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Uma visão alternativa da crise financeira durante e depois de 2008

por Carlos Augusto Queiroz

Em artigo, ex-ministro de finanças da Grécia debate crise econômica que abalou o mundo.

Crédito – Absoluvision

É natural que crises econômicas, sobretudo aquelas com impacto mundial, possam ter avaliações e percepções distintas entre analistas políticos e economistas. As razões divergem e as explicações também. Esse é o caso da crise de 2008, site sobre finanças.

A crise de 2008 foi causada por um desequilíbrio financeiro na maior economia do mundo: os Estados Unidos. Os problemas na economia norte-americana ocorreram em decorrência da bolha imobiliária no país. Uma bolha econômica acontece sempre que o valor de um produto ou mercado (no caso, o valor dos imóveis) eleva-se além do seu “valor real”.

O que isso significa: quando os preços caem, em face do esgotamento dessa supervalorização, a bolha estoura, muitos ficam no prejuízo e a crise alastra-se. Esse foi o cenário norte-americano ocorrido em 2008 e que abalou todos os mercados do mundo inteiro.

No caso dos EUA, investir em imóveis sempre foi algo muito lucrativo, baseado no formato de hipotecas que constitui o negócio no país. Basicamente, uma hipoteca consiste na obtenção de empréstimos tendo o imóvel como garantia. Como os juros nos Estados Unidos eram muito baixos e o crédito abundante, as pessoas passaram a hipotecar suas casas para investirem em mais imóveis.

Essas hipotecas são títulos, chamados de “ativos financeiro”. As empresas credoras desses títulos, por sua vez, negociam essas dívidas com bancos, empresários e instituições financeiras. Entretanto, se essa dívida torna-se um risco iminente de calote, o valor dela despenca e os seus investidores ficam no prejuízo. Foi isso que aconteceu em 2008.

Yanis Varoufakis, que é cofundador do Movimento pela Democracia na Europa, DiEM25, economista e ex-ministro das finanças grego, defende uma visão alternativa da crise de 2008.

Para ele, a crise foi causada por uma estrutura criada ainda na década de 1960, que coloca o dólar norte-americano como referência para economias do mundo inteiro. “O resultado foi o fortalecimento da hegemonia da Tecnoestrutura baseada no dólar de uma forma que nenhuma abordagem macroeconômica pode reconhecer, pois, a partir da década de 1990, a “ação real” foi ocorrendo nos balanços dos financistas globais”.

“O que aconteceu, globalmente, é que os fluxos financeiros desequilibrados denominados em dólares, que inicialmente cresceram por causa do déficit comercial dos EUA, caíram violentamente em 2008”, diz o economista.

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