A referência para a elaboração do plano diretor da Cidade Pedra Branca foi o Novo Urbanismo, movimento surgido na década de 1980 que consiste em planejar bairros que priorizam a vida em vizinhança para pedestres, onde o ser humano é o foco das construções e atividades.
Para atingir esses resultados, os empreendedores da Pedra Branca chamaram um grupo de arquitetos e urbanistas, referência na região, que topassem esse desafio. A metodologia adotada para os projetos foi a Charrete, idealizada por urbanistas norte-americanos, voltada ao planejamento de projetos, e que seria adotada de forma inédita no Brasil.
Esse conjunto de procedimentos concentra o maior número de envolvidos no desenvolvimento da proposta para debater, planejar e cocriar. Para atingir esses resultados, os empreendedores da Pedra Branca chamaram um grupo de arquitetos e urbanistas, referência na região.
Os profissionais convidados, então, se reuniram para começar o trabalho. “Os resultados foram tão interessantes que essa metodologia passou a fazer parte da cultura da Pedra Branca”, afirma o engenheiro Dilnei Bittencourt, consultor da Pedra Branca.
Ele destaca que os processos adotados foram fundamentais para garantir o sucesso da proposta. “O fato de esta metodologia envolver, num mesmo espaço e num prazo definido, os atores atuando frente a frente num clima ‘colaborativo’ gera um caldeirão de novas ideias e de soluções criativas que garantem o sucesso do projeto em estudo”, afirma Dilnei.
Para Silvia Lenzi, uma das autoras do plano diretor do projeto, a prática da Charrete foi uma das suas melhores experiências profissionais. “Valério (Gomes, idealizador da Cidade Pedra Branca) trouxe para o trabalho os melhores consultores, que conversavam com a gente para desenvolvermos o projeto em conjunto. Trabalhavam conosco de igual para igual. Era a visão técnica associada à visão de um empresário querendo fazer o melhor”, explica ela.
A proximidade é um fator que foi sempre considerado em todo esse processo de criação, desenvolvimento e construção. A ideia era fazer com que as lojas, serviços, o lazer, a educação e a moradia pudessem ser acessadas facilmente, “ao alcance de uma caminhada”, como ressaltou Silva Lenzi.
Ela estabeleceu os critérios básicos a serem seguidos no empreendimento ao lado da DPZ Latin America, que havia sido contratada pela Pedra Branca em 2006 para orientar o processo de transição da Cidade Universitária Pedra Branca para a que viria se chamar Cidade Sustentável Pedra Branca e, mais tarde, Cidade Criativa Pedra Branca.
De acordo com Sílvia, a cada mês, um escritório apresentava seu projeto ao grupo e todos analisavam, discutiam, sugeriam alterações. “Era um laboratório urbano. Os arquitetos precisavam projetar o seu prédio, mas olhar o do ‘vizinho’, com olhar conjunto para garantir a qualidade do espaço público”, complementa Silvia. Todos participavam da discussão com o objetivo de melhorar o todo, em um aprendizado constante.
De acordo com os especialistas, os pilares a serem fundamentados eram: densidade equilibrada; conectada e sustentável; prioridade ao pedestre; uso misto; espaços públicos atraentes e seguros; e criativa e complexa. “Se quiséssemos empregar a maneira tradicional de desenvolvimento de projetos – na qual cada um vai para seu mundo estudar a solução da sua especialidade – jamais chegaríamos a um resultado satisfatório em tempo hábil”, esclarece Dilnei Bittencourt.
Após 14 anos daquela primeira Charrete, o grupo continua integrado. “Ainda seguimos interagindo, contribuindo. E o que transparece é que cada um dos que fizeram parte deste desenvolvimento tem o sentimento de pertencimento ao bairro, comprometimento com o futuro dele “, afirma o arquiteto Giovani Bonetti.
Hoje o bairro-cidade, que inovou o conceito de pensar a cidade, bairro ou empreendimento voltados para o convívio em comunidade, contempla uma população de 12 mil moradores, 8.000 trabalhadores e 7.000 estudantes.
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