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A culpa é do sistema e o ‘trouxa’ quem é?

por Agência Canal Veiculação

Quantas vezes não nos deparamos com a mensagem “Sem Sistema”, ou mesmo indicações como “Fora de Sistema”, ao irmos a algum estabelecimento comercial, banco, etc?

A segunda, no caso da mensagem “Fora de Sistema”, é ainda mais bizarra, pois pressupõe a existência de uma espécie de camada que envolve tudo: as ruas, as praças, os shoppings, e algo está fora do lugar, quase como se “sistema” fosse uma espécie de entidade além da matéria.

O objetivo deste artigo não é descrever o que seria uma “Teoria Geral de Sistema”, mas sim propor uma reflexão do quanto a palavra sistema se tornou uma espécie de objeto fetichista no mundo pós-moderno.

Vivemos em um mundo que detém um avanço tecnológico extraordinário, no entanto, podemos observar em muitos lugares uma série de convulsões, conflitos e desordem, seja de ordem política, causada por fatores econômicos ou disputas territoriais, por exemplo. Em um contexto de um embate iminente, algumas pessoas por aí se autodenominam como ativistas. Hoje em dia este tipo de pessoa está em todos os lugares: no trabalho, no transporte público, sobre bicicletas, nas redes sociais, entre outros lugares, mas com o mesmo discurso, de ser contra o “sistema” e querendo moldá-lo de acordo com o que um grupo de indivíduos acredita ser a verdade. Não é necessário caracterizar o que seria este “sistema” e o motivo de alguns quererem lutar contra, basta apenas colocar todo este sentimento em um lugar comum (“o sistema”) e dizer qualquer palavra de ordem contra o objeto do manifesto.

O que reforça esta percepção inerente ao objeto sistema é que “o sistema” traz em si uma característica abstrata e os componentes que fazem parte dele são difíceis de serem entendidos, ligados e interligados. Neste caso, “o sistema” se torna o bode expiatório do mundo contemporâneo e qualquer situação em que queremos achar um culpado, imputamos a responsabilidade ao famigerado “sistema”.

Mas qual a relação que teríamos com a situação descrita acima e a tecnologia? Existem muitas, principalmente no quão abstrato seja o sistema e quanto esta característica influencia na nossa percepção quando lidamos com qualquer tipo de sistema tecnológico.

Não podemos negar o quanto a tecnologia avançou e avança no decorrer do tempo, no entanto, são muitos os componentes formadores de um “sistema”, sua arquitetura é complexa, passando por switches, roteadores, firewalls, filtros de conteúdo, proxy, servidores, sistemas operacionais, linguagens de programação, etc. Talvez a pergunta que tenhamos de fazer hoje, no mundo da tecnologia, é: o que podemos fazer para tornar tudo isso muito mais simples, principalmente do ponto de vista administrativo do negócio? Para o usuário com um smartphone nas mãos, tudo parece acessível e muito fácil de usar, para ele tudo não passa de uma espécie de caixa preta, ou seja, ele sabe como utilizar, mas não tem noção nenhuma do que se passa por detrás da tecnologia do dispositivo que ele está usando.

Ouvimos cada vez mais sobre cloud computing, virtualização e datacenters espalhados ao redor do mundo, que armazenam o conteúdo que é gerado por todos nós, de fácil acesso e que simplifica a mobilidade. Esta situação impacta inclusive em questões de regulamentação por parte de governos, pois supera a barreira física imposta por demarcações territoriais. Mas do ponto de vista administrativo, facilitando processos, entendimento entre áreas que atuam com a tecnologia, como estamos? Estamos realmente facilitando o entendimento das pessoas que trabalham numa área de TI em que todos consigam falar a mesma língua, serem entendidos e entenderem o que se passa numa reunião para definir a arquitetura de um sistema, por exemplo? Antes de tudo, o processo de entendimento e coesão entre equipes de TI passa primeiro por uma mudança comportamental dos profissionais da área.

O mundo que vivemos exige que tenhamos capacidade de abstração adequada para entender “o sistema” e não que ele se transforme numa espécie de “ectoplasma tecnológico”, uma camada densa em que não ousamos mergulhar e, se mergulharmos, não conseguimos enxergar nada. O entendimento efetivo do que seja um sistema trará muitos benefícios para todos, nas reuniões, nas definições de um projeto, nas melhorias que podem ser feitas e no suporte do ambiente, cabendo a nós, que lidamos diretamente com a tecnologia, o entendimento das coisas para que tudo se torne mais ágil em nosso dia-a-dia.

Não é necessário para nós, profissionais de TI, culparmos “o sistema” por tudo, basta entendê-lo de maneira adequada, superar limitações e entendermos o que realmente está por trás de toda abstração inerente à tecnologia. Este processo tende a ficar muito mais abstrato no decorrer do tempo e com o desenvolvimento da tecnologia, assim o sistema não precisa ser o nosso bode expiatório. Com o entendimento adequado, o nosso trabalho será muito mais fácil de lidar diariamente.

 

*Gabriel Perazzo é Consultor em Redes pela empresa CYLK.

 

Sobre a CYLK

Fundada em junho de 2010, a CYLK – membro do Grupo IHC – é uma empresa de integração de sistemas e serviços gerenciados em redes, DataCenter e Segurança -– certificada no padrão ISSO/IEC 20.000 e focada em soluções líderes de mercado como Juniper, F5, Aruba, McAfee e CA. Atualmente conta com uma equipe altamente capacitada e conquistou nestes últimos anos diversos prêmios de excelência em qualidade. Entre os principais clientes destacam-se Banco Itaú-Unibanco, BVM&F, UBS, BTG/Pactual, TOTVS, Sascar/Michelin, DASA, Decathlon e Hospital Sírio-Libanês. A CYLK está instalada em São Paulo e conta com escritórios de negócios em Curitiba e Rio de Janeiro.

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