Pentacampeã brasileira de triathlon, entre 1993 e 1997, Suzana Schnarndorf foi diagnosticada com MSA, múltipla atrofia dos sistemas, em 2005, doença que vai paralisando os músculos do corpo, incluindo pulmão e coração. O que poderia ser o fim para ela, foi o início de um novo capítulo. Fez da natação paralímpica uma aliada para tentar combater a doença e foi aí que começou uma incrível jornada de conquistas. Em 2012, em Londres, foi quarta colocada nos 100m peito e quinta nos 200m medley. No ano seguinte, foi campeã mundial nos 100m peito. No Rio, em 2016, conquistou a prata no 4x50m livre misto.
Na entrevista abaixo, a atleta do Time Nissan, que ocupa atualmente o 2º lugar no ranking mundial em sua categoria (SM4), fala sobre desafios, expectativas para sua terceira participação no maior evento esportivo do mundo, além de planos pós Japão.
Susana é a terceira atleta paralímpica da série de entrevistas com os integrantes do Time Nissan nesta reta final para as competições internacionais do outro lado do mundo. Criado em 2012 com objetivo de apoiar o esporte brasileiro, o grupo mescla atletas em diferentes momentos de carreira, de nomes já consagrados a jovens promessas, sendo seis olímpicos e seis paralímpicos.
Confira:
Com você acha que será essa sua terceira experiência no maior evento esportivo do mundo?
Acredito que minha terceira participação vai ser perfeita, porque sei como é, tenho experiência em competir em grandes eventos e tudo isso vai me ajudar muito. Fazendo um retrospecto, cada uma delas foi diferente. Londres teve a emoção de ser a primeira, eu estava realizando meu sonho. Quando descobri minha doença, os médicos diziam que eu não ia conseguir sobreviver muito tempo e, alguns meses depois, eu estava ali competindo nas paralimpíadas! Em 2016, já foi outro sentimento, de estar com a minha família, ter na arquibancada as pessoas que eu amo gritando meu nome. Foi incrível! Já em Tóquio tenho certeza que vai ser diferente, pelos efeitos da pandemia, pelo adiamento da competição, mas eu embarco já sabendo como é uma grande competição e em busca de mais uma medalha.
Quais são seus maiores desafios e como sua experiência pode contar a seu favor?
Meu maior desafio é meu corpo. Eu nunca sei como vou acordar, às vezes acordo mais travada, às vezes com menos coordenação motora, às vezes com muita falta de ar. Então, eu preciso aprender a lidar com isso, pois não sou a mesma pessoa fisicamente todos os dias. Tenho que estar preparada, se no dia da competição eu acordar travada, com espasmos, tenho que saber como lidar com isso. Esse é meu maior desafio desde que fiquei doente. Contudo, tenho 11 anos de experiência no esporte paralímpico e, ano após ano, estou conseguindo me manter competitiva. Atualmente, por exemplo, estou em 2º lugar no ranking mundial na minha categoria (SM4), isso é muito favorável para mim.
Você tem planos para depois das paralimpíadas? Planeja continuar competindo?
Engraçado, todo mundo me pergunta isso. Você vai parar agora? Só porque sou uma pessoa mais experiente (risos). Para mim a idade é só um número. Na verdade, ela está na nossa cabeça. Tem um livro da Dara Torres, uma nadadora americana que competiu até mais de 40 anos, e lá tem uma fala dela que eu me identifico muito: “Posso me sentir velha quando me chamam de tia, quando vejo minhas rugas no rosto, mas quando coloco minha touca e meu óculos, sinto como se tivesse 15 anos ainda. A água não quer saber que idade você tem, só quer saber o quanto você treina”. Então, eu não só vou para o Japão como também para as paralimpíadas na França em 2024! É um ciclo curto, de apenas três e eu vou continuar treinando muito para partir para cima. Quem sabe eu não serei a nadadora mais velha da seleção brasileira lá? Vou continuar treinando firme e forte. Ano que vem tem Mundial na Ilha da Madeira, em Portugal. Em 2023, tem Parapan no Chile. E, em 2024, eu estarei na França, se Deus quiser!
Time Nissan
O Time Nissan foi criado em 2012 pela empresa para colaborar com a formação de atletas brasileiros. O grupo mescla atletas em diferentes momentos de carreira, de nomes já consagrados a jovens promessas, sendo que todos eles compartilham com a Nissan valores e atitudes como atrevimento, busca pela melhoria constante, respeito ao próximo, superação e pensamento de vencedor.
Em 2017, o projeto teve uma evolução: o Time Nissan 2.0. Ele é formado por 11 atletas de nove modalidades esportivas e pelo mentor Clodoaldo Silva, lenda do esporte com 14 medalhas em Jogos Paralímpicos. A Nissan entende que os integrantes do projeto têm a estrutura e o acompanhamento de técnicos e especialistas para o treinamento, então, a empresa visa apoiar o crescimento profissional do lado de fora da área de competição e também a evolução pessoal de cada um.
Este grupo reafirma um dos principais pilares da empresa, que é a diversidade. A equipe se divide em seis atletas olímpicos e seis paralímpicos – incluindo o mentor –sendo seis homens e seis mulheres. O equilíbrio entre atletas com e sem deficiência reforça também o foco da Nissan em garantir mobilidade para todos.
Faltando menos de 10 dias para as competições internacionais do Japão, os atletas do Time Nissan seguem focados para defender as cores do Brasil e da Nissan do outro lado do mundo. Quatro dos cinco atletas paralímpicos da Nissan em atividade estão classificados para o evento em solo nipônico.
Breve perfil:
Susana Schnarndorf (Natação Paralímpica)
Nascimento: 12 de outubro de 1967 (53 anos)
Cidade: Porto Alegre (RS)
Principais conquistas: Prata no 4x50m livre misto nos Jogos Paralímpicos Rio 2016; Campeã mundial nos 100m peito (2013); 2º lugar no ranking mundial (categoria SM4 – julho).
Mais informações sobre Susana:
https://brazil.nissannews.com/pt-BR/releases/release-4ec6c8cebc164c12945b8eee389847ff-susana-ribeiro