As tradicionais imagens de longas filas nas portas de lojas e shoppings e de consumidores disputando produtos entre as prateleiras podem frustrar quem se baseia nelas para avaliar o sucesso das vendas na Black Friday. Importada do calendário norte-americano, a última sexta-feira de novembro já é uma das principais datas do varejo no Brasil. Na verdade, também quem considerar apenas as compras realizadas no dia 27, terá uma fotografia parcial do resultado.
Isso porque as promoções começaram muito antes da sexta-feira e, em muitos casos, continuarão. Semana da Black Friday e Black november são sinais de que o varejo se preparou para tirar proveito da data e recuperar as vendas que ficaram reprimidas desde o início do surto de covid-19.
As compras da Black Friday neste ano de pandemia se darão majoritariamente no meio digital. O movimento que atestará o resultado nas vendas será o tráfego na internet e o de empresas de transporte responsáveis pela entrega dos produtos das redes de varejo.
Desde janeiro, 135 mil empresas que, até então, só tinham lojas físicas, entraram no varejo digital, de acordo com pesquisa do movimento Compre&Confie, em parceria com a Associação Brasileira do Comércio Eletrônico – ABComm. O faturamento do varejo nos canais digitais aumentou quase 60% de janeiro a agosto deste ano, comparado ao mesmo período de 2019. O aumento foi resultado das medidas de distanciamento social e do fechamento temporário de lojas físicas, com as medidas para combater a pandemia.
Migrar para o digital passou a ser um imperativo para o varejo, assim como as empresas tiveram que adotar o trabalho remoto a toque de caixa. Esse processo vai muito além da simples adoção de tecnologia ou de uma solução de venda digital. É preciso oferecer plataformas integradas, site, aplicativo, e-commerce e demais canais devem operar de forma conectada e complementar para que a experiência de compra e a percepção de marca seja exatamente a mesma.
Novos consumidores e personalização na venda
O processo de migração do varejo físico para o digital inclui a adoção de algoritmos de inteligência artificial. Com eles, é possível mapear e analisar dados, identificando hábitos e preferências e prevendo o comportamento dos consumidores. E, assim, fazendo aparecer na tela ofertas cada vez mais personalizadas.
As pesquisas indicam que o crescimento do comércio digital foi impulsionado também pela entrada de novos perfis de clientes. São pessoas que não tinham o hábito de fazer compras online. Nesse grupo, se destacam indivíduos com mais de 60 anos e consumidores das classes C e D, que não tinham acesso à internet.
Para atender esses novos clientes, os varejistas investiram na ampliação e na diversificação de formas de pagamento e na criação de robôs, os bots, para esclarecer dúvidas e dar informações gerais sobre os produtos e o processo de compra. Conectividade, segurança e um eficiente serviço de entrega completam o checklist do varejo.
O aumento das pesquisas nos buscadores e agregadores de descontos para identificar promoções e comparar preços dos produtos é um bom indicador da demanda. Os varejistas que investiram na migração e em melhorias de seus canais digitais são os que mais se beneficiarão do aumento de cerca de 30% nas vendas, previsto pela Ebit Nielsen, para a Black Friday 2020.