A digitalização da vida tem feito o inglês se tornar cada vez mais um instrumento indispensável de inclusão social, profissional e acadêmica. Se, por muito tempo, falar inglês era apenas um sinal de distinção cultural e um diferencial curricular, hoje se torna obrigatório para navegar no mundo hiperconectado da mídia social e disputar uma vaga de trabalho em empresas multinacionais.
O idioma também virou condição básica para ingressar numa universidade. Um levantamento realizado pelo jornal Folha de S.Paulo, em fevereiro deste ano, mostrou que o inglês é a maior barreira para estudantes de escolas públicas que realizam a prova do Enem, principal porta de entrada para o ensino superior. A partir de uma análise feita sobre os exames aplicados entre 2010 e 2019, o jornal constatou que a prova de inglês, embora represente apenas 3% do exame total, respondeu por 46% das questões que mais prejudicaram alunos da rede pública.
Isso porque o ensino da língua inglesa ainda é um privilégio de poucos. De acordo com pesquisa do British Council e do Instituto de Pesquisa Data Popular, divulgada em 2019, somente 5% da população brasileira fala inglês, e, desse grupo, apenas 1% é considerado fluente no idioma.
Nesse ambiente de desigualdade de acesso ao ensino do idioma, ações sociais paralelas ao Poder Público, movidas por instituições educacionais e organizações sem fins lucrativos, podem impactar diretamente a qualidade de vida de membros de comunidades carentes. É nesse contexto que se enquadra, por exemplo, um projeto em Paraisópolis desenvolvido pela Cultura Inglesa que oferece um programa de bolsas de estudos integrais para moradores do bairro periférico da capital paulista.
A iniciativa, lançada em abril de 2019, levou uma unidade da rede de ensino de inglês à região para disseminar o aprendizado do idioma e promover a inclusão social de jovens e adultos de baixa renda. Atualmente, a ação social beneficia cerca de 1000 alunos, todos bolsistas e residentes da comunidade local.
É o caso do ajudante de mecânico Guilherme Neves de Oliveira, 30, que se inscreveu no projeto em 2019. Ele conta que, graças à oportunidade de estudar inglês de graça, realizou um sonho de juventude: “Desde pequeno, sempre admirei o idioma nos filmes que assistia e também nos jogos de videogame. Não perdi a primeira oportunidade de estudar inglês de graça e ainda ao lado de casa”, diz. Embora admita que aprender inglês envolva tempo e dedicação, ele explica que já sentiu a evolução até aqui. “Eu consigo me expressar razoavelmente bem. Não sou mais aquela pessoa perdida no inglês, agora dá para me virar muito bem”, conclui.
Na escola de inglês de Paraisópolis também estuda a recepcionista Hellen Araújo Alves, 29, que começou seu curso um ano antes da pandemia de Covid-19. De olho na movimentação do mercado de trabalho, ela decidiu investir seu tempo em aulas de inglês para se destacar nas entrevistas de emprego. “Eu recebia muitas ofertas de vagas de trabalho que solicitavam inglês fluente ou, pelo menos, intermediário, e eu não podia me candidatar.” E completa: “Quando surgiu a oportunidade de uma bolsa de estudos integral, e ainda com a vantagem de ser ao lado de casa, eu não pensei duas vezes e agarrei essa oportunidade.”
Segundo Marcos Noll Barboza, CEO da Cultura Inglesa, o inglês é uma peça fundamental na inclusão e para reduzir as desigualdades sociais no país. “A educação segue sendo o principal pilar para o desenvolvimento econômico de uma sociedade e o inglês, nessa nova realidade, desponta como disciplina obrigatória para preparar nossos jovens para um mercado globalizado. Por isso, as instituições de ensino e organizações não governamentais devem fazer sua parte e contribuir para disseminar o conhecimento da língua para aqueles que mais necessitam e não têm condições de pagar por um curso especializado”, afirma.
Website: https://www.culturainglesa.com.br/