(Implementação típica do H2Gen)
Nossa bela nação está assumindo um papel central na transição para energia limpa, não apenas como produtora de energia renovável, mas agora como um campo de testes para tecnologias de hidrogênio limpo de próxima geração. Em uma iniciativa que pode transformar a descarbonização industrial em toda a América Latina, a ArcelorMittal Brasil e a Utility Global, sediada em Houston, anunciaram uma colaboração inovadora para explorar a produção local de hidrogênio a partir das emissões geradas no processo de fabricação do aço.
A parceria, centrada na unidade da ArcelorMittal em Juiz de Fora, Minas Gerais, utiliza o reator H2Gen® patenteado pela Utility Global para converter gases residuais do alto-forno em hidrogênio limpo, sem o uso de eletricidade. O hidrogênio pode ser recirculado no processo de siderurgia para reduzir o consumo de gás natural, enquanto o sistema também gera um fluxo concentrado de CO₂, pronto para captura e armazenamento de carbono (CCS) de forma econômica.
A parceria
O projeto entrou oficialmente na fase de Engenharia e Design Front-End (FEED) e, se bem-sucedido, poderá produzir até 3 toneladas de hidrogênio por dia no local. Embora esse número possa parecer pequeno no contexto da presença industrial do Brasil, as implicações são grandes:
A colaboração representa a primeira demonstração brasileira de geração modular e distribuída de hidrogênio integrada diretamente à indústria pesada.
O momento do hidrogênio limpo no Brasil
Por muitos anos, o Brasil é reconhecido mundialmente por sua liderança em hidrelétricas e biocombustíveis. Agora, o país busca ampliar sua liderança para o hidrogênio limpo. A Estratégia Nacional do Hidrogênio, lançada em 2024 pelo governo federal, estabeleceu metas ambiciosas para estimular a demanda interna ao mesmo tempo em que cria uma economia de hidrogênio voltada para exportação. Incentivos, programas-piloto e parcerias com o setor privado estão surgindo com frequência cada vez maior, e essa colaboração mais recente pode ser uma das mais importantes até agora.
A indústria do aço é responsável por mais de 8% das emissões globais de CO₂, e o Brasil abriga dezenas de operações de altos-fornos com poucas alternativas viáveis aos combustíveis fósseis no curto prazo. A ArcelorMittal, maior produtora de aço do país, deixa claro que a transição não esperará por gasodutos de hidrogênio distantes ou polos centralizados de eletrólise.
Em vez disso, a empresa está apostando em soluções específicas para cada unidade, baseadas em tecnologia de ponta, e o sistema da Utility Global oferece exatamente isso. Ao utilizar gases residuais do processo como matéria-prima e fonte de energia, o H2Gen evita os dois maiores gargalos na produção de hidrogênio verde:
O acesso à eletricidade renovável e a infraestrutura cara de distribuição de hidrogênio.
“Este projeto representa um compromisso conjunto de ampliar inovações tecnológicas e de negócios que apoiem as metas globais de transição energética”, disse Parker Meeks, CEO da Utility Global.

Juiz de Fora: o emergente polo industrial limpo do Brasil
Juiz de Fora, localizada no estado de Minas Gerais, historicamente desempenhou um papel estratégico no desenvolvimento industrial do Brasil. A unidade da ArcelorMittal na cidade produz principalmente produtos de aços longos, voltados para construção e infraestrutura. À medida que o país inicia a modernização de sua infraestrutura interna sob um novo plano federal de descarbonização, a demanda por materiais de construção com menor pegada de carbono está crescendo — e a ArcelorMittal está se posicionando à frente desse movimento.
A tecnologia da Utility Global é particularmente adequada para esse contexto. Seu sistema H2Gen® é modular e escalável, o que significa que pode ser implantado em fases sem grandes interrupções nas operações da planta. E, diferentemente dos sistemas de hidrogênio baseados em eletrólise, o H2Gen pode ser instalado sem novas conexões à rede elétrica ou geração de energia renovável, tornando-o ideal para ambientes industriais dinâmicos.
Para o Brasil, a produção localizada de hidrogênio com baixa intensidade de carbono a partir de emissões industriais existentes pode ser transformadora. Isso não apenas reduz as emissões diretas na fonte, como também abre novos caminhos para CCS, substituição de combustíveis industriais e sistemas circulares de energia que tratam gases residuais como ativos, e não como passivos.
Um sinal para a indústria e para a região
Este anúncio é um sinal de que a maior economia da América Latina está pronta para liderar a inovação em hidrogênio industrial. A combinação de energia renovável abundante, forte base industrial e apoio político em constante evolução torna o Brasil particularmente adequado para trilhar seu próprio caminho para o hidrogênio — um caminho que prioriza a produção local, a inovação de baixo custo e uma profunda integração industrial.
A colaboração entre a Utility Global e a ArcelorMittal pode começar em uma única usina em Minas Gerais, mas seu impacto pode se espalhar por toda a região. Para líderes industriais e formuladores de políticas, este projeto oferece um modelo de como as economias em desenvolvimento podem liderar a inovação climática — não esperando que as cadeias de suprimentos globais amadureçam, mas repensando a energia já na fonte.
À medida que o mundo avança rumo à descarbonização, o Brasil não está apenas seguindo a tendência do hidrogênio limpo, está começando a defini-la.