O programa de inclusão digital do governo de São Paulo, que completa 15 anos, registrou nos primeiros seis meses deste ano mais atendimentos pela rede sem fio do que em todo o ano passado
Um dos maiores programas de inclusão digital do país, o Acessa SP completa 15 anos neste mês e dá uma guinada para se manter na vanguarda da inclusão digital. Uma das iniciativas é a ampliação da rede WiFi, que começou a ser implantada em 2012 e está em processo de ampliação. Nos primeiros seis meses deste ano, o número de usuários da rede sem fio chegou a 727,780 mil, um crescimento de mais de 300%na comparação com igual período do ano passado, quando foram registrados 246,214 mil atendimentos (no ano de 2014, foram 658,340 mil). Esse aumento já é resultado da expansão do WiFi nos postos do Acessa SP no segundo semestre de 2014.
“O programa avançou e tem cumprido sua meta de inclusão, dando oportunidade a todos de acesso a Internet e aproximando o governo das comunidades. Mas a sociedade digital tem outras demandas e, agora, é preciso dar um passo a mais, focando no empreendedorismo e na discussão de um novo ambiente, com o uso de dispositivos sem fio para ampliar o conceito de inclusão digital”, comenta Julio Semeghini, titular da Subsecretaria de Tecnologia e Serviços ao Cidadão, unidade do governo responsável pelo Acessa SP e pelo Poupatempo.
Semeghini destaca que, por orientação do governador Geraldo Alckmin, o processo para ampliar o escopo do Acessa SP está sendo discutido com ONGs e especialistas da área para que o programa continue inovando e atenda as demandas da sociedade atual.
Criado em 2000, o Acessa SP adotou um modelo de parceria, com prefeituras e instituições estaduais. Hoje, são 850 postos em funcionamento, em 600 municípios do Estado, que somam mais de três milhões de pessoas cadastradas. O programa atende também zonas rurais no interior do Estado, com 37 postos em funcionamento, e mais recentemente, criou o Acessinha, espaço para crianças de 4 a 10 anos, com conteúdo educativo, videogame, smart TV, tablets e smartphones.
Nos seus 15 anos, o Acessa SP acumula nada menos que 81,5 milhões de atendimentos presenciais, pela rede fixa, e 1,6 milhão de atendimentos na rede WiFi, que já funciona em 177 dos 850 postos. Em 2012, quando começou a usar o acesso WiFi, registrou 11,5 mil atendimentos por meio dessa tecnologia. Em 2013, o número subiu para 265,3 mil; em 2014 foram 658,3 mil e a expectativa é que, até o final deste ano, 840 mil usuários possam se conectar a Internet pela rede WiFi do Acessa SP.
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Além de prover acesso gratuito à Internet, o Acessa SP desenvolve cursos de capacitação para os usuários, como os de robótica, ou de montar e fazer a manutenção de computadores, Libras (Língua Brasileira de Sinais) e mini cursos de idiomas, entre outros. Boa parte dos postos tem recursos de acessibilidade e algumas cidades desenvolvem cursos específicos para portadores de deficiência.
A capacitação dos mais de 1.200 monitores que trabalham nos postos é permanente e é realizada pela equipe da Prodesp – a empresa de tecnologia do Estado – que faz também a manutenção dos equipamentos instalados nos postos.
A gestão do programa é feita pela Escola do Futuro, da USP. Entre as atividades, a equipe realiza os Encontros Regionais, criados para a atualização e capacitação dos monitores. “Estes eventos são abertos para ONGs, associações comunitárias e outros representantes da sociedade. O objetivo é levar informação e incentivar o empreendedorismo local, por meio de uma parceria entre a sociedade e o Acessa SP”, explica Adilson Virno, coordenador do programa na Escola do Futuro.
Outra ação do Acessa SP que tem sido realizada com bons resultados é a Rede de Projetos. O objetivo é localizar nas comunidades onde o posto funciona associações de bairro, ONGs, pequenos empreendedores e criar os projetos, com o uso de tecnologias, para o desenvolvimento local.
Um exemplo é o projeto ‘Consultoras e Revendedoras Online”, desenvolvido pela monitora Rosana Cristina dos Santos, da cidade de Agudos. Ela ensinou as revendedoras de produtos das marcas Natura, Boticário, Avon e Jequiti a usarem a Internet para vender, comprar e divulgar seus produtos. Além de aumentar as vendas, essas profissionais aprenderam a fazer uma melhor gestão de seu negócio. E a monitora passou a ser procurada também por gerentes dessas marcas pedindo auxílio para ensinar a técnica para as revendedoras ainda não incluídas digitalmente. Aquelas que ainda não têm um computador, usam o posto do Acessa para realizar seu trabalho.
Em Marabá Paulista, a monitora Elizângela Souza transformou o posto do Acessa SP numa extensão do ensino. Instalado na Secretaria de Educação, o Acessa SP de Marabá tem um espaço dedicado aos portadores de deficiência visual e auditiva. “Praticamente 99% dos usuários eram leigos em informática e tinham dificuldade de aprendizado na escola. Com computadores e programas adaptados, essas pessoas começaram a descobrir o mundo de outra forma, a se interessar por cursos online”, relata Elizângela.
Além da inclusão de deficientes, o Acessa SP de Marabá é usado por estudantes que fazem curso de inglês online e por professores da rede pública de ensino, que utilizam os equipamentos para capacitação EAD (Ensino a Distância).
Outro posto que se transformou num local de serviços públicos foi o de Ribeirão Grande. O monitor Edil Queiroz de Araújo desenvolveu um curso para ensinar alunos da ETEC de Capão Bonito a construir, no modelo colaborativo, um mapa virtual da região para colocar a pequena cidade na rota do turismo. “A região tem um passado histórico e minha ideia foi usar ferramentas livres para mapear pontos históricos e criar um mapa virtual para incentivar a cultura e o turismo”, explica Araújo.
Em outra frente, a monitora Ana Luiza Xavier desenvolveu dois projetos no posto do Acessa SP de Ilha Solteira que beneficiaram comunidades locais. Um, para mulheres de assentamentos rurais e, o outro, para jovens que vivem em áreas de vulnerabilidade social. E já inicia um terceiro, usando o conceito de crowdfundingpara sua execução. Neste caso, a iniciativa é para reformar a pa daria do assentamento Santa Maria da Lagoa. A exemplo dos projetos anteriores, Ana Luiza foi em busca de parceiros. Conseguiu o apoio da Alicerce, empresa júnior da Engenharia Civil da Unesp, para elaborar o projeto da reforma, que será colocado por ela na plataforma de financiamento coletivo Catarse.