Quando se diz que o mundo será profundamente transformado pela pandemia de coronavírus que atingiu este marcante no ano de 2020, essa afirmação não se refere apenas a áreas mais imediatamente associadas aos cuidados com a saúde. Daqui a muitos anos, esta época será lembrada como um período difícil, de temor e sofrimento, mas que vai acabar propiciando grandes mudanças nos modos de vida. Embora muitas delas ainda precisem de tempo para amadurecer, e só se revelem aos poucos, já é possível afirmar concretamente que o trabalho remoto, ou home office, como é bastante comum dizer, veio para ficar.
As grandes empresas reuniam há algum tempo condições suficientes para propor aos seus funcionários exercer parte das atividades a partir de suas casas, mas ainda faltava uma experiência que comprovasse a efetividade dessa medida. Os gestores temiam que a produtividade no ambiente doméstico pudesse de alguma maneira ficar comprometida, e ainda que, de alguma maneira, fosse perdida a agilidade para os contatos que ajudam a resolver questões imprevistas. De todo modo, parece que – mesmo pelos piores motivos, o surgimento de uma doença tão ameaçadora – essa experiência foi acelerada, e de um modo geral tanto as empresas como os colaboradores a aprovaram.
Isso é o que revela uma pesquisa feita pela consultoria Cushman & Wakefield com 122 executivos de multinacionais que atuam no Brasil. O resultado foi avassalador. Dos entrevistados, 85% enxergam mais vantagens do que desvantagens no trabalho remoto e nada menos do que 73% das empresas pretendem adotar em alguma medida o home office depois da pandemia. Apenas 2,5% dos entrevistados consideraram a experiência como “totalmente negativa”. A pesquisa identificou ainda que 29,5% das empresas avaliam que, adotando o trabalho remoto, poderão se desfazer de escritórios grandes e se mudar para locais menores, aliviando custos.
São realmente números impressionantes, que parecem confirmar uma tendência que já estava se instaurando, mas foi precipitada pela necessidade urgente do isolamento social. Certamente, nem todos os ramos de atividade terão o mesmo resultado com o trabalho remoto. E ainda é preciso verificar como os colaboradores reagirão depois de um tempo mais prolongado sem o convívio físico com os colegas, passando mais tempo no convívio íntimo com a família ou na solidão de um pequeno apartamento. De qualquer forma, os resultados da pesquisa indicam com muita clareza o início de uma nova era nas relações de trabalho, intermediadas pela tecnologia.
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