Com a pandemia da Covid-19 as empresas e os trabalhadores passaram por fortes mudanças para continuar no mercado, segundo o relatório do McKinsey Global, empresa de consultoria de gestão. O relatório estimou que em alguns países desenvolvidos, até o ano de 2030, mais de 100 milhões de trabalhadores terão de encontrar novas ocupações mais qualificadas, 25% a mais do que projetavam antes da pandemia. Embora o estudo não sugira mudanças dramáticas no caso da Índia, não descartam necessidades de mudanças consideráveis nos países subdesenvolvidos, como o Brasil.
Na história da humanidade, os indivíduos pertencentes a uma sociedade sempre foram seres adaptáveis e evolutivos, e trazendo isso para o ambiente organizacional das empresas é percebida a mesma destreza, informa Vinicius de Souza Salvato, graduado no curso de administração de empresas pela Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE. “As empresas nessa pandemia passaram por mudanças que as permitiram não parar de produzir, vender, entregar, etc. Porque disso dependia sua sobrevivência e ainda ajudaria a nossa frágil economia brasileira a não entrar em colapso. As mudanças vieram e continuarão no pós-pandemia”, declara Vinicius.
Entre as mudanças provocadas pela pandemia, relata o administrador de empresas, que é consultor de negócios com foco em análise operacional e financeira, houve uma aceleração das transformações que estavam em cursos lentos nas organizações como a digitalização, muitas investiram em novas tecnologias e inovações. E explica que a dinâmica do trabalho mudou do espaço físico à flexibilização de novas formas de trabalho.
Segundo Salvato, a nova realidade do isolamento social exigido para evitar a contaminação do vírus, além de mudar a forma de trabalho, também, aumentou o distanciamento humano, as pessoas estão cada vez mais voltadas a trabalhos on-line, como home office e videoconferências. “Nós, seres humanos, somos seres relacionais que precisamos de contato pessoal e de interação. Na cultura brasileira esse contato humano é muito forte. Gostamos de abraçar, de se tocar, de interagir de perto, e isso tudo foi interrompido abruptamente, e está causando muitos transtornos”, diz Vinicius, com experiência desenvolvida nas áreas de negócios, comercial, tecnologia, gestão de equipe e gestão de pessoas.
Conforme o administrador de empresas, as organizações estão se adaptando e buscando soluções para produtos e serviços, e algumas estão esquecendo-se de fazer a adaptação humana para os trabalhadores. “Apesar dos esforços não tenho observado nada tão relevante no Brasil em relação ao capital mais valioso da empresa, o capital humano. O que tem sido feito pelo capital humano? Como está a gestão de pessoas nas empresas? Os processos de desenvolvimento dessas pessoas nas empresas? Aqueles que estavam em treinamento para novos cargos, ainda continuam sendo acompanhados?”, lembra Salvato, com experiência na elaboração de planejamento estratégico, planejamento orçamentário e plano de negócios corporativos, principalmente relacionados à expansão e à conquista de novos mercados, novos produtos e serviços.
O relatório do McKinsey Global Institute estimou que a tendência para o mundo após a pandemia é a continuação do distanciamento social e a utilização cada vez mais da automação, do aumento do trabalho remoto, da redução da densidade em centros urbanos e uma maior consolidação empresarial. Tal consolidação, em decorrência do domínio crescente de firmas grandes em consequência das falências de empresas menores e mais vulneráveis.
“Ao analisarmos os cinco pilares da gestão de pessoas (motivação, comunicação, trabalho em equipe, conhecimento/competência e treinamento/desenvolvimento), é nítido que três necessitam de uma maior atenção (motivação, trabalho em equipe e treinamento/desenvolvimento). Assim, não podemos negar a necessidade de buscarmos uma solução para esse tema. Estamos nesse momento da história e precisamos evoluir em todos os setores e deixarmos nossa colaboração, porque mesmo quando o cenário mudar as mudanças permanecerão. E se tudo for feito, no futuro alguns olharão e dirão como foi que conseguirmos”, finaliza de Souza Salvato.