Em 2040, um smartphone poderá conter 500 bilhões de músicas, 350 milhões de arquivos de jornais ou 30 mil anos de cinema, e os dados viajarão 3 milhões de vezes mais rápido do que hoje, prevê o guru japonês das telecomunicações Masayoshi Son.
Estes prognósticos foram transmitidos pelo fundador e presidente do grupo de telecomunicações SoftBank nesta terça-feira ao grupo de especialistas que recebeu a incumbência do governo japonês de preparar o futuro tecnológico para depois de 2020.
Son é considerado um visionário. Ele faz questão de cultivar essa imagem em cada uma de suas aparições públicas, que costumam ser consideradas brilhantes, apesar do culto que faz à própria personalidade.
Graças aos enormes investimentos feitos pelas operadoras e à concorrência que cria um forte efeito de emulação, “o Japão está no pelotão de frente no campo da telefonia móvel, com 39 milhões de assinantes dos serviços celulares LTE” no fim de 2013. Quase um terço possui tecnologia conhecida como 4G, indicou ele nesta terça-feira.
Mas os esforços não devem decair porque é preciso se preparar para o aumento exponencial do tráfego nas redes móveis, que podem se multiplicar por 1.000 em dez anos no Japão, apesar do envelhecimento e da diminuição da população.
Masayoshi Son destaca que as atividades dos serviços que exploram de forma combinada informação de diversas origens (denominada geralmente de “big data”) poderia gerar um enorme mercado para o Japão, em campos como a gestão de recursos energéticos, transportes, medicina, agricultura, prevenção de acidentes e organização de recursos ou inclusive a publicada e o lazer.
“No entanto, são necessárias regras”, diz Son, já que o “big data” lembra muito o “big brother”. “É preciso garantir a segurança e a tranquilidade dos usuários, enquanto se promove o bom uso dos dados, sejam geográficos, pessoais, que provenham das redes sociais, das câmaras de segurança, computadores, telefones ou captores de todo tipo”, insistiu.
– Tecnologias e concorrência –
Son também é da da opinião de que 100% da população deveria ter acesso à internet por fibra óptica (FTTH), um objetivo difícil de alcançar.
Só a metade dos clientes que, teoricamente, poderia ter acesso (98% da população japonesa) não fez nada para assinar, nem mesmo a concorrência, fonte de emulação, que não está suficientemente desenvolvida para tornar as ofertas mais atraentes.
“É preciso oferecer fibra óptica ao preço da ADSL (banda larga), é possível”, diz Son.
Este defensor da concorrência, multimilionário e orgulhoso disso, quer tornar sua empresa a número um do mundo (daí a compra da americana Sprint e o interesse pela T-Mobile US), mas também quer que o Japão se destaque pelos avanços técnicos em nível mundial como o fez no passado.
“Há cinquenta anos, Tóquio sediou os Jogos Olímpicos. Era a época de alto crescimento, da TV a cores, do ar condicionado doméstico, do carro individual”, lembra. O Japão se posicionava como segunda potência econômica mundial, graças à construção de infraestruturas viárias, ferroviárias, aéreas e urbanas de ponta.
“Em 2020, Tóquio receberá novamente os Jogos Olímpicos, mas o país é apenas a 3º economia mundial”, atrás de Estados Unidos e China, lamenta.
Para se recuperar, deve se apoiar em outra infraestrutura essencial: as tecnologias de informação e comunicação (TIC).