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Taxonomia é chave para a evolução de iniciativas ESG

por admin

Tendência global em todos os segmentos, o conceito ESG, relacionado às boas práticas ambientais, sociais e de governança, está no centro das mais importantes discussões mundiais. E a enorme repercussão global da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26) é uma boa medida de quanto governos, pessoas e organizações devem se voltar ao tema da sustentabilidade em todos os seus aspectos. Os debates irão incluir tanto o custo da tonelada de CO2 quanto a taxonomia.

Olhando as três variáveis ESG, Governança é uma dimensão que vem sendo abordada há décadas pelo mercado de capitais e financeiro. O Social tem avançado por meio da inclusão, ações comunitárias e outras iniciativas com impacto social. Já o E de meio ambiente, por sua complexidade e impacto, tem sido o centro de discussões nacionais e internacionais.

No segmento financeiro, a União Europeia saiu na frente com as regras do Regulamento para Divulgação de Finanças Sustentáveis, em vigor desde março. No Brasil, o Banco Central incluiu a sustentabilidade como um dos pilares da Agenda BC#, e reforçou essa mensagem ao divulgar recentemente a primeira edição de seu Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas. Outra importante resolução foi o programa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para fomentar investimentos vinculados ao reflorestamento e à geração de energia limpa, entre outros.

Entre os birôs de crédito, a movimentação também já ocorre por meio de iniciativas relacionadas à diversidade das equipes, otimização de recursos em ações setoriais, promoção do crédito sustentável e da educação financeira, medidas que impactam na forma como pessoas e empresas consomem e investem.

No entanto, a falta de padronização no sistema de classificação de iniciativas de sustentabilidade, ou seja, a taxonomia, tem sido apontada como um dos principais desafios para que os diversos setores de atividade entrem em consonância com as melhores práticas internacionais.

Na avaliação de Elias Sfeir, presidente da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC), definir a taxonomia é fundamental para se ter uma linguagem comum e um padrão. “Dessa forma será possível medir para, na sequência, compreender o impacto das ações implementadas, reduzindo assimetrias e visões conflitantes sobre as mesmas práticas”, analisa. Ele argumenta que, dada a complexidade do tema, muitos debates e estudos estão em andamento e várias taxonomias têm sido estabelecidas, como a da União Europeia. “Não existe uma taxonomia global, mas a perspectiva é de estabelecimento de uma taxonomia única para melhor avaliação e comparação entre as várias iniciativas ESG”, avalia.

Sobre as perspectivas para o Brasil, Sfeir lembra que “quando analisamos as iniciativas ESG nos mercados de capital e financeiro, por exemplo, vemos oportunidades para o Brasil tirar mais proveito dessas informações, criando um círculo virtuoso de crédito positivo e transparente”. E salienta que os reguladores, como o Banco Central, têm tomado a liderança com iniciativas como a criação do Bureau Verde, com critérios de sustentabilidade para o crédito rural. Outra medida de destaque para o segmento foi o Guia Ambiental, Social e Governança (ASG), lançado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA).

A seu ver, o Brasil precisa consolidar o uso das práticas ESG na concessão de crédito às empresas. Mas ele acredita que o uso de tecnologias como IoT e a iminência do 5G, que vão capturar novos dados, combinados com Machine Learning e Inteligência Artificial, que vão facilitar o entendimento da complexidade desses dados, tendem a impulsionar ESG no sistema financeiro, atingindo também as operações e o mercado de crédito. “Talvez leve ainda algum tempo, mas chegaremos lá. ESG é uma realidade que veio para ficar”, finaliza. 

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