A catarata responde por 49% dos casos de cegueira no Brasil, segundo o último censo do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), realizado em 2019. A doença é caracterizada pela perda de transparência do cristalino, lente natural cuja função é propiciar o foco da visão em diferentes distâncias. O único tratamento é cirúrgico, no entanto, o procedimento é um dos mais seguros e eficazes da atualidade.
Neste mês, foi lançada no Brasil uma nova lente intraocular multifocal para catarata que traz evolução na qualidade da visão de longe, perto e intermediária. Produzida pelo laboratório americano Alcon, uma das principais vantagens da lente AcrySof IQ Vivity é que ela não divide a luz, consequentemente não tem perda de contraste, o que garante excelente acuidade visual diurna e noturna. Além disso, pode ser utilizada em alguns casos de catarata congênita em crianças acima de seis anos de idade.
O oftalmologista Francisco Porfírio, especialista em cirurgia de catarata e refrativa e presidente da Sociedade Brasiliense de Oftalmologia (SBrO), já realizou o implante de 30 lentes Vivity. “Os resultados foram supreendentes. Por utilizar 100% da energia luminosa e tecnologia x-wave, esta nova lente substitui o cristalino danificado e corrige a presbiopia oferecendo alta qualidade para a visão à distância e intermédia, e uma visão funcional de perto”, explica o médico.
Aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a lente é indicada para pacientes com catarata que desejam restabelecer a acuidade visual e se ver livres dos óculos. Cerca de 94% dos pacientes que utilizam a lente se tornam totalmente independentes dos óculos e os demais reduzem substancialmente a dependência do objeto. É contraindicada para portadores de algumas doenças, como Degeneração Macular Relacionada à Idade em estágio avançado, ou por intercorrências no pré-operatório.
Pode ser implantada em um ou nos dois olhos. “Há casos em que eu coloco a lente nos dois olhos e outros em que eu coloco somente em um e no outro uma lente específica para a visão de perto. A escolha depende do diagnóstico do paciente”, esclarece Porfírio, que já realizou quase 40 mil cirurgias de catarata.
O procedimento é feito com anestesia local, não causa dor e dura em média dez minutos. O paciente tem alta cerca de 30 minutos depois e o pós-operatório é tranquilo, com rápida recuperação.
O professor Renato Bernardini realizou o implante ocular em um dos olhos com a lente Vivity. “Dos meus 63 anos de vida passei 61 usando óculos e depois da cirurgia não precisei mais, agora enxergo tudo maravilhosamente bem. Sem dúvida foi um ganho não só em qualidade de visão, mas de vida”, esclarece Bernardini, apontando que ele possui óculos de apoio para ser utilizado apenas em casos em que a letra é muito pequena.
O tipo mais comum é a catarata senil, ou seja, o envelhecimento natural do cristalino ao longo da vida. Há ainda a catarata congênita, na qual o bebê já nasce com a patologia (forma mais rara) e causas secundárias como o uso crônico de corticoide, diabetes, uveítes (inflamação intraocular), doenças metabólicas, traumas e exposição excessiva à radiação ultravioleta.