O MEC divulgou na semana passada os números da Avaliação Nacional de Alfabetização 2014, que mede em crianças da 3ª série do ensino fundamental a proficiência em leitura, escrita e matemática. Mais uma vez os dados não foram nada animadores. Uma em cada cinco crianças (22,2%) só desenvolve a capacidade de ler palavras isoladas. A maioria (56,1%) só consegue localizar informações explícitas em textos curtos. Nos mais extensos, só se estiver na primeira linha.
Quando se trata de matemática, as estatísticas são ainda piores. Mais da metade das crianças atingiu apenas o nível 1 e 2, que, segundo o próprio MEC, são considerados inadequados. Educadores avaliaram que o pífio resultado em matemática advém do próprio conhecimento limitado da língua portuguesa, já que os estudantes precisam interpretar os enunciados para transformá-los em cálculos e chegar ao resultado.
A questão é que, entra ano e sai ano, as estatísticas referentes à educação, ou mudam muito pouco ou continuam em estado de latência. Comparando com as nações mais desenvolvidas, o desempenho dos nossos alunos fica muito aquém das próprias necessidades de formação profissional do país. Estudantes com dificuldades em matemática terão poucas chances em setores como engenharia, finanças, contabilidade, administração – que são carreiras fundamentais para o desenvolvimento econômico. A falta de leitura e as dificuldades para interpretação de textos e para a escrita impactam a formação de profissionais qualificados para outras carreiras também importantes, como direito, comunicação, letras, pedagogia, serviço social e relações internacionais.
Com o objetivo de inserir jovens no mercado de trabalho, o CIEE, há 51 anos, investe na qualificação com cursos presenciais ou à distância, buscando melhorar a formação daqueles que pretendem entrar no mundo do trabalho. Por isso, além de cursos que privilegiam modelos atitudinais (relação interpessoal, administração de tempo, marketing pessoal), oferece, também gratuitamente, aqueles que buscam melhorar os conhecimentos em língua portuguesa e matemática. Esperamos que, em um futuro próximo, esses cursos de reforço possam se tornar desnecessários, não pelos métodos em si, mas pela alta qualificação de nossos estudantes.
*Luiz Gonzaga Bertelli é presidente do Conselho de Administração do CIEE, presidente do Conselho Diretor do CIEE Nacional e presidente da Academia Paulista de História.