O ano de 2015 promete não ser fácil para quem deseja empreender no Brasil. Com a economia considerada por muitos especialistas como instável, as startups, empresas iniciantes de base tecnológica e que oferecem aos clientes uma solução inovadora, precisam mais do que nunca focar a atenção sobre quais produtos oferecem, e se eles realmente são a solução para um tipo de problema ou lacuna identificada não suprida totalmente pelo que já existe no mercado. E uma forma de escapar das previsões mais pessimistas e garantir a sobrevivência e o sucesso do seu negócio é o bom e velho planejamento.
Uma pesquisa feita pelo Startupi, base de conhecimento sobre o mercado de inovação, negócios, empreendedorismo e tecnologia brasileira, perguntou aos seus leitores sobre perspectivas para empreender em 2015. Do total de respondentes, 59% disseram não ter ainda um modelo de negócio baseado em validações e 68% não vão buscar ajuda nos chamados “investidores anjo” por falta de interesse, de informação ou por preferirem outro tipo de investimento. Outros dados revelados na pesquisa afirmam que 35% dos pesquisados disseram que já definiram um modelo de negócio mas ainda não houve teste, e somente 28% possuem um protótipo do produto. A pesquisa completa está disponível em http://startupi.com.br/2015/02/parece-que-2015-vai-ser-dificil-para-os-investidores-de-startups/
“Isso mostra que a maioria dos empreendedores brasileiros iniciantes estão cometendo erros que poderiam ser evitados dado que já existe conhecimento disponível para isto”, afirma o presidente da Associação Campinas Startups – ACS, Wilson Campanholi. Segundo ele, alguns pontos devem ser observados para garantir que a startup se desenvolva. A Associação Campinas Startups está localizada em Campinas-SP e atende atualmente mais de 40 empresas da região, onde os associados compartilham experiências e conhecimentos e assim elevam o grau de maturidade das startups.
1. O seu produto deve resolver algum problema relevante
Costumo dizer para os nossos empreendedores associados: “Quem desenvolve um produto sem pensar no problema que ele resolverá, fatalmente terá um produto sem mercado. Quanto mais relevante e globalizado o problema a ser resolvido for, maiores as chances do produto emplacar”. Já vi muitos empreendedores que chegaram até nós com boa parte do produto desenvolvido para somente depois procurar efetivamente o problema que ele poderá resolver. Neste caso, o risco de perder tempo e dinheiro é altíssimo, pois é literalmente colocar a “carroça na frente dos bois”.
2. Evolua seu negócio por meio de conhecimento validado pelo mercado
Geralmente empreendedores de primeira viagem focam em implementar o produto para colocá-lo no mercado antes mesmo de ter uma hipótese do seu modelo de negócio. Este é um erro bastante comum e é uma das primeiras coisas que auxiliamos quando estes empreendedores chegam até a ACS. O foco de uma startup que está no estágio inicial deve ser desbravar o mercado em que seu produto vai atuar e validar o seu modelo de negócio. Toda e qualquer decisão estratégica ou tática deve ser baseada na validação direta das hipóteses com os possíveis clientes. Este processo contínuo garantirá que a solução proposta realmente resolverá um problema, e que o mercado está disposto a pagar por isso.
3. Valide o tamanho de seu mercado e sempre busque aumentá-lo
Busque informações sobre o mercado em que sua empresa atuará. O tamanho de mercado total e acessível são variáveis importantíssimas para delinear a viabilidade do negócio. Se o tamanho de mercado for pequeno (abaixo de R$ 500 milhões, por exemplo), talvez não valha a pena desenvolver o produto, pois não terá como expandir posteriormente. Caso identifique que seu mercado inicial é pequeno, busque mercados maiores para conseguir fazer a expansão no momento certo. “Ter um pequeno ou um grande negócio vai ocupar todo o seu tempo da mesma forma! Sendo assim, pense grande”.
4. Faça networking efetivo
O ato de empreender é solitário por si só, sendo assim fazer networking é essencial para o sucesso de uma startup. Quem está começando precisa trocar ideias, apresentar seu produto para o máximo de pessoas possíveis. Isso pode trazer retornos a curto e longo prazo como parcerias e investimentos. Engajar-se em associações como a ACS pode ser o ponto de virada para acelerar esse processo e maximar as chances de sucesso de seu negócio.
5. Transforme ameaças em oportunidades de negócios e mantenha a taxa de crescimento
Por último, um empreendedor com seu negócio já em operação (modelo de negócio validado e tendo receitas recorrentes) sempre deve estar atento ao macroambiente e transformar as ameaças em oportunidades de negócio, principalmente quando temos um cenário político/econômico como o deste ano de 2015. Por exemplo, se o mercado está em recessão e cortando custos e seu produto aumenta de alguma forma a eficiência de processos do segmento de clientes, a ameaça pode ser uma grande oportunidade!
Outro ponto bastante relevante é: startup = crescimento. Simplifique sua tomada de decisão estabelecendo metas acerca da taxa de crescimento de seu negócio. Toda e qualquer ação deve contribuir diretamente para manter a taxa de crescimento, caso contrário descarte ou despriorize.
“Quem desenvolve um produto sem pensar no problema que ele resolverá, fatalmente terá um produto sem mercado. Quanto mais relevante e globalizado o problema a ser resolvido for, maiores as chances do produto emplacar”, afirma Wilson Campanholi, presidente da Associação Campinas Startups.