Futurecom se encerra nesta quinta, 20, em São Paulo
São Paulo, 19 de outubro de 2016 – Em pesquisa realizada pelo DATAFOLHA, encomendada pela IEEE, maior organização global dedicada aos avanços da tecnologia para o benefício da humanidade, 36% da população brasileira pede a implantação de câmeras de monitoramento integradas às centrais de polícia, para garantir segurança pública, como melhor contribuição da tecnologia para o desenvolvimento urbano. O assunto foi debatido em painel pelos membros sênior da IEEE, Cyro Boccuzzi e Raul Colcher, durante a Futurecom, que se encerra nesta quinta-feira. O Instituto Datafolha realizou ampla pesquisa nacional para descobrir dos brasileiros quais soluções tecnológicas são consideradas as mais importantes para suas cidades. Foram apresentadas 10 opções de tecnologia e ouvidas mais de 2 mil pessoas, de 130 municípios de diferentes portes, em 4 regiões do país.
Semáforos inteligentes e acessibilidade/apoio a deficientes físicos nos meios de transporte públicos praticamente empataram em segundo lugar, com índices bem menores (15% e 14%, respectivamente). Em terceiro lugar, os entrevistados citaram internet sem fio em ruas e praças e o monitoramento de tráfego urbano em tempo real (ambos com 8%), seguidos de interação dos usuários com serviços de transporte público (7%), veículos elétricos (4%), identificação automática de veículos e instalação de sensores em postes de iluminação (ambos com 3%) e sistemas inteligentes para cobrança de passagens (2%).
O painel teve como objetivo explicar os principais usos da tecnologia em prol da melhoria da vida urbana, além de apontar novas tendências que estão sendo desenvolvidas atualmente, como as redes inteligentes de energia. Um dos principais temas abordados foi redes inteligentes – as chamadas smart grids. Na avaliação de Cyro Boccuzzi, também CEO da consultoria ECOEE, “as redes inteligentes são a base fundamental da sociedade do século 21, uma vez que nada funciona sem energia: precisamos de um serviço confiável para manter segurança e conforto elementares, como pegar um elevador ou pagar uma conta com cartão de crédito. Empresas brasileiras vêm fazendo investimentos significativos na área de automação de subestações e redes e de tecnologia de comunicação e informação. E os consumidores brasileiros já começaram a adotar sistemas próprios de geração de energia, cujos preços estão caindo vertiginosamente no mercado internacional”.
Para Raul Colcher, CEO da consultoria Questera, “a implementação e uso de smart grids se encontram em fase inicial no Brasil, mas já existem investimentos privados representativos para o desenvolvimento e certificação de medidores inteligentes, que são dispositivos essenciais à viabilização das redes inteligentes de distribuição”. Porém, segundo aponta Boccuzzi, “ainda há a necessidade de regulamentar as tarifas inteligentes, que sinalizam adequadamente os custos de capacidade e congestionamento de redes. “Elas são a base de mudança do comportamento das pessoas para que haja o consumo consciente de energia; e, para sua implantação progressiva, as concessionárias ainda precisam fazer investimentos significativos, pois é preciso integrar essa geração distribuída ao seu sistema de forma eficiente. Ainda, haverá a necessidade de investimentos em medição inteligente”, ressaltou.
Melhoria da iluminação pública – Outro desafio do futuro urbano é fornecer iluminação pública eficiente para as cidades. Para Boccuzzi, o Brasil tem uma grande oportunidade de implementar iluminação a LED, tecnologia madura e com bom custo-benefício. Entretanto os municípios, legalmente responsáveis pela gestão e expansão do serviço de iluminação pública, enfrentam restrições orçamentárias e exigências de
investimento em outras áreas, como saúde, transporte, segurança e educação. Além disso, as regras de contratação do serviço público são bastante morosas e complicadas. “A saída tem sido, cada vez mais, a busca de parceiros privados para a operação e modernização destes serviços que, em função de sua granulosidade e presença no meio urbano, têm a vocação natural de ser a porta de entrada para a conectividade, podendo, assim, viabilizar uma grande melhoria nos demais serviços públicos, como transporte, segurança, saúde e outros”, afirmou.
E Colcher destacou um aspecto importante: “Quando se fala de iluminação pública, é importante ter em conta o papel que esses sistemas podem desempenhar no contexto das chamadas cidades inteligentes. O poste de iluminação, por ser um elemento de mobiliário urbano bem presente em todas as partes, também pode servir para ancorar sistemas vitais para a implementação de outras tecnologias essenciais, como, por exemplo, a de redes de acesso de dados (WiFi), postos de acesso à informação sobre transportes públicos ou difusão de câmeras de vídeo para monitoramento em centros de supervisão e controle e/ou apoio à segurança pública”.
O futuro das energias renováveis – Energias renováveis também são componente fundamental do futuro e, segundo Boccuzzi, o Brasil tem a mais bem-sucedida trajetória na área, possuindo a matriz elétrica mais limpa do mundo, construída à base de hidroeletricidade, além de também ter-se destacado em outras áreas de renováveis, como o álcool automotivo, a geração por biomassa, a energia eólica e mais recentemente a solar. “Certamente permaneceremos na vanguarda destas energias, por causa das dimensões e diversidades regionais do País e o extenso potencial existente para a sua exploração em base econômica”, prevê. O grande desafio dos próximos anos, porém, será rever o modelo econômico das concessões para integrar estas fontes distribuídas aos sistemas existentes. “Isso exigirá investimentos das companhias de distribuição e transmissão em sistemas de controles e equipamentos que preparem os sistemas atuais para a nova realidade, uma vez que foram projetados para operar de modo unidirecional. E o crescimento de pontos de injeção de renováveis no nível dos consumidores, de modo granular, trará a inevitável necessidade de gerenciamento dinâmico e situacional de fluxos de potencia e da carga, de modo harmonioso”, sugeriu Boccuzzi.