Ser empresário no Brasil não é tarefa fácil. Uma série de entraves, tanto do ponto de vista trabalhista, como também tributário, sem contar os gargalos de infraestrutura, torna o dia a dia da condução dos negócios uma verdadeira corrida de obstáculos. Isso é extremamente grave quando se menciona as empresas varejistas. Só de carga tributária, é preciso alocar cerca de 27% do faturamento. Com a alta complexidade da legislação vigente, na qual são alteradas 46 normas todos os dias, a equipe contábil e financeira passa a ser um dos segmentos mais estratégicos para a sustentabilidade da companhia.
É nesse quesito que a tecnologia pode ser usada a favor. Embora os desafios do País sejam tremendos, há, por outro lado, um movimento de retomada de confiança que permite uma série de iniciativas dos empresários. O ecossistema tecnológico disponível hoje permite que os empresários deem passos iniciais em direção à inovação a custos baixos. Muito se discute sobre transformação digital, mas há ainda aqueles que não sabem bem o que isso significa na prática. Por trás desse conceito, que aparenta muitas vezes um processo complexo de implementação, está na verdade pequenos passos que o empresário pode adotar para aumentar a eficiência do negócio.
De acordo com uma pesquisa realizada no início deste ano pela Ancona Consultoria com 150 empresas de médio porte, que atuam em vários segmentos, apenas 32% deles acreditam que as companhias são eficazes e eficientes. Ainda segundo o levantamento, 89% afirmam que será necessário investir em tecnologia. Isso demonstra que os gestores compreendem que não é mais possível conduzir os negócios sem buscar ferramentas inovadoras e tecnológicas.
E eficiência passa diretamente por uma boa gestão financeira. O uso de plataformas tecnológicas que automatizem processos e consigam oferecer ao gestor uma visão geral do negócio é fundamental, sobretudo na detecção de áreas críticas na operação. A otimização permite que a empresa consiga reduzir estoques de materiais ou mercadorias excedentes, diminuir os prazos de recebimentos de vendas, além de realizar ações efetivas de cobrança e melhoria no crediário para reduzir os valores em atrasos com as vendas a prazo.
Outro ponto importante acontece na integração da operação com os parceiros de meios de pagamentos, como os bancos ou credenciadoras. Efetuar a chamada conciliação bancária e de cartões é fundamental para evitar perdas financeiras. Ter a visibilidade com a gestão do recebível impacta diretamente sobre o controle financeiro como um todo. Visualizar o fluxo de recebimentos futuros permite adequar e atender necessidades pontuais de caixa e ainda ter em mãos informações confiáveis parar auxiliar na tomada de decisão. E isso são algumas das principais ferramentas das quais todo administrador deve ter à disposição.
A computação em nuvem trouxe uma verdadeira revolução para aplicar modelos de gestão, uma vez que o baixo custo de implementação permite ao empresário alocar uma pequena parte da receita financeira da operação. A relação investimento/retorno (conhecido também como ROI) é considerável quando se observa a escala dos processos, tornando mais eficientes e consequentemente trazendo aumento da lucratividade dos serviços.
*Henrique Carbonell é sócio-fundador da Finanças 360º, empresa especializada em sistema de gestão financeira com conciliação automática de vendas por cartão para o pequeno e médio varejo. www.financas360.com.br