Com a retomada das atividades presenciais, empresas e trabalhadores buscam definir qual será o modelo de trabalho daqui por diante. Algumas corporações reduziram seus escritórios e já não têm espaço físico suficiente para reunir todos os seus colaboradores ao mesmo tempo.
Desde o início da pandemia da COVID-19, todos tiveram que se adaptar ao novo contexto. Empresas que nunca haviam planejado trabalhar remotamente tiveram que colocar seus funcionários online. E as que planejavam ou estavam iniciando esta transição, as chamadas remote-friendly, tiveram que acelerar seus planos. O que aconteceu foi uma corrida em busca de ferramentas e soluções para replicar escritórios físicos em salas de reuniões virtuais.
O home office se tornou sinônimo de trabalho remoto, já que as pessoas estavam confinadas em suas casas. Mas o significado de “remoto” está assumindo um significado diferente do que tinha dois anos atrás. Há um novo modelo se estabelecendo no mundo: o do colaborador que nunca irá à empresa. Até porque muitas delas já não tem mais instalações físicas. É o que é chamado de trabalho distribuído ou descentralizado, do inglês distributed work.
Neste modelo, as empresas não possuem sede física ou escritórios e sua força de trabalho é distribuída em qualquer lugar do mundo. A comunicação é geralmente assíncrona e os colaboradores talvez nunca conheçam uns aos outros. Um modelo que tem duas principais vantagens: uma força de trabalho verdadeiramente diversa, com pessoas de diferentes países, culturas e realidades, e funcionamento ininterrupto, 24 horas por dia. Segundo um estudo da McKinsey&Company, as empresas com maior diversidade de gênero em suas equipes são 21% mais propensas a ter lucratividade acima da média do que demais e as étnicas e culturalmente mais diversas, 35% a mais.
Transparência, a confiança e a autonomia: os pilares do trabalho distribuído
Uma das empresas consideradas referência no trabalho distribuído é a Automattic, proprietária do WordPress, o software de código aberto para criação de sites e blogs, que começou com uma postagem no blog. Desde sua criação, 16 anos antes da pandemia, sua força de trabalho, que hoje tem 1.700 pessoas, é totalmente remota e distribuída.
A transparência, a confiança e a autonomia dos trabalhadores aparecem como um dos grandes pilares na operação de uma empresa distribuída. Outro fator importante é a segurança da informação, pois o acesso aos dados da empresa é global em variados dispositivos e pontos de acesso, tornando a gestão de riscos um ponto fundamental. Somado a isso temos o aspecto regulatório e legal.
Um dos países mais avançados neste sentido é a Estônia que passou por uma grande transformação digital e de desburocratização, visando atrair novas empresas e profissionais. O país do norte da Europa oferece o e-Residency, um serviço de residência eletrônica que possibilita criar e gerir empresas de forma totalmente remota.
Ao que tudo indica, a sociedade está diante de uma nova mudança nas relações de trabalho que deve dar origem a uma regulamentação global de direitos trabalhistas.