As emissões globais de dióxido de carbono provenientes da queima de combustíveis fósseis devem atingir o nível recorde de 36 bilhões de toneladas em 2013, de acordo com o Projeto Carbono Global, da Universidade de East Anglia, na Inglaterra. O aumento de 2,1% sobre o que havia sido projetado para este ano significa 61% mais emissões que as registradas na década de 1990, o ano base do Protocolo de Kyoto.
“Os governos que se encontram em Varsóvia nesta semana precisam entrar em acordo sobre como reverter essa tendência. As emissões devem cair substancial e rapidamente se quisermos um aquecimento global abaixo de 2ºC”, disse Corinne Le Quéré, pesquisadora da universidade e principal autora do estudo, referindo-se à 19ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 19), que encerra na próxima sexta-feira na Polônia. “Emissões adicionais a cada ano causam mais aquecimento e novas alterações no clima”, lembrou.
Desde 1870, calcula-se que já foram emitidas 2,015 trilhões de toneladas de CO2, sendo que 70% podem ser atribuídos à queima de combustíveis fósseis, e 30% ao desmatamento. As projeções de aumento nas emissões em 2013 repete o que ocorreu no ano passado, quando houve crescimento de 2,2% sobre o projetado. Os países que mais registraram aumento foram China e Índia, com 5,9% e 7,7%, respectivamente. Em termos de emissão per capita, os EUA se mantiveram no topo, com 16 toneladas por habitante ao ano.
Carvão
Ontem, em Varsóvia, a secretária executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC ), Christiana Figueres, dirigiu-se diretamente aos presidentes das maiores companhias produtoras de carvão e afirmou que esse mercado pode e tem de se diversificar radicalmente para evitar impactos dramáticos no clima do planeta. O combate a combustíveis fósseis, uma das principais pautas da COP 19, encontra diversos oponentes, incluindo a Polônia, anfitriã do encontro — o modelo energético do país do leste europeu é baseado justamente no carvão, o que motivou protestos do grupo ambientalista Greenpeace.
“Quero deixar claro que minha presença aqui hoje nem é uma aprovação sobre o uso do carvão nem é um chamado para o desaparecimento imediato dele. Estou aqui para dizer que (a indústria do) carvão deve mudar rápido e dramaticamente, para a segurança de todos”, afirmou Figueres, na abertura do encontro da Associação Mundial do Carvão, que também ocorre em Varsóvia, poucos dias depois de o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) mostrar que as alterações no clima provocadas pela ação do homem são reais e estão acelerando.
“A descoberta do IPCC foi endossada por 195 países, incluindo todos aqueles nos quais vocês operam. Estamos enfrentando concentrações sem precedentes de gases de efeito estufa na atmosfera. Se continuarmos a satisfazer as necessidades energéticas dessa forma, vamos extrapolar o limite de aquecimento de 2°C, estabelecido globalmente”, disse a secretária executiva. “Tudo isso me diz que a indústria do carvão enfrenta um risco sobre negócios futuros que vocês não devem ignorar. Como toda outra indústria, vocês têm uma responsabilidade fiduciária frente à sua força de trabalho e a seus investidores. E, agora, está abundantemente claro que o investimento futuro com carvão só poderá ser feito se o resultado disso for compatível com o limite de 2ºC”, insistiu.
O Estado de Minas – agenciado Overbr Tecnologia