A tecnologia criará um modelo socialista mundial em no máximo 50 anos – onde não haverá mais dinheiro e nem empregos. Ou pelo menos é nisso que acreditam Paco Ragageles, CEO da Campus Party, e todos os demais organizadores do evento, que aconteceu nesta semana em São Paulo.
“No nosso modelo atual, o trabalho é um direito fundamental para as pessoas, garantido pelo artigo sexto da constituição”. Assim começou a palestra de Ragageles no primeiro dia de Campus Party Brasil, terça-feira, 26. Mas logo percebeu-se que ele não acredita mais tanto assim na necessidade de garantir este direito.
Com o tema Feel The Future, o evento, segundo ele, teve a missão de descobrir como agir quando a maior revolução de todos os tempos acontecer: a revolução que acabará com todos os empregos, todas as formas de monetização e, portanto, com o capitalismo.
“A revolução tecnológica, somada à revolução quântica, mudará absolutamente tudo. Todos os empregos serão extintos”, afirma o espanhol, que foi um dos fundadores do evento de tecnologia 19 anos atrás. Ele enumera: energia solar acabará com o setor que move 24% do PIB mundial; os robôs serão capazes de realizar quaisquer trabalhos manuais; as impressoras 3D poderão imprimir absolutamente tudo; os transportes serão autônomos.
A previsão não é animadora para quem se apega à ideia de trabalhar: “acreditamos que o limite para o mundo que conhecemos é 50 anos, e o que precisamos nos adaptar a isso se não quisermos viver em uma era do caos”, afirma o estudioso, que espera que essa adaptação parta, justamente, da iniciativa da Campus Party.
“Não precisa ser um problema”
“Eu acredito que será uma era de oportunidade”, acalma a plateia Paco. “Se as máquinas trabalham, os humanos exploram, investigam, aprendem, têm tempo para o prazer e diversões”, completa. “Não existirá mais o dinheiro, não precisa existir, e seremos mais humanos”.
O modelo apresentado só funciona em uma sociedade igualitária. “A riqueza gerada pelas máquinas deve ser distribuída igualmente por toda a sociedade. Todos terão acesso, e não só alguns”, afirma Paco, que não acredita que cargos políticos e de pesquisa também serão substituídos – só não serão empregos propriamente ditos, e sim uma forma de educação. “Educaremos nossos filhos não para perseguir o sucesso, mas sim para descobrir o que querem fazer, como ser felizes”.
Trabalho em equipe
A proposta da Campus Party é, portanto, criar uma rede de ideias aberta a qualquer um que queira participar e, a partir das palestras das próximas edições do evento, detectar conjuntamente onde e quando ocorrerão as transformações. “Assim poderemos juntos entender como devemos evoluir. Esse não é um trabalho meu, é nosso”, encerra Paco.
(Fonte: StartSE)