Que a pandemia de covid-19 trouxesse um cenário de instabilidade econômica, com queda nos faturamentos da empresa e na renda de trabalhadores, já era esperado. Contudo, alguns setores estão sofrendo mais do que outros, de acordo com a Deep Center, empresa especialista em gestão da informação para contact centers, SAC e cobrança.
Os mercados de veículos, cartões e empréstimo pessoal estão lidando com um cenário de renegociações e inadimplência a partir de março de 2020. A pesquisa foi realizada no período sobre a base de clientes, composta por grandes instituições financeiras, montadoras e empresas de contact center.
O segmento automotivo, por exemplo, registrou crescimento de 500% nas renegociações durante a pandemia. Os acordos realizados em julho tiveram aumento de 9% em relação à média dos três meses anteriores (abril, maio e junho).
O número de clientes que se declararam sem condições para arcar com o pagamento cresceu 18% em julho na comparação direta com junho. Dessa forma, no mesmo período, houve aumento de 64% no volume de clientes que simplesmente optaram por devolver o veículo.
Em relação às empresas de cartões de crédito, as renegociações cresceram 57% durante a pandemia. A recusa por falta de condição de pagamento subiu 64% no mesmo período. Isso levou a uma queda no número de acordos: o mês de abril foi o que registrou o menor volume histórico, com recuo de 72% em relação a março. Já o número de pessoas que não tinham intenção de negociar as dívidas caiu 12% na comparação junho x julho.
Por fim, no setor de empréstimo pessoal, a média de clientes com interesse em negociar cresceu 29,2% em junho no comparativo com os cinco meses anteriores. A recusa por falta de condições subiu 11% na média dos três últimos meses em relação ao mesmo período anterior à pandemia. Dessa forma, o total de acordos realizados nesse intervalo caiu 31,1%.
“As incertezas provocadas pelo novo coronavírus implodiram os planos dos cidadãos para o ano. Dessa forma, é natural esperar um crescimento de renegociações para evitar a inadimplência, principalmente em setores que lidam com grande volume de dinheiro, como veículos, cartões e empréstimo pessoal”, explica Gabriel Camargo, CEO da Deep Center.