Aeróstato é alternativa de baixo custo para serviços de monitoramento e internet
Balão pode ser utilizado para vigilância em grandes eventos, provimento de internet para regiões remotas e auxílio em caso de desastres
Balões de ar e dirigíveis já são utilizados há algum tempo para a sinalização de pontos e divulgação de marcas, principalmente em grandes eventos. Pensando nisso, uma empresa brasileira resolveu investir em uma tecnologia nacional que tornasse o balão mais do que um simples expositor de marca e fornecesse uma série de serviços importantes quando em operação. Foi assim que a Altave desenvolveu o aeróstato cativo, um balão fixo que, entre as suas funcionalidades, pode servir para vigilância e monitoramento de segurança, com uma série de câmeras instaladas a bordo; e para o provimento de internet wifi a um grande público.
Operações de monitoramento e vigilância em grandes eventos necessitam de uma infraestrutura robusta para que as imagens possam ser geradas. Para isso, é muito comum a utilização de helicópteros, que demandam gastos elevados com combustível, aluguel do veículo e pagamento do piloto especializado na situação. Segundo Bruno Alvena, diretor da Altave, uma das vantagens do aeróstato cativo é o baixo custo de operação com relação a outras opções:
– O dispositivo se sustenta devido à diferença de densidade do gás armazenado em seu interior e do ar atmosférico, o que gera uma força de empuxo (sustentação aerostática). Dessa forma, ele é capaz de sustentar seu próprio peso, o peso dos equipamentos embarcados, do cabo de ancoragem e, ainda, fornecer um empuxo líquido para auxiliar em sua estabilidade frente aos ventos. Os gases mais usados são o hélio e o hidrogênio. Já realizamos ensaios com dezenas de disparos de fuzil, sem qualquer problema de ignição. A energia para operação do equipamento embarcado pode vir de baterias ou através de um cabo especial, que possui propriedades mecânicas para ancoragem do aeróstato e um núcleo contendo condutores.
De acordo com o especialista, os critérios da Aeronáutica classificam o aeróstato como uma aeronave simples:
– O aeróstato cativo não tem motores, por isso não precisa da certificação típica de outras aeronaves motorizadas. Além disso, por ficar ancorado em um ponto fixo e não depender de um controle ativo para se manter em voo, as consequências de falha são muito baixas. No entanto a Força Aérea é quem regulariza o voo dos aeróstatos cativos, possuindo legislação própria para tratar do assunto e especificar as condições para a utilização, como exigência de luzes para operação noturna e dispositivo para deflação do veículo em caso de emergência.
Provimento de internet para grandes massas e regiões remotas
Um dos serviços mais interessantes do aeróstato é o provimento de internet para grandes massas. Para isso, a Altave realiza uma parceria com a Vialink, empresa carioca especialista em tecnologia da informação, que é responsável pela infraestrutura de TI do balão e pelo provimento da internet. Segundo Claudio Sá Abreu, especialista em TI e diretor da Vialink, a parceria surgiu através do bom relacionamento entre o Instituto Tecnológico da Aeronáutico e o Instituto Militar de Engenharia. ?Em uma dessas interações, nós ficamos sabendo da ideia do projeto e achamos muito promissor. A partir daí, entramos em contato para conversar sobre a infraestrutura de Rádio Frequência necessária. Como eles ainda não tinham chegado a esse ponto do estudo, nós oferecemos nossa experiência na área para ajudar?, conta o especialista, acrescentando que o balão oferece para o público um sinal de Wi-Fi de qualidade, com banda ajustável para a quantidade de pessoas e a necessidade.
O aeróstato também pode ser utilizado para levar internet para regiões remotas, os balões podem ser utilizados para se superar a falta de infraestrutura em solo para levar um serviço de qualidade. A gigante de tecnologia Google possui um projeto nessa área, chamado ?Project Loon?, o que demonstra a viabilidade da proposta ?O que nos chamou muita atenção no uso de balões para comunicação de dados foi a imensa penetração que essa tecnologia torna possível, especialmente em regiões remotas, hoje mal assistidas pelas tecnologias dominantes. Além disso, em caso de desastres, como o das enchentes na região serrana do Rio de Janeiro XX anos atrás, o uso de balões torna possível criar uma nova infraestrutura de comunicações em questão de horas, melhorando o atendimento às vítimas e a comunicação entre as equipes de resgate? complementa o especialista da Vialink.
Case de sucesso
A utilização mais notória do aeróstato da Altave ocorreu durante a final da Copa das Confederações da FIFA 2013, ocorrida no estádio do Maracanã, Rio de Janeiro – ‘Geramos imagens do entorno do estádio, mostrando naquela situação, em um evento de repercussão mundial, que tínhamos uma solução nacional com custo-benefício muito superior aos inúmeros helicópteros que estavam em operação, muitas vezes pairando sobre área densamente ocupada, gerando risco e ruídos desagradáveis. Também participamos da Final da Copa Libertadores 2013, com a Polícia de Minas Gerais, e do Carnaval 2013, com a Polícia Militar do Rio de Janeiro’, conclui Bruno Alvena.