A teoria não demanda muitas explicações. Isolamento social, comércio presencial fechado, circulação restrita por espaços públicos, uns querendo comprar, outros precisando vender, e muitos canais de comunicação bloqueados entre as partes interessadas em fechar negócios. Naturalmente, num contexto como o atual, é de se esperar que a participação do comércio a distância no volume total de vendas cresça de forma substancial e consistente.
A questão se torna mais complexa, no entanto, quando são considerados os impactos do isolamento sobre a atividade econômica. Menos produção, menos vendas, demissões, redução do poder aquisitivo médio, ainda menos vendas… E pronto, está formado o círculo vicioso. A pergunta, portanto, passa a ser a seguinte: em valores absolutos, o aumento da participação do e-commerce no mercado será suficiente para compensar as perdas proporcionais à redução no volume total de vendas?
Eduardo Werner, CEO da Wx3, empresa pioneira do E-commerce 4.0 em território nacional, descreve um cenário surpreendente quando confrontado com este questionamento. “Naturalmente houve uma paralisação no início da quarentena, quando havia muitas incertezas e ninguém queria gastar dinheiro com qualquer coisa que não fosse de primeira necessidade. Mas na segunda quinzena de abril alguns de nossos clientes já estavam vendendo mais do que vendiam antes da covid-19. Batendo, inclusive, as vendas de Black Friday. Outros caíram muito, porque o momento é atípico e afeta setores diferentes de maneiras diferentes.”
“O setor da moda exemplifica bem esse tipo de diferença”, argumenta o empresário. “As vendas de moda praia, por exemplo, caíram drasticamente, como reflexo da quarentena. As vendas na moda fitness também caíram, embora de maneira menos acentuada, uma vez que as pessoas ainda se exercitam em casa, mesmo que estejam momentaneamente impedidas de frequentar academias. O segmento de roupas em geral, por sua vez, está registrando aumento de vendas entre nossos clientes, ao passo que a moda íntima duplicou o volume de vendas, é um mercado que está mais aquecido do que na Black Friday.”
Uns vendendo mais do que antes das medidas de isolamento, outros vendendo menos. Em um momento ainda tão atípico, com impactos tão distintos a setores específicos, já dá para extrair alguma conclusão a respeito de como a pandemia está alterando os hábitos de compras no Brasil e no mundo? Eduardo acredita que sim. “O que nossos números mostram com clareza é a solidificação definitiva do e-commerce. Se alguém ainda tinha alguma dúvida de que as vendas via internet são o caminho mais sensato para preservar a um só tempo os interesses da saúde e da economia, essas dúvidas não existem mais.
O empresário Igor Queiroz, sócio da Clube Íntima, é outro a ecoar essa percepção. “Além das características do setor da moda íntima e do aumento da demanda como efeito colateral à quarentena, também tenho visto alguns perfis de visão sobre o problema. Há pessoas que estão recuando diante das dificuldades, há os que estão aguardando o problema passar, e também os que estão de alguma forma buscando e testando alguma solução, dentro do possível. Nós adotamos a mentalidade inicial de focar em soluções, e isso nos tornou mais fortes. Temos enfrentado problemas para os quais não estávamos preparados, como a falta de embalagens e insumos básicos, material de escritório, restrições de matéria-prima, mas com um planejamento mais dinâmico e esse foco na busca por soluções temos conseguido nos reinventar. Não existe mais planejamento a longo prazo, a dinâmica do mercado mudou da noite para o dia.”
Ígor acrescenta que, no seu entendimento, as mudanças estão apenas começando. “A meu ver, o negócio agora é estar bem atento aos novos hábitos do cliente e conseguir fazer mudanças para se adaptar com muita velocidade. E claro, conservar o otimismo sempre, porque só com um olhar no todo e nos ajudando como sociedade sairemos mais fortes disso tudo”.
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