A mineira Eletrosom, uma das 15 maiores varejistas do Brasil, tornou-se a primeira rede de eletroeletrônico de grande porte a pedir recuperação judicial neste ano.
Dona de 184 lojas, receita líquida de R$ 924 milhões e 3 mil funcionários, ela entrou com o pedido no Tribunal de Justiça da Comarca de Catalão em Goiás.
De acordo com o documento, o grupo passa por dificuldades financeiras em razão da “elevada taxa de juros do mercado, aumento de índices inflacionários, quadro recessivo com crise sistêmica e parceira empresarial desastrosa do Espírito Santo.”
O juiz Antenor Eustáquio Borges Assunção deferiu o pedido e deu prazo de 60 dias para que a empresa apresentasse o plano de recuperação judicial, bem com a lista dos credores, com valores e classificação de cada crédito.
Estima-se que, apenas com fornecedores para suas lojas, a Eletrosom tenha uma dívida superior a R$ 200 milhões, segundo cálculos de uma fonte do setor eletroeletrônico, que tem créditos a receber da rede varejista mineira.
A Eletrosom foi fundada em 1980, em Monte Carmelo, a 108 quilômetros de Uberlândia (MG), por Natal Acir Rosa, um ex-funcionário que comprou a loja onde trabalha, dando como pagamento um Fusca 74.
A estratégia de Natal, como ele é chamado, foi crescer em cidades com menos de 50 mil habitantes, para evitar a concorrência com grandes redes. Hoje, a Eletrosom está presente sete Estados brasileiros e o Distrito Federal.
Em 2010, Natal e seu irmão Antônio traçaram um plano de abrir capital e conseguiram registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários – cancelada em junho deste ano, pouco antes da recuperação judicial. A abertura de capital, no entanto, nunca aconteceu.
O varejo brasileiro passa por um ano extremamente difícil. Nos primeiros seis meses de 2015, o comércio acumula queda de 2,2%, a maior baixa para o período desde 2003, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As grandes redes de eletroeletrônicos brasileiras estão sentindo os efeitos da desaceleração do consumo. A ViaVarejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, do grupo Pão de Açúcar, exemplifica as dificuldades vividas pelo setor.
Sua receita líquida caiu 11,5% no primeiro semestre de 2015, quando somaram R$ 9,7 bilhões. As ações da companhia acumulam queda de 80,4% neste ano na BM&FBovespa.
A rede Magazine Luiza, segunda maior rede varejista brasileira, também enfrenta queda de 5,4% na sua receita líquida nos seis primeiros meses de ano. Seus papeis caíram 75,9% neste ano.
A Máquina de Vendas, que não tem capital aberto, contratou o ex-presidente do Pão de Açúcar, Enéas Pestana, para ajudá-lo em uma reestruturação, cuja busca em ganhar sinergias com as diversas empresas compradas e aumentar a rentabilidade.
A reportagem não encontrou porta-vozes da Eletrosom para comentar o assunto.
Fonte: IstoÉ Dinheiro