*Por Jürgen Thiel
O termo consumability descreve a experiência do usuário durante todo o ciclo de vida de um produto técnico. Esse conceito foi criado pela IBM inicialmente para o desenvolvimento de produtos, e na prática tornou-se bastante útil para avaliar soluções, como um software de monitoramento de rede.
As organizações de grande porte contam com equipes especializadas para cuidar de áreas específicas da TI, como os sistemas de virtualização ou administração de hardware. Já em empresas de médio porte, as equipes de TI são reduzidas – muitas vezes possuem um único administrador. Nesse caso, a tarefa principal de uma solução de monitoramento é aliviar o trabalho dos administradores de TI.
Para alcançar esse propósito, o software precisa oferecer amplas opções para o monitoramento completo da infraestrutura de TI, e ter uma API de análise bem documentada para integrar aplicações e dispositivos que não são padrões da indústria. A solução deve ser fácil de implementar e utilizar, e custar o que uma pequena empresa possa dispor.
O mercado oferece muitas soluções de monitoramento com diferentes modelos de venda e licenciamento, os quais têm grande impacto sobre aspectos individuais de consumability: licença de software tradicional, open source, dispositivo de hardware e SaaS (Software as a Service).
Considerando essas diferenças, a avaliação do software de acordo com a experiência de consumability deve abranger seis subtópicos:
1. Avaliação
A avaliação de qualquer produto requer uma pesquisa profunda e séria, além de instalação e teste. É fundamental assegurar que a solução atenda a uma série de critérios fundamentais, antes mesmo de iniciar os testes, caso contrário perde-se tempo avaliando produtos que não serviam aos propósitos necessários desde o início. A priori é preciso saber se a versão de testes é fácil de instalar; se as informações técnicas sobre os recursos disponibilizados são gratuitas e se mantém uma rede assistência técnica por meio de parceiros.
2. Aquisição
Até mesmo a compra de um software pode ser complicada dependendo das circunstâncias. O licenciamento é o primeiro obstáculo. Muitas soluções oferecidas são integradas por vários componentes, para as quais estão disponíveis numerosos módulos e complementos. É difícil determinar o que de fato é necessário em termos de software adicional, sem antes consultar o vendedor ou o parceiro terceirizado. Quanto mais ferramentas e módulos são oferecidos, maior é o custo.
Esse é o momento também para levar em consideração o planejamento de possíveis compras de soluções futuramente, já que as redes crescem e são adicionados novos dispositivos e tecnologias.
3. Implementação
O momento de implementação do software de monitoramento é desafiador. O teste do software utilizado na fase de avaliação pode ser simplesmente adotado e reutilizado. Mas leva algum tempo até que a solução possa fazer tudo que é preciso. Nesse momento, os programas open source perdem a vantagem que alcançaram na hora da aquisição, pois exigem mais esforços para implementação e configuração. As licenças de soluções de monitoramento variam das mais simples configurações de rotinas altamente automatizadas, até suites de software complexas cuja instalação é possível através de projetos mais complicados.
4. Operação e uso
Mesmo já em utilização pela empresa, o quesito usabilidade em um software de monitoramento é crucial. Do contrário, não deverá ser utilizado. A solução difícil de usar será ignorada por todos e encerrada como um péssimo investimento. Isso porque uma rede moderna está em constante evolução, com novos dispositivos e aplicações sendo adicionados. E assim, requer o apoio de novas tecnologias. Dispositivos antigos são eliminados ou substituídos, e novos funcionários chegam e outros se vão. Isso tudo requer ajustes constantes na solução de monitoramento.
Mesmo com uma implementação mais cara que inclua a assistências do fabricante ou prestador incluídas no projeto, uma solução de monitoramento complexa e de difícil uso será menos utilizada a cada dia.
5. Resolução de Problemas
As soluções de monitoramento enfrentam o desafio das infraestruturas de TI que são sistemas extremamente heterogêneos. Muitas vezes, um equipamento obsoleto convive junto de uma versão recente de hardware; e soluções de software antigas, mas necessárias, que precisam operar em novos servidores, ou ferramentas de segurança avançadas trabalhando com um equipamento desatualizado. Nenhum fornecedor de software de monitoramento consegue considerar todas as configurações possíveis. Portanto, a experiência do fabricante e a maturidade do produto são as principais características a serem consideradas num software de monitoramento.
Quanto mais feedback dos clientes é levado em consideração no aprimoramento da solução de monitoramento, melhor para todos.
6. Manutenção
Um software de monitoramento deve estar sempre em desenvolvimento, pois novas tecnologias, equipamentos e aplicações criam necessidades inéditas. A prática mostra que novas versões de um software de monitoramento trazem bugs – e novamente exigem versões para resolver esses bugs. O que significa que atualizações regulares precisam ser implementadas. Logo, é um bônus se o software apenas solicita atualização de uma instância central, de onde todos os demais agentes são automaticamente atualizados. Melhor ainda se a solução busca regulamente pelas atualizações disponíveis, e o administrador apenas precisa confirmar a instalação. A importação ou ativação de novos recursos no formato de módulos ou complementos, bem como os upgrades para aumentar licenças de uso não devem exigir muito esforço.
Resumindo, o foco principal para introdução de novas soluções em software envolve tanto as funcionalidades oferecidas e o preço, como a implementação e a usabilidade. Por isso, não tenha pressa ao começar uma avaliação como essa e prepare um checklist baseado em aspectos individuais de consumability. Consulte uma lista de especificações para o produto a ser avaliado, a partir de uma fonte especializada do mercado e se beneficie da experiência, evitando assim uma série de problemas.
Jürgen Thiel é gerente de desenvolvimento de negócios da Paessler no Brasil. Graduado em Ciências da Computação, com mais de 20 anos de experiência na área de TI, Thiel é fluente no idioma português e o primeiro executivo da empresa residente no Brasil.