Vivemos a era da informação e quem a controla, conduz o destino do planeta.
Por conta disso, os serviços de inteligência dos países desenvolvidos possuem atividades de espionagem e contra espionagem. Nesse contexto, enquanto a espionagem serve para descobrir informações sobre outros países, a contra espionagem serve para passar informações falsas para os espiões de outras nações.
Ao contrário do que muitos pensam, a espionagem mundial não acabou juntamente com a Guerra Fria, cujo principal marco foi a Queda do Muro de Berlim, em 1989. Ela não só existe – desde de antes da invenção do Estado tal qual é hoje – como sempre existirá, porquanto os países em situação de liderança militar, política e econômica, necessitam de informação para manter seu status quo.
Os filmes de espionagem mostram as tramas e sabotagens desse submundo financiado pelo Estado Oficial, mas que por força da própria atividade – bisbilhotar – por vezes comete ilegalidades para que seus fins sejam auferidos. Na espionagem, muitas são as ferramentas e estratégias para se obter informações sobre planos de outras nações.
Dentre todas as estratégias até a sedução já foi utilizada no jogo de espionagem e contra espionagem, sendo Mata Hari – o apelido de Margaretha Gertruida Zelle, uma dançarina exótica dos Países Baixos acusada de espionagem que foi condenada à morte por fuzilamento, durante a Primeira Guerra Mundial – a mais famosa espiã de todos os tempos.
Hoje, no entanto, novas ferramentas de espionagem tornaram o jogo bem diferente. Mesmo porque tudo mudou. Além dos países, outros players entraram na partida. Refiro-me ao Grupo de Hackers denominado Wikileaks, o mais famoso deles, que publica documentos secretos de vários governos do mundo obtidos ilegalmente.
A discussão sobre privacidade e sigilo das pessoas e das nações revela um paradigma dos tempos modernos, qual seja a impotência do Estado enquanto instituição de lidar com o assunto. A questão é: como lutar contra um inimigo que é invisível e não se sabe onde está, ou sequer por onde passou? Nenhum local da rede é inviolável para eles. Pentágono, Casa Branca entre outros sites oficiais já foram invadidos, sem falar de grandes corporações privadas também.
O episódio do Agente da CIA norte americana Edward Snowden, ilustra a incapacidade dos EUA de lidar com o próprio serviço secreto que eles criaram. O espião se transformou em delator do próprio Estado que ele servia até então.
Outro fenômeno dos tempos modernos é que empresas como Google, Yahoo, Skype, Facebook, Microsoft, dentre outras gigantes se tornaram mais poderosas pelo que elas sabem, do ponto de vista da espionagem, do que pelos serviços
prestados ao público em geral. Seus servidores, com milhões de contas de email cadastradas e uma infinidade de softwares mundo afora, detém um manancial de informação inimaginável. A verdade é que elas estão no controle da informação, e não mais o Estado.
Na verdade, o Estado (qualquer que seja o serviço de inteligência, independente da nação) tenta obter alguma informação através dessas empresas, antes dos hackers e dos espiões dos inimigos – fato que num certo sentido abala a credibilidade dessas empresas, pois a priori, seus clientes as elegeram como tutores desse precioso ativo que lhes pertence, a informação.
Não consigo enxergar uma saída para o mínimo de controle sobre a internet, sem que haja uma discussão multilateral em um fórum neutro como o da UIT – União Internacional de Telecomunicações, que congrega os países da ONU. Como
estamos na estaca zero – e no que tange a segurança da informação a internet se desenvolveu desordenadamente – muito há o que se fazer.
No entanto, por mais que se tente controlar, os hackers estarão sempre um passo a frente. Primeiro porque como todos os criminosos, eles tem a seu favor o fator surpresa, não se sabem quando nem onde atacarão. Afora isso,
conhecem a internet como ninguém e como ela é um organismo único que se estendem indefinidamente, dificilmente podem ser apanhados.
Enquanto isso, aqui nos trópicos, a CPI da espionagem que se pretende instalar no Congresso Nacional Brasileiro, vai discutir o sexo dos anjos, o que também não é novidade. Mais do mesmo.
Artigo colaborativo Por Dane Avanzi