Usar o celular dentro da sala de aula já não é um tabu. Diversos estudos têm mostrado que, ao invés de coibir o uso dos dispositivos móveis, as escolas devem incorporá-lo como um recurso que já tem uma forte ligação com a rotina dos estudantes. A adaptação tem representado um grande desafio para as instituições de ensino, que têm buscado diversos recursos para acompanhar o estilo de vida da nova geração “conectada”, como atividades interativas, aplicativos mobile e sistemas de gestão de informações e provas.
Atualmente, o cenário que se vê são salas de aula que rompem os limites tempo-espaço e alunos que exigem tratamento mais flexível, transdisciplinar e, sobretudo, não linear. Dessa forma, com o uso cada vez mais constante das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), a aprendizagem ocorre a toda hora e em todos os lugares, resignificando o papel dos professores e alunos. Para a professora Carla Viana Coscarelli, especialista em letramento digital, as escolas vivenciam um momento privilegiado de troca de informações e construção de conhecimento colaborativo. “Professores e alunos poderão usufruir de tudo o que a Internet e os novos dispositivos oferecem, desde que estejam abertos a essa transformação do ambiente escolar.”
Um estudo realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP) mostra que quase 60% dos alunos de ensino médio com renda familiar inferior a R$2,5 mil já possuem um celular ou tablet com acesso à Internet; e mais de um quarto deles já os utilizou para estudar e realizar atividades escolares. No entanto, o uso das tantas possibilidades disponíveis ainda assusta alguns professores. Coscarelli ressalta que a tecnologia não deve estar na sala de aula senão com propósitos definidos, de modo a trabalhar as habilidades que os alunos precisam desenvolver a partir das informações digitais. “Também não podemos nos esquecer de que os professores também são aprendizes neste contexto em que tudo é novidade. Por isso enfrentam o desafio de transformar seu saber em conteúdos para serem trabalhados didaticamente nas salas de aula”, reforça. Neste sentido, as instituições necessitam se adequar ao novo estilo de vida online das novas gerações de alunos e professores, capacitando-os quando necessário.
Segundo o CEO da empresa de TI Verga Sistemas, Willian Valadão, as instituições de ensino devem estar atentas ao avanço das tecnologias e da inovação para incorporar esses processos de forma satisfatória aos seus clientes. “Se os alunos acessam sites de pesquisa e redes sociais a partir de seus dispositivos móveis de qualquer lugar, por que não acessar também as informações acadêmicas via mobile?”.
Neste sentido, chama a atenção para a cada vez mais crescente necessidade das instituições de incorporar as tecnologias no dia a dia das escolas, a fim de evitar um “afastamento” com os estudantes. “A era da informação exige um trato diferenciado tanto para os alunos quanto para os professores, no sentido de simplificar e agilizar o acesso às informações e serviços de que necessitam em dia a dia, dentro e fora da escola”, afirma.
Recentemente, a Verga Sistemas lançou o VMobile, um aplicativo inovador na área da educação que além de simplificar o acesso às mais diversas informações acadêmicas via mobile, permite desburocratizar os serviços e processos da própria instituição, reduzindo fila e gastos operacionais. Por meio da solução, os estudantes podem ter acesso às suas notas, quadro de horários, agenda do curso, histórico escolar, acesso ao acervo da biblioteca e até documentos e boletos. “São ferramentas como essa que vão dinamizar a rotina das instituições de ensino, possibilitando que elas possam caminhar lado a lado com os avanços da tecnologia e das novas gerações”, conclui.
Tecnologia permite ensino personalizado
Segundo o projeto New Media Literacies (NML) desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), as novas gerações já dominam muitas das habilidades exigidas para a Educação no século XXI devido ao intenso contato que têm com o ciberespaço. No entanto, revela também que nem todos os jovens acessam criticamente essas informações e, por isso, correm o risco de ficarem à margem da educação, do emprego e da participação social ampliada pela internet.
Neste sentido, a professora Mônica Vieira Araújo, especializada em cultura escrita digital, explica que as instituições de ensino e professores desempenham papel fundamental na construção da identidade de seus alunos, bem como de seu caminho pessoal e profissional, “pois não é um novo instrumento de ensino que modifica e melhora o processo de ensino e aprendizagem, mas sim o professor”. A alteração do estilo dos alunos demanda também uma profunda alteração na forma como ensino e avaliação são pensados nas escolas. “Devem buscar a construção do conhecimento por meio de uma maior interação entre professor e aluno, promovendo uma relação de confiança entre os sujeitos e resignificando seu contato com a tecnologia”, completa Araújo.
A tendência é que as avaliações se tornem cada vez mais personalizadas e atendam às especificidades de cada aluno, abrangendo seus potenciais e fortalecendo suas dificuldades. Ouvir o aluno e construir o saber de forma compartilhada, com foco no uso competente das tecnologias digitais, é um novo passo para as instituições de ensino do futuro. Assim, conforme nos lembra a professora Carla Coscarelli, as escolas devem se tornar mais agradáveis e significativas para os alunos que, por sua vez, deverão estar preparados para questionar e buscar respostas de forma autônoma. “As escolas terão de optar pelo tradicionalismo ou se abrir para uma abordagem mais contemporânea, aberta, multimodal e diversificada”, conclui.