Indústria 4.0 – entidades testam novas tecnologia das fábricas do futuro.
As linhas de produção das indústrias não podem parar e a inovação deve levar à indústria 4.0.
Imagine o prejuízo para uma indústria que produz um carro a cada minuto interromper este processo para testar uma inovação?
Pensando nisso, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) lançaram edital para as chamadas “Fábricas do Futuro” (testbeds, no termo em inglês) com projetos para indústria 4.0.
O resultado final, publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (03.10), definiu as dez melhores propostas, que receberão R$ 300 mil cada.
Edital Fábricas do Futuro vai destinar R$ 3 milhões para empresas e instituições realizarem testbeds
O edital é parte do pacote de medidas da Agenda Brasileira para a Indústria 4.0 (http://industria40.gov.br), lançada em março.
A ideia da ABDI é estimular a inovação com a adoção de conceitos da indústria 4.0 na matriz produtiva brasileira, o que pode gerar uma economia de R$ 73 bilhões ao ano.
“Queremos criar informações sobre a adoção da tecnologia 4.0 na indústria nacional, para sabermos o impacto de cada real investido na cadeia produtiva.
Como garanto o ganho de produtividade?
Tenho que testar isso.
A gente quer ter uma plataforma para ajudar a indústria a adotar a tecnologia 4.0 da forma mais rápida e eficiente possível”, explica Guto Ferreira, presidente da ABDI.
Previsão do dinheiro liberado no fim do ano
O valor de R$ 3 milhões que será destinado pela ABDI, sendo metade dele liberado até o fim do ano, vai contemplar seis projetos de São Paulo, dois de Minas Gerais, um do Paraná e um do Rio Grande do Sul.
Foram selecionadas as seguintes entidades, na ordem de classificação:
Parque Tecnológico de São José dos Campos;
Politécnica da Universidade de São Paulo;
Universidade Federal de Uberlândia;
Universidade Tecnológica Federal do Paraná;
Metalsa;
Fundação Universidade do ABC;
Senai MG;
Embraer;
Assintecal;
Justino de Morais, irmãos.
Áreas de interesse
As instituições terão que aportar pelo menos 10% do valor do projeto como contrapartida financeira, podendo ser pago tanto em dinheiro, quanto em bens e serviços, como por exemplo, horas dispendidas por técnicos das empresas beneficiárias, horas técnicas dos membros da governança e disponibilização de espaços.
O edital estabeleceu as seguintes áreas de interesse para as propostas: desenvolvimento e conhecimento tecnológico;
Mecanismos de inserção e adoção de tecnologias;
Habilidades sistêmicas e formação educacional 4.0;
Teste e validação de modelos de fomento e financiamento para a adoção e geração de tecnologias para a indústria 4.0.
“São todos temas da estratégia governamental brasileira para o setor.
O objetivo é ter indicadores claros de desempenho e até poder gerar requisitos regulatórios, por exemplo, como de eficiência energética, indicadores de qualidade, otimização de capacidade instalada, tempo de processos e qualificação necessária”, enumera Bruno Jorge, coordenador de indústria 4.0 da ABDI.
O foco primordial foi na implantação de quatro tecnologias: montagem customizada; visão computacional e aprendizado de máquina aplicados no controle de qualidade; monitoramento de máquinas e inteligência artificial aplicados na produção e; manufatura aditiva.
Confira os projetos selecionados:
Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP):
A tecnologia de Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) será testada e avaliada em diversas aplicações de indústria 4.0.
A instituição propõe o monitoramento do parque de máquinas, cibersegurança, comunicação máquina a máquina como alguns dos temas a serem trabalhados no testbed.
Escola Politécnica de São Paulo – São Paulo (SP):
A Fábrica do Futuro 4.0 será um centro multidisciplinar, com atuação voltada para o desenvolvimento de soluções práticas para aumentar a competitividade da indústria e na disseminação de conhecimentos de manufatura avançada por meio de programas específicos.
Universidade Federal de Uberlândia (MG):
Sistemas de gestão de manufatura, realidade aumentada e visão computacional são algumas das tecnologias utilizadas por startups que irão participar do projeto.
O testbed irá gerar modelos de negócios para tecnologias como manufatura aditiva, materiais avançados, simulação de ambientes produtivos e inteligência artificial.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – Ponta Grossa (PR):
Será desenvolvida uma plataforma educacional digital para captar desafios da indústria e da sociedade. A ideia é estimular novas habilidades para os futuros profissionais.
A capacidade de ser replicada é um requisito da proposta que tem o intuito de romper fronteiras para aproximar os conceitos da Indústria 4.0 da educação universitária.
Metalsa – Osasco (SP):
O projeto pretende prever falhas e melhorar a qualidade das peças automotivas para tornar o processo mais competitivo e de fácil interpretação e tomada de decisão, somando assim o desenvolvimento de competências e auxiliando ao avanço tecnológico da indústria nacional, bem como a disseminação do novo processo para outras empresas do setor.
Universidade do ABC (UFABC) – Santo André (SP):
O objetivo é introduzir técnicas da indústria 4.0 sob a ótica da cultura lean, para eliminar desperdícios e identificar possíveis falhas.
Para isso a proposta inclui o desenvolvimento de um sistema de Manufatura Avançada, a criação de uma plataforma de experimentação que simule a escala de produção em um cenário real, além de difusão do conhecimento.
Senai – Belo Horizonte (MG):
A proposta é montar uma sequência de processos produtivos, totalmente integrados, que simula o funcionamento de uma fábrica real, e que pode evoluir de um modelo de produção de tipo tradicional para um modelo que implementa métodos e tecnologias da Indústria 4.0.
O objetivo é disponibilizar caminhos para inovação, desenvolvimento técnico e mão de obra especializada para indústria 4.0.
Embraer – São José dos Campos (SP):
Construção de um testbed para demonstrar a aplicação integrada das tecnologias de Robótica Colaborativa & Cooperativa, IoT, Computação em Nuvem, Visão Computacional e Wearable Devices em um processo complexo de Montagem de Estruturas Aeronáuticas.
Assitencal – Novo Hamburgo (RS):
O projeto tem como objetivo o suporte ao processo de desenvolvimento dos aplicativos para customização de calçados.
Seria possível testar o conforto dos calçados, prevendo as sucessivas mudanças durante o desenvolvimento do projeto diminuindo o tempo de manufatura.
Justino de Morais, irmãos (Jumil) – Batatais (SP):
A proposta consiste no desenvolvimento de uma plataforma digital para integrar dados e informações online que busca proporcionar uma melhor transparência da produção através de diversos indicadores como: paradas de produção, produtividade real, capacidade produtiva, horas trabalhada, índices de qualidade e eficiência dentre outros, utilizando tecnologia IoT.
Sobre a ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) surgiu no momento de retomada das políticas públicas de incentivo à indústria, em 2004, e se legitimou com órgão articulador dos diversos atores envolvidos na execução da política industrial brasileira.
Em mais de uma década de atuação, sob a supervisão do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), a ABDI é a agência de inteligência do governo federal para o setor produtivo e oferece à indústria completa estrutura para a construção de agendas de ações setoriais e para os avanços no ambiente institucional, regulatório e de inovação no Brasil, por meio da produção de estudos conjunturais, estratégicos e tecnológicos.