Home Palestras & Eventos TDC SP 2025: Empresas correm para adotar IA, mas ROI ainda é exceção

TDC SP 2025: Empresas correm para adotar IA, mas ROI ainda é exceção

por Paulo Fernandes Maciel

Empresas correm para adotar IA, mas ROI ainda é exceção, alerta Silvio Meira no TDC SP 2025

No palco do The Developer’s Conference TDC São Paulo 2025, Silvio Meira, Chief Scienti do TDS Company, chamou a atenção para um ponto sensível da corrida global em torno da inteligência artificial: embora quase todas as empresas já declarem utilizar IA em algum processo, poucas conseguem extrair valor real dessa tecnologia. “É surpreendente haver 5% de sucesso”, afirmou, em referência a estudos internacionais que mostram que a imensa maioria das iniciativas em IA falham em gerar resultados mensuráveis.

Meira destacou que a expectativa de retorno rápido contrasta com o tempo histórico necessário para a maturação de tecnologias de propósito geral. “O primeiro carro que realmente você podia botar na rua levou 30 anos para ficar pronto. Querem que a inteligência artificial dê retorno em três anos”, disse, reforçando que estamos em uma fase de aprendizado, de pilotos e erros, não de ganhos consistentes.

Cientista afirma no TDC SP 2025 que a adoção em massa de inteligência artificial nas empresas ainda gera baixo retorno e exige mudanças profundas na forma como líderes pensam estratégia e capacitam seus times

Para o cientista, a ansiedade por retorno imediato e a busca por “cases” de sucesso podem ser os maiores inimigos das empresas. “Não há cases prontos porque ninguém fez ainda. O maior risco é não correr risco”, afirmou, defendendo que líderes encarem a IA como um processo experimental, no qual falhas e correções rápidas são parte natural da curva de aprendizado.

TDC SP 2025

A conclusão, para Meira, é que a inteligência artificial não exige uma “estratégia de IA”, mas uma estratégia de negócios que incorpore IA de forma estrutural. “Rotinas transformaram pessoas em algoritmos. Esses ‘algoritmos humanos’ serão substituídos. O que resta é aprender a orquestrar inteligências — humana, social e artificial — em novos modelos de trabalho e decisão”, disse.

Esse descompasso se traduz em investimentos vultosos, mas pouco retorno estratégico. Dados apresentados por Meira apontam que até 98% das companhias já testam ou implementam soluções de IA, mas apenas 26% escalam projetos com impacto real nos negócios. “Estamos comprando IA como quem compra um Ferrari para uma rede de lanchonetes de bairro. Não faz sentido”, ironizou o cientista.

No debate com executivos no fórum do evento, ele introduziu também o conceito de MCP (Model Control Protocol), que descreveu como o “TCP/IP da inteligência artificial”. Para Meira, a maior parte das empresas sequer entende esse novo protocolo emergente, o que limita a capacidade de transformar adoção em valor. “Zero empresas aqui viraram MCP driven”, disse, sugerindo que ainda há um longo caminho até que organizações dominem a infraestrutura de IA como parte central de sua estratégia.

O papel da liderança na transição algorítmica


Se o retorno ainda é baixo, a responsabilidade pela mudança está nas mãos da liderança. “A primeira competência que os executivos têm que passar a ter para liderar essa transformação é pensar. Pensar envolve ler, entender fundamentos, experimentar hipóteses. Ou isso, ou morremos”, afirmou Meira no painel de perguntas abertas.

Segundo ele, não basta delegar a tarefa de implementação à área de tecnologia. A próxima etapa da gestão corporativa será escrever — ou supervisionar diretamente — os algoritmos que tomarão decisões dentro das empresas. “Escrever algoritmos de decisão não é fazer reunião com fornecedores. É compreender ecossistemas, competitividade e contexto estratégico”, disse, em um recado direto a CEOs e conselhos.

Esse movimento também redefine os times de tecnologia. Em sua visão, o futuro aponta para grupos menores, altamente especializados e organizados em torno de problemas concretos. “É preciso unificar tecnologia, inovação, marketing e estratégia no mesmo time. O modelo de empresas com TI isolada não tem futuro”, afirmou.

A crítica se estende ao próprio processo de formação. Meira voltou a defender a substituição da lógica de aulas expositivas e provas por metodologias como problem-based learning e challenge-based learning. “Aplicar provas resolve apenas a pergunta. O que precisamos é formar gente capaz de resolver problemas reais, em equipe, em rede”, disse.

Sobre o TDC


O TDC é o maior encontro de desenvolvedores de software do país e conecta profissionais de tecnologia, líderes de comunidades, palestrantes, empresas e patrocinadores, com o objetivo de abrir espaços para o desenvolvimento tecnológico de cada região onde é realizado. Anualmente, o evento conta com edições em cidades-chave para a comunidade de tecnologia brasileira, como Florianópolis (SC), Brasília (DF) e São Paulo (SP). Mais de 250.000 já participaram do TDC, sendo que 42% desses participantes possuíam mais de 10 anos de experiência profissional.

Você também pode gostar

Deixe um Comentário

Ao navegar neste site, você aceita os cookies que usamos para melhorar sua experiência. Aceito Mais informações