Cientistas sul-africanos e colaboradores americanos descobriram novos anticorpos e sua potência no corpo humano contra o vírus HIV, deixando a pesquisa ainda mais próxima de uma vacina ou tratamento.
Há décadas, cientistas vêm lutando para encontrar uma vacina contra o HIV/AIDS, em grande parte devido à rapidez de evolução do vírus, que cria um número muito grande de variantes da espécie. Uma vacina eficiente deve orientar o corpo a produzir anticorpos neutralizadores, capazes de reconhecer e destruir as diferentes formas do vírus. Tais anticorpos são motivos de estudo de muitos cientistas e pesquisadores ao redor do mundo.
Os cientistas da África do Sul e seus colegas internacionais identificaram 12 anticorpos similares em um paciente sul-africano e observaram como eles evoluíram com o tempo para se tornarem efetivos e como seria possível duplicá-los em laboratório.
Os anticorpos atacam uma parte específica do vírus HIV-1, conhecido como V1V2. Esse trabalho oferece duas novas possibilidades de ataque ao HIV/AIDS: primeiramente, anticorpos clonados podem ser investigados como possível tratamento e prevenção para o vírus e, por fim, os conhecimentos adquiridos sobre a evolução dos sistemas de defesa do corpo oferecem pistas para um desenvolvimento futuro de vacinas, de acordo com Lynne Morris, chefe da seção de Virologia HIV do Instituto Nacional de Doenças Comunicáveis (NICD). Ela é co-autora do artigo que explica a pesquisa, publicado no prestigiado jornal Nature.
Os anticorpos foram isolados de uma voluntária conhecida como CAP256, e rastreados por um período de 4 anos anteriores. Pouquíssimos grupos de pesquisa tiveram acesso a amostras de sangue de um período tão longo, que foram mantidos no Centro de Pesquisas da AIDS na África (Caprisa), de acordo com a Dra. Morris.
Esses anticorpos especiais possuíam “braços longos”, que os tornavam capazes de penetrar a camada protetora do vírus HIV. Os cientistas observaram que os anticorpos da paciente já tinham essas ferramentas de combate alguns meses após a contaminação, e não foram necessárias mudanças em sua estrutura nos meses seguintes para o combate do HIV.
Pode, assim, ser possível o desenvolvimento de uma vacina que se baseia nesses anticorpos, disse a Prof. Morris. Os cientistas pretendem testar a vacina em macacos, provando se as defesas são capazes de prevenir ou tratar a infecção, de acordo com o co-autor do estudo e co-diretor do Caprisa, Salim Abdool Karim. Os cientistas esperam basear seus estudos nas descobertas de Dan Barouch, da Harvard Medical School, que mostraram uma única injeção de anticorpos humanos em macacos reduzindo o HIV a níveis indetectáveis em poucos dias.
O Prof Karim disse que a equipe espera poder combinar diversos anticorpos neutralizadores, assim como hoje em dia fazemos com drogas de tratamento. “Se existe um benefício no tratamento, imagine só o que podemos fazer. Poderíamos ter um paciente recebendo injeções a cada três meses e as doses de drogas antirretrovirais conforme necessário”, afirma.
Os testes em macacos serão realizados nos Estados Unidos, já que laboratórios na África do Sul não fornecem o suporte necessário. Somente caso os testes em animais sejam bem sucedidos, haverá o avanço para testes em humanos, de acordo com o Prof Karim.
O Ministro de Ciência e Tecnologia, Derek Hanekom, afirmou que o estudo ilustrou a importância da parceria internacional científica. O Ministro da Saúde, Aaron Motsoaledi, elogiou a dedicação e a paciência dos pesquisadores sul-africanos. “Sem a paciência – assim que os estudos progridem nos entendimento do vírus e sua natureza – não seríamos capazes de compreender esse vírus tão complexo”, disse. Ele também menciona os pacientes que contribuíram com a pesquisa do HIV: “é claro que, mesmo conseguindo enormes avanços em laboratórios, o material humano sempre será o foco principal da pesquisa”.
Sobre a Brand South Africa
Brand South Africa, anteriormente conhecida como o Conselho Internacional de Marketing da África do Sul, foi criada em agosto de 2002 para ajudar a criar uma imagem de marca positiva e atraente para a África do Sul. O nome mudou oficialmente para melhor alinhar seu mandato de construir a reputação da marca da nação da África do Sul, a fim de melhorar sua competitividade global.