Embora não seja muito esplanado quando se fala em gerenciamento de instituições é preciso esclarecer que há dois tipos de administração nas empresas: a gestão administrativa e a gestão financeira. Enquanto a gestão administrativa está interligada com todas as outras áreas, sendo responsável por ações como a elaboração de planejamento estratégico; a gestão financeira viabiliza todas as estratégias definidas e assegura o crescimento sustentável do negócio. Ou seja, apesar do sucesso das empresas estar diretamente ligado a uma gestão administrativa eficaz, a gestão financeira é fundamental para que seja bem executada.
A especialista em administração, finanças e gestão de valor, Tatise Argani Benite, esclarece que a gestão de riscos atua tanto na gestão administrativa quanto na financeira, pois trabalha para identificar as possíveis ameaças em um contexto de crise e as respostas para questões financeiras, jurídicas, trabalhistas, entre outras, que possam surgir em cenários hipotéticos.
Entre agosto e outubro de 2016 a Deloitte, uma das maiores empresas mundiais de auditoria e consultoria, conduziu uma Pesquisa de Gestão de Risco Empresarial com empresas do setor bancário norte-americano. No relatório final dessa pesquisa concluiu-se que 76% dos gestores de risco acreditavam que as empresas poderiam responder de maneira eficiente se uma grande emergência acontecesse ‘amanhã’, mas segundo Benite o resultado realmente impactante foi que menos da metade deles (49%) possuíam qualquer manual de conduta ou fizeram testes prévios baseados em cenários de emergência. “Considerando que os EUA possuem 4 dos 8 maiores bancos do mundo, segundo a The Banker, podemos facilmente afirmar que mesmo as maiores e mais sólidas empresas do mundo, não estavam preparadas para uma situação como a que enfrentamos em 2020 com a pandemia de COVID-19” afirma a especialista.
Segundo a definição ISO 31.000, a gestão de riscos eficaz possui, dentre outros, os seguintes princípios: ser sistemática, estruturada e oportuna além de ser transparente e inclusiva. Tatise esclarece que isso significa que ter um plano para gerenciamento de riscos não é tudo, pois se não for claramente estruturado por meio de manuais e/ou testes, transparente e inclusivo para toda a equipe, a empresa já estará mais perto do fracasso diante de uma crise.
“Apesar de ser muito mais difícil sair de uma crise, como a que estamos vivendo, sem o preparo necessário da gestão de riscos, ainda é possível minimizar as perdas se houver uma resposta rápida. A primeira atitude a ser feita é a formação de uma equipe de resposta a emergências. Essa equipe deve estar apta a fazer uma avaliação imediata e abrangente de todos os riscos e definir os objetivos a serem alcançados e garantir que as decisões possam ser tomadas o mais rápido o possível, levando sempre em consideração todos os aspectos da cadeia de produção da empresa: funcionários, governo, clientes, fornecedores e demais públicos” orienta Benite.
Analisando atual pandemia de COVID-19 apenas a sob a ótica econômica mundial, Renato Follador, consultor brasileiro especialista em finanças, afirmou que não existe na história recente outro evento que tenha causado uma recessão com um alcance tão amplo. Para ele, a recuperação econômica é inevitável, mas deve acontecer somente entre um ou dois anos após o fim da pandemia.
Levando em consideração o cenário previsto por Renato Follador, com distanciamento social por tempo ainda indefinido e previsão de recessão econômica mundial de aproximadamente mais dois anos, as equipes de gestão de risco devem se adequar para um cenário de médio (e possível longo) prazo. “Não há mais, nessa atual crise, espaço para soluções provisórias, muito pelo contrário, começamos a notar que algumas decisões tomadas em caráter de emergência devido a pandemia irão se tornar definitivas, como a gestão à distância” afirma Tatise.
Para a especialista a principal forma que muitas empresas encontraram para retomar as atividades durante a pandemia, foi com investimento em tecnologia que possibilitou a gestão à distância, automatizando os processos, integrando as informações, facilitando o relacionamento com os clientes e a comunicação interna, armazenando dados em nuvem e realizando a gestão financeira de maneira mais integrada e online. “Todo esse investimento garante uma gestão mais enxuta e uma produtividade mais dinâmica e veloz, garantindo não só o funcionamento da empresa mesmo em um momento de pandemia, mas o seu possível crescimento mesmo em um cenário de 2 anos de recessão”.
“É seguro afirmar que empresas que ainda estão apenas tentando sobreviver a uma crise passageira, podem estar com seus dias contados. É hora de rever os objetivos e planos de ação, investir em um novo modelo de gestão administrativa e financeira, buscando um aumento de produtividade para, então, se adaptar à possível nova realidade das empresas” finaliza Tatise.
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