Paulo Henrique Pichini*
Desde os tempos das cavernas que a humanidade entende e valoriza conteúdo ou, simplesmente, a INFORMAÇÃO. É ela a responsável pela descoberta de caminhos e atalhos que aumentem a eficiência e reduzam os desperdícios. Neste contexto, a tecnologia vem evoluindo a passos largos, disponibilizando cada vez mais informações centralizadas em locais de fácil e comum acesso por múltiplos dispositivos.
Esta onda aponta, agora, para a era do crowdsensing, resultado direto da disseminação dos dispositivos IoT (Internet of Things – Internet das Coisas). Formado por um ecossistema baseado em sensores de diversos formatos e diferentes engenharias, o IoT vale sobretudo pelo conjunto de informações que ele gera. As informações criadas pelos sensores IoT são essenciais para os mecanismos de tomada de decisão e melhoria de eficiência de processos que as empresas estão preocupadas em implementar. Essa é uma forma de explorar ainda melhor os investimentos feitos na infraestrutura IoT.
As “coisas” estão ficando smart ou inteligentes. Neste novo mundo do IoT, porém, mais do que espetar um sensor, ou sinalizar algo, da disponibilidade da garrafa de vinho na prateleira à temperatura de uma turbina hidrelétrica, o foco deve ser como explorar a informação gerada pelo dispositivo IoT.
O IoT transforma o mundo em um gigantesco sistema nervoso digital, com localização via GPS, olhos e ouvidos via imagem (câmeras de vídeo e microfones) e sensores capazes de medir pressão, temperatura, utilização e muito mais.
Para dar conectividade aos elementos deste sistema, temos as redes de longa distância (WAN), as metropolitanas (MAN), a local (LAN) e a novíssima rede pessoal (PAN), que tem sido responsável por grande parte da geração de dados na atualidade.
Este é um mercado que, segundo o Gartner, vai gerar 6.4 bilhões de dispositivos conectados à rede mundial em 2016. O Gartner estima que, a cada segundo, 63 novos dispositivos IoT são conectados à Internet.
Diante deste quadro, o que temos visto é uma reinvenção radical dos mercados verticais, mesmo os mais tradicionais. Seja na área pública com cidades inteligentes, ou nas áreas de Indústria, Energia Elétrica, Saúde, etc., os investimentos em inteligência (IoT e os dados gerados pelos dispositivos IoT) para melhoria na eficiência têm sido uma constante. Isso é verdade especialmente nos países de primeiro mundo, mas algumas ações já estão acontecendo também aqui no Brasil. Afinal, inovação é sempre um bom caminho para driblar a crise e buscar novas oportunidades.
No Brasil, a maturidade dos ambientes de cloud tem alavancado projetos de IoT em diferentes mercados verticais – isso mostra que a sensorização é um processo sem retorno.
Além da nuvem, os dispositivos móveis são o assistente fundamental para uso e recepção das informações sensoriais. Note que o smartphone tem olhos (câmera), ouvidos (áudio), localização (GPS), acelerômetro (velocidade), movimento (giroscópio), bússola (direção), luz, etc. Neste momento, em cidades preparadas, cada cidadão com seu dispositivo móvel torna-se um provedor de informações relevantes para melhorar a administração pública.
Os provedores de serviços e solução começam a desenhar novos modelos de negócios que consideram o cenário de elementos smart ou inteligentes (com sensor embutido).
A partir daí, esses provedores estão lançando o que chamam de “sensing as a service”.
Na verdade, este serviço traz todo o agregado de inteligência e análise de dados, seja de cidade inteligente ou de frota de transportes/logística. No futuro veremos o agregado de inteligência e análise de dados de coisas atuando também dentro de casa (geladeiras e utensílios domésticos). Em todos os casos, a meta é devolver ao usuário final dashboards e recomendações que otimizem processos, promovam a economia de recursos, etc.
Resultados como estes sinalizam a era do crowdsensing, onde os sensores, independentemente de tecnologia (NFC, RFID, Beacon, QR code, Wifi e o novíssimo vídeo como sensor de ambientes), estão a todo tempo sinalizando e disponibilizando online informações altamente qualificadas.
O que chama atenção é que as tecnologias de sensores e a evolução de modelos de implementação de IoT estão bastante acelerados. Os mecanismos de armazenagem em cloud, por outro lado, estão maduros. Os dispositivos de acesso, prontos.
Falta, apenas, a utilização de mecanismos de analytics que permitam os ganhos de eficiência vindos da depuração das informações geradas pela era do crowdsensing. Aí moram os investimentos dos gigantes do mercado. Aí temos percebido grupos de chamados cientistas de dados se empenharem duramente para lançar soluções de fácil utilização.
É esta sincronia entre as diferentes tecnologias e mundos IoT que torna a era do crowdsensing atraente e que dá destaque aos responsáveis por sua integração e transformação em solução. Estou falando de consultorias especializadas em projetar e mapear todo o universo IoT, coletar dados e, a partir daí, tornar o crowdsensing real. O IoT vai definitivamente alavancar o processo de sensorização das coisas e o mundo estará cada vez mais aceso (com comunicação) e disponível para seu acesso.
Esse quadro só é possível com a utilização das ferramentas de analytics. A soma da tecnologia de analytics com os serviços de empresas especializadas em projetos de crowsensing é o que torna o “sensing as a service” real, e muda o mundo.
*Paulo Henrique Pichini é CEO & President da Go2neXt Cloud Computing Builder & Integrator