O ano de 2020 foi desafiador para a saúde e para a tecnologia. O mundo está vivendo em uma grande pandemia, em esfera global, que há muito já era esperada dentro do campo da saúde. Hoje, grande parte do mundo começa a ser vacinada, e com a sensacional marca de um ano de projeto. A colaboração é a chave para esse recorde. A OMS criou uma plataforma global para o compartilhamento de informações sobre pesquisas, testes e novas descobertas relacionadas a vacinas. A ideia é dispor de uma base para reunir dados, já publicados ou não, e protocolos que possibilitem ampliar o conhecimento sobre o novo coronavírus e outras doenças.
Há meses, desde que ficou configurada a pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem se empenhado em atrair governos, instituições de ensino e pesquisa, fundações e o setor privado para essa iniciativa. A entidade, que reúne 194 países-membros, e tem como objetivo melhorar as condições de saúde em todo o mundo, talvez tenha sido uma das primeiras a perceber a importância do trabalho conjunto e colaborativo para controlar a pandemia.
O desenvolvimento e a aprovação de mais de uma vacina menos de um ano após o vírus da covid-19 ser isolado e sequenciado foi um feito impressionante para a ciência mundial. E o principal motivo para esse resultado surpreendente foi a colaboração. A união em torno de um único objetivo e a troca de informações, também sem precedentes, entre milhares de cientistas, pesquisadores, profissionais da área médica, empresários e governantes, foi o que possibilitou fazer em meses um processo que em geral leva anos.
A ciência, em seus mais diversos processos, tem uma série de etapas e procedimentos a serem cumpridos. Em geral, o tempo médio para o desenvolvimento de um novo medicamento ou tratamento é de dez anos. E, muitas vezes, depois de alguns anos de pesquisas e testes, pode se provar ineficaz.
A surpreendente velocidade no desenvolvimento da vacina contra a covid-19 se beneficiou, além de bilhões em investimento, do fato da sociedade estar inserida em um mundo mais interconectado do que nunca. Com a digitalização, cruzar fronteiras geográficas ou mesmo políticas, reunir pessoas ou enviar informações para qualquer lugar no mundo é uma questão de segundos. Nunca foi tão fácil compartilhar conhecimento, científico ou não, e dados para que seja possível superar desafios globais e complexos.
Ciência Aberta
O desenvolvimento da cultura digital e a possibilidade que ela traz de fazer com que as pesquisas ultrapassem as paredes dos laboratórios é a base da chamada Ciência Aberta.
O conceito, que se originou na comunidade científica e ganha cada vez mais adeptos, propõe tornar mais transparente e inclusivo o processo científico por meio do acesso irrestrito a dados, métodos e evidências.
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – Unesco colocou a proposta em audiência pública no ano passado e deve ser aprovada pelos 193 países-membros em sua assembleia no fim deste ano. Para a entidade, a Ciência Aberta é uma “verdadeira virada de jogo”: ao tornar a informação amplamente disponível, ela permite que mais pessoas se beneficiem da inovação científica e tecnológica.
A colaboração e o compartilhamento de dados podem também ser a chave para o novo desafio global que se desenha: as mutações do novo coronavírus. A identificação das novas variações do SARS-CoV-2 e a eficácia das vacinas na transmissão do vírus precisam ser avaliadas nas mais diferentes populações para que se possa desenvolver a próxima geração de vacinas.