE Que mudanças o novo iOS 7 traz para os desenvolvedores?
LUIZ QUERINO Sim, a versão beta do iOS 7, assim como o Xcode 5, voltado à criação de apps para essa nova versão do sistema, está disponível para desenvolvedores cadastrados desde julho. Além das óbvias mudanças estéticas no sistema ? mudança no esquema de cores, ícones e elementos de interface -, vários recursos adicionais foram disponibilizados, como o uso avançado de multitarefa e criação facilitada de jogos 2D como o framework SpriteKit. Mas a grande mudança, realmente, está na interface – os desenvolvedores deverão agora “renovar” seus aplicativos existentes para que fiquem com a nova “cara” do iOS.
WIDE Quais os principais temas abordados em seu livro “Criando Aplicativos para iPhone e iPad”, lançado este ano? Pretende lançar outras publicações?
LUIZ QUERINO O livro traz uma série de exemplos de aplicativos úteis e interessantes que o leitor desenvolve à medida que aprende a linguagem Objective-C e os recursos existentes nos aparelhos como, por exemplo, um divisor de conta de bar ou restaurante; uma lista de compras; um aplicativo de desenho no estilo Paint; e até mesmos exemplos de mini-jogos, entre outros. Tudo de forma bastante didática e prática. Estou escrevendo um novo livro dentro da mesma linha deste, abordando agora o desenvolvimento para dispositivos móveis com Android. Será lançado em breve também pela editora Novatec.
Colaboração e Envio Agenciado por Por Tiago Bosco em 16/09/2013