A Embraer criou uma nova startup para continuar o projeto do veículo elétrico de decolagem e pouso vertical (eVTOL) e serviços associados. O eVTOL já passou por testes iniciais em simuladores e a previsão é lançá-lo ainda nesta década. A nova empresa, batizada Eve, ficou incubada por quase quatro anos na EmbraerX, está desenvolvendo um portfólio completo de soluções em mobilidade aérea urbana. A EmbraerX integra o Uber Elevate (projeto de transporte aéreo compartilhado e acessível da Uber) desde 2017.
Não há dúvida de que nas próximas décadas terá uma grande transformação nos meios de transporte e soluções de mobilidade aérea urbana (Urban Air Mobility – UAM) são as mais promissoras.
Paris, que, segundo estudo da McKinsey, que analisou 80 indicadores de modais de transporte em 24 grandes cidades, é a segunda classificada atrás somente de Singapura, lançou seu primeiro táxi aéreo elétrico. Em fase de testes nos arredores da cidade, o VoloCity deve estrear nas Olimpíadas de Paris, em 2024. A capital francesa tem um dos sistemas de transporte mais desenvolvidos, com opções voltadas principalmente para pedestres e ciclistas e já possui infraestrutura muito desenvolvida para o transporte não motorizado.
Produzido pela startup alemã Volocopter, o VoloCity é o primeiro eVTOL a obter licença comercial e promete reduzir a poluição e o congestionamento de tráfego em áreas urbanas. Com capacidade para transportar duas pessoas, o piloto e um passageiro, ele tem autonomia para viagens curtas de até 35 quilômetros. A startup chinesa Ehang também está fazendo testes de voos autônomos com drones para transporte de passageiros e cargas. A diferença, nesse caso, é que são veículos autônomos.
A Europa concentra a maioria das cidades com melhor mobilidade, onde a maior parte da população utiliza transporte coletivo, oferecem opções boas e seguras para pedestres e são bem integradas regional e internacionalmente com redes aéreas e ferroviárias. Fora da Europa, Singapura ocupa o primeiro lugar em diversas avaliações, principalmente, pelo foco no tráfego voltado para o futuro, com o primeiro sistema ferroviário automatizado e estradas planejadas para veículos autônomos. É importante, porém, considerar seu tamanho e a consequente complexidade frente às grandes áreas urbanas de cidades como São Paulo, Cidade do México, Moscou e Pequim, para citar algumas.
Mas o desafio da mobilidade urbana possui níveis muito distintos no mundo, fazendo com que as diferenças sejam enormes e algumas soluções estejam longe da realidade. As cidades brasileiras, por exemplo, estão muito atrás, mesmo entre outras metrópoles sul-americanas, no que diz respeito à mobilidade de pedestres.
Segundo um levantamento do Pedestrians First – ITPD, menos da metade da população das principais capitais do país consegue acessar serviços de saúde e educação a pé em uma distância de até um quilômetro. E menos de 20% das cidades possuem infraestrutura cicloviária próxima a estações de trens e metrô, sem falar no grande predomínio do transporte individual. Grande parte dos municípios sequer possui sistema de transporte coletivo e, em muitos dos que o possuem, as opções são limitadas. Num estudo que avaliou o custo e o tempo necessários para o deslocamento diário de casa para o trabalho em 74 cidades no mundo, sete das oito capitais brasileiras avaliadas ficaram entre as 20 últimas classificações.
A evolução da tecnologia está possibilitando soluções que irão revolucionar a logística urbana e melhorar a qualidade de vida das pessoas trazendo benefícios para as cidades. No entanto, a desigualdade de condições econômicas e sociais, não só entre países, mas também entre as cidades e a população de um mesmo país, fazem com que opções como os veículos de mobilidade urbana aérea pareçam ainda um filme de ficção científica para muitos.
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